Bem Vindo às Cousas
Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :
domingo, 4 de outubro de 2009
Resquícios do estio numas crónicas outonais
A saudade é um estado de alma que nem sempre é motivado pela ausência de alguém. Por vezes, sente-se a falta de “alguas cousas”, mesmo que isso soe a paradoxo quando a falta é resultado do anormal prolongamento da estação que deveria ter terminado em Setembro. Circular, por esta altura, em terras macedenses, artilhado de calções, t-shirt e chinelos de dedo, faz-me sentir como que possuído por alguma espécie de anormalidade. Isto se atender à experiência em período homólogo do ano transacto, quando me vi forçado pelo termómetro a inaugurar a época dos “strafogueiros”. Independentemente de ser um tendencioso no que às temperaturas baixas diz respeito, não me parece saudável esta ausência de frio e chuva. Hão-de vir os juros deste prolongado empréstimo do Verão… Até lá, goze-se o fim-de-semana como se de um período estival se tratasse… Não se pense, porém, que esta ausência de tempo outonal é sinónimo de noite quentes. Mas também não o é de noites frias. É, tão só, o equivalente a uma brisa mais fresca que desertifica as esplanadas que pontificam nas artérias macedenses. Estranha-se a quase ausência de vida nocturna, com os resistentes da saída pós-jantar a recolherem-se ao aconchego do interior dos cafés. Ontem, após o repasto nocturno, vagueei pelo Jardim e ruas circundantes e senti-me só. As cadeiras exteriores do mítico “Flórida” limitavam-se a reflectir os tons alaranjados da iluminação pública. Aqui e ali, via-se um restrito e isolado grupo de jovens em preparativos para a euforia nocturna. Na Praça dos Segadores o silêncio pautava as conversas dos habituais frequentadores mumificados por obra da estatuária. O escasso movimento automóvel fazia suspeitar de uma entrada profunda na madrugada. Mas eram apenas 22h30… Resolvi aproximar-me do jogo de luzes que coloriu as águas da Maria da Fonte. Havia sinais de vida… Através da dança aquática dos peixes que por lá moram, despreocupados com a cidade fantasma que existe para lá do seu universo de água e luzes. Regressei ao meu albergue macedense, absorvido por pensamentos saudosistas e tomado por algum torpor nostálgico. Foi efémera esta viagem a um passado que me parece cada vez mais distante. Afinal, esta ausência de vida talvez não passe da habitual normalidade de sempre e eu esteja apenas a dificultar a deglutição da inevitável passagem dos anos. Há vida para lá das memórias do “Charlot”, do “White Horse” e da “Roll”… Existe a família, a leitura, a escrita e um incomensurável conjunto de tesouros por descobrir. E existem as “Cousas”, também… Como amigo invisível que toma visibilidade nas horas em que a invisibilidade humana toma forma. Um deambular pelas incursões históricas de Mattoso acalmou-me o espírito inquieto, despertando, em simultâneo, a irrequieta vontade de percorrer os trilhos da história, da cultura e do turismo macedenses. O dia de Sábado será uma jornada familiar às memórias guardadas pelo testemunho de pedras esparsas que, um dia, se organizaram para desenhar habitações e muralhas de antepassados. Será também uma redescoberta dos vestígios de tegulae que sarapintam o solo semeado de abandono. E de respostas às repetidas questões colocadas pelas mentes curiosas da descendência. Um dia de revivescência de modos de vida onde a bolota era, pelos registos, mais que um elemento decorativo dos Quercus. A verdade é que um pequeno contratempo matinal alterou a rota prevista para Sábado, levando-nos a Podence. A proximidade do Azibo mais não fez que antecipar a realização da já há muito prometida mostra dos trilhos pedestres que ainda não tinham sido objecto das pegadas dos mais novos. Apesar do tempo quase estival, não fossem uns turistas de ocasião, o Azibo pareceria um deserto rodeado de água. Foi anormalmente saborosa a sensação de nos sentirmos os senhores de tão grande espaço. Gradualmente, o cansaço e o calor retiveram a vontade de exploração e exortaram-nos à aventura do reconforto do estômago. Retemperadas as forças com mais um desfile de miminhos da avó e