Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







domingo, 25 de novembro de 2012

Pelas bandas da terra das "Cousas"










Talvez há uns anos o programa não fosse apelativo. Em recuados tempos, ouvir a banda seria sinónimo de retrogradação, antítese para evoluídas mentes, avultariam desejos de sons que se sobrepusessem às "modinhas" que os bisavós aproveitavam para se aproximar de oposto sexo. Com o advento das tecnologias, em festa que fosse festa eram obrigatórios abundanciais decibeis debitados pela "aparelhaige" ou, apanágio de fartas terras, "bô, bô, er'ó cunjunto". Recordo com agradável nostalgia os preparativos para a subida ao coreto, difusos acordes abafados pela debandada geral em direcção à taberna... Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, lá o dizia o poeta de gloriosos cantos. 
O cartaz anunciava o "Concerto de Natal" da Associação Filarmónica do Brinço e da Banda 25 de Março. A um mês da noite de todos os encantos, espírito natalício em estágio de pré-época, artimanhas de progenitor, convence-se a prole a companhia fazer, salutar caminhada pelo escasso frio nocturno em direccção ao Centro Cultural, ameaças não concretizadas de aquáticos derrames da abóbada decorada a tons de cinza. Em cima da hora, como convém, debandada familiar pelas artérias da "vila", não haveria de estar o auditório de lotação esgotada. E não estava! Mas estava quase... Macedo - e arredores - sairam à rua e, contingências da anomalia, fomos em degredo para a fila K, lá bem perto das saídas, assuma-se o positivo de estar na "pole-position" quando o espectáculo terminasse. E, bem vistas as coisas, sempre houve permissão para, contas de cabeça à antiga moda, verificar que os assentos continham qualquer coisa que ia para lá de um cento de homólogas. Inflado ego pela adesão da conterraneidade, ouvem-se as últimas afinações nos bastidores, aguarda-se pacientemente pela entrada dos intérpretes enquanto se trocam algumas impressões com a descendência, apenas para passar o tempo e lhe acicatar o espírito. 
Primeiros aplausos! Clarinetes para um lado, saxofones para outro, flautas para aqui, os trombones para ali, ficam na retaguarda as percussões, venha o mestre e siga a banda! Bem cá no âmago, digladia-se o orgulho com a "proa", vencem ambos a contenda, eleva-se uma pontinha de emoção. Afinal, naquele iluminado palco, perfila-se a Banda de Lamas, terra do coração, gente que me acolhe como se fosse efectivamente deles, até a genética por lá tem marca, ao fundo, dando ritmo aos acordes em tons estranhamente latinos. "Atão num m'habia d'intcher de proa?"...
O reportório inflama-me o espírito, os pés não sossegam enquanto a sala se enche com uma atmosfera de sonoridades latinas, inusitadas danças e contradanças ao ritmo de salsa ou cha-cha-cha. Aplaudo, se aplaudo! Depois, arrepia-se-me a alma, percebem os receptores auditivos inusuais acordes para uma filarmónica, mas que raio, isto soa-me a familiar! Retrocesso na descrença, é mesmo um "medley" de temas da banda de Carlos Moisés!
Quase sem dar por isso, desafinada voz abafada pelos metais e pela percussão, vou alegremente cantarolando o "Se te amo", "Quando eu era pequenino" ou o incontornável "Os filhos da nação", dos Quinta do Bill. Nesta altura, quebra-se a apatia, responde o público ao som de acompanhamento de palmas, apoteótico momento antes da despedida. Pausa na emoção, esvazia-se o palco, aproveita-se a deixa para uma conveniente reposição nicotínica. Há-de a Banda do Brinço iluminar de novo a silenciosa sala. Paulatinamente, vão entrando os músicos, ovacionados enquanto se acomodam nos seus lugares. Breve apresentação, avolumam-se outros ritmos na sala, menos ousados, mas não de menor qualidade. Obras em cinco andamentos, a roçar a perfeição, calmas, bastante calmas, fugaz melancolia, por vezes, na agradabilidade de inolvidáveis momentos. Compreensíveis coisas da genética e do apego, absorvo a profusão de ritmos da Banda do Brinço sem o "ruído" causado pela emoção anterior. Mais frio, menos emocional... Por fim, ecoa uma marcha militar, intensa, profunda. Sentem-se os genes a fervilhar, solta-se um acompanhamento de palmas ao ritmo da marcha, olha, orgulhoso, o "mestre" para a audiência, ter-lhes-á despertado uma qualquer intensidade escondida. Finaliza uma noite, a repetir, seguramente, haja mais eventos semelhantes. Provada ficou a qualidade do que se vai fazendo por "Terras de Cavaleiros". Provado ficou, ainda, que afinal há gente por essas mesmas"Terras", contrariando viperinos tons da desertificação. E, para o próximo Sábado será a vez da Orquestra do Norte. Lá procurarei estar, de novo... E hoje, despertei ao som de foguetes... É dia de Festa na Santa Catarina...