tratado o protocolo das visitas familiares, especialmente pela inauguração de atenções ao novo afilhado, foi hora de investir o espírito aventureiro em mais uma subida à Terronha. A miudagem ganhou-lhe o gosto e, por mais que lhes explique que já não haverá muito para descobrir por entre o matagal que vai tomando conta do espaço, insistem em embrenhar-se pelos encantos da história. Há sempre mais uma pedra que poderá ser a descoberta arqueológica do século… Hoje tivemos a companhia de mais dois exploradores que nunca tinham experimentado a sensação de ver Pinhovelo noutra perspectiva. No final, porque a lua já despontava no horizonte, foi enriquecedora a noção de que, afinal, quatro infanto-adolescentes pretendiam permanecer mais tempo, achando interessante andar a olhar para edifícios apagados pelo tempo, guardiães de segredos que querem desvendar a todo o custo, questionando acerca do povo que terá habitado aquela “aldeia perdida”. Por entre perguntas mais pertinentes, surgem as que arrancam, inevitavelmente, sorrisos. Como aquela em que fui confrontado com a dúvida sobre onde se localizariam as casas de banho… Ou porque é que aquelas casas caíram e as nossas se mantêm em pé… Surpreendente é verificar que, para um conjunto de jovens, pode haver mundo para lá das Playstation ou do MSN. Hoje tive uma prova inquestionável… Até porque, confrontado com a dúvida sobre se haveria mais “aldeias abandonadas” no concelho, e enumerando algumas, fui desafiado, quase compulsivamente, a mostrar-lhes Banrezes. Pode ser que amanhã tenha paciência… Depois de uma visita à Feira de Podence para adquirir uns queijinhos de que já me falaram. E depois de hoje ter presenteado os sentidos com a inevitável visita à minha aldeia de estimação, para o tradicional jantar de Sábado em casa do Compadre. Há coisas fantásticas, não há?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
7 comentários:
Afinal não houve café!.
Bem, essas alheiras estão com óptimo aspecto!
Descobri-o por acaso. Tenho passado por cá para ler com gosto estas "Cousas de Macedo".
Bom resto de fim-de-semana. :)
É verdade que não houve café. Mas, como tenho consciência que, num dia, decorrem 24 horas, não arriscaria um horário sem combinação prévia. Como a mesma não existiu, parti do princípio que o Martim andaria por Aljubarrota e não nas cercanias do Campo do Pereiro...
O horário (de inverno) da sala-museu de arqueologia é das 14 às 17horas de 4ª-feira a Domingo, estando aberto, por marcação prévia (hora e dia). Portanto é só dizer.
Voltarei às origens dia 6.
Pois é, mas eu não tenho propriamente perfil de paraquedista. Teria sido um prazer o café tomado na companhia de tão ilustre figura da história macedense, mas não arriscaria uma incursão a Salselas sem a certeza de que a mesma se encontraria presente. Como o único contacto é por esta via... Surgirão mais oportunidades...
Nunca o tomei por paraquedista, antes pelo contrário, com os pés bem assentes na terra.
Talvez não tenha lido atentamente os meus comentários, pois, estava claro que passei dois dias à sua espera, com o café servido. É fácil contactar comigo, basta fazer o contacto pelo site da Associação Terras Quentes, que não tem os comentários acessíveis.
Mantenho um enorme prazer em poder conversar consigo e com os seus infanto-adolescentes sobre a história e arqueologia Macedense.
Em comentário anterior referi a última sessão das noites com o património para o próximo dia 22, estava errado será no dia 15, dia que voltarei a Macedo.
Quando fiz menção a desportista-radical, referia-me ao facto de não gostar de aparecer sem hora combinada, ainda que os dias o estivessem. Para lá disso, há um pormenor (ou "pormaior") importante: só existe um interlocutor nas Cousas... Na ATQ não se passará o mesmo... Isto é, parece-me demasiadamente impessoal sugerir um horário para um café através de um site institucional. Para lá do contacto do mail das Cousas, não coloco qualquer entrave em facultar um mais directo, desde que não por esta via. Dessa forma, não haverá "misunderstandigs" futuros. Deve ser por ter os pés assentes na terra que funciono desta forma...
Enviar um comentário