Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Pequenas homenagens


Na minha memória de infância cabem uma série de figuras típicas macedenses. Umas mais que outras, é certo... Não deixo de recordar, com algum sorriso de menino de permeio, o "Charula", o "Mudo", o "Licha", o "Naita", a "Cobrinha"... Entre outros... Mas o que me traz aqui com este rol de recordações é a notícia que, na passada semana, me informava que uma idosa de 80 anos tinha sido atropelada no Largo Manuel Pinto de Azevedo. Infelizmente, a dita idosa acabou por falecer, vítima do mencionado acidente. Pouca gente a conheceria, estava instalada na resignação de um lar, não possuía descendência nem actos relevantes que a transformassem num ícone macedense. Mas, para este Cavaleiro Andante, era a Lucília. Simplesmente, a Lucília, ex-vizinha de muitos anos... Na última época natalícia tinha estado com os meus pirralhos e tinha-me mandado muitos beijinhos, manifestando o desejo de me rever. Fiquei de tal forma sensibilizado que havia prometido a mim mesmo que numa próxima ida a Macedo lhe faria uma visita. Contingências da vida... Já não o poderei fazer... E já não voltarei a ter as moedas de "25 paus" que a Lucília me dava quando ia à Chenop pagar-lhe a luz. Ou quando lhe fazia companhia nos velhos tempos em que a cabine telefónica em frente à farmácia Central era um elo de ligação com o mundo exterior. E também não me voltarei a revoltar porque os gatos dela devoravam os meus pintaínhos...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Mascaradas

Gaius Suetonius Tranquillus, ao relatar as Saturnálias Romanas, menciona a forma como aos participantes, entre os quais escravos, lhes era permitido dizer as verdades inconvenientes aos seus senhores, bem como chegar ao extremo de os ridicularizar publicamente. Na abrangência destas festas de carácter hedonístico, onde se honrava Saturno, o deus romano da agricultura, era colocada em prática uma das ideias que, diziam, o mesmo pregava, ou seja, a igualdade entre todos os homens. Pelos vistos, encontramos reminiscências de hipocrisia social em tempos longínquos... Este culto agrário, com eco em tempos anteriores, desde as festas em honra de Dionísio na antiga Grécia até aos cultos pagãos celtas como o Beltane ou o oposto Samhain, celebrando os solstícios e a fertilidade, pode ser considerado o "facanito" ancestral das manifestações ritualizadas que ocorrem, por estes dias, em Podence. Talvez, como antigamente, se celebre o triunfo da luz sobre a escuridão... O que hoje parece desconhecer-se é de que lado está a luz e de que lado estará a escuridão... Esta parece ter-se dissipado um pouco por meados dos anos 70 quando, numa abordagem antropológica sem precedentes, Noémia Delgado resolveu realizar "Máscaras". Talvez tenha despertado uma tradição adormecida... Como para mim já é bastante a máscara que uso durante todo o ano, o "carne vale" ou o "carne levamen" não representa o início de uma pausa de 40 dias relativamente aos excessos cometidos durante o ano e muito menos a abstinência de carne. Sou mais virado "prá tchitcha" e ponto... Nesse aspecto, devo ter ascendência dos Teutões e sou mais adepto dos seus "carrus navalis" e das diversões a eles associadas...Mesmo que não metam subidas até à minha varanda... "Tamém", não tinha salpicões e chouriços para dar... "Bota lá um copo" e longa vida aos Caretos e às tradições transmontanas!

Carnabalices

Ou um regresso ao tempo em que ainda gostava do Carnaval... Eram tempos em que o Carnaval, com a pausa de uns dias nas actividades escolares, representava o alheamento de Macedo para uma incursão a Lamas e, consequentemente, à casa da avó e dos tios. Hoje já não direi o mesmo, mas o butelo e o chouriço da língua que se comiam, acompanhados de casulas secas, geralmente, no dia de Carnaval, eram um massacre para quem apreciava mais, por essa altura, bifes e batatas fritas. Em alternativa, ou se marfava uma ranchada ou uma feijoada. Verdade seja dita que, nos dias de hoje, bem trocava os ditos bifes por qualquer uma das iguarias relatadas. Mais interessante que o repasto era a possibilidade de, juntamente com os meus primos, nos vestirmos de "madamas", fosse lá o que isso quisesse dizer. Com um bocado de sorte, para lá dos farrapos arrancados a ferros dos baús antigos, ainda se tinha direito a uma máscara bizarra, apertada com um elástico que fazia as orelhas gemer de arrepios. E podia-se encher um saco com farelos ou "bulharacos" e atirá-los aos transeuntes desprevenidos. Ou atirar com "estourotes" para assustar. A modernidade trouxe as pistolas de água e, com elas, o direito a levar um valente piparote por ter molhado quem não devia. Para lá das manifestações infantis, uma houve que, pelo seu sentido burlesco, me marcou. Desconhecedor, enquanto rapazote, das mais profundas tradições aldeãs, pela calada da noite, acompanhei um grupo de galfarros (e galfarras...) que se aprestavam para presentear a vizinhança com as "cacadas". Por ter percebido mal a coisa, confundi um "c" com um "g" e intrigado fiquei pela forma como iria aquele grupo silencioso distribuir os produtos de "arrear o calhau". Confesso que fiquei desiludido, por um lado, e aliviado, por outro, quando percebi que a ditas "cagadas" eram, afinal, "cacadas" e que provinham de cacos e não de desperdícios fisiológicos... Ufa!...

Cousas carna"b"alescas


No Carnaval, ninguém leva a mal... Por isso mesmo, posso dizer o que bem me aprouver sobre a palhaçada que representa tal data. Nada me move contra as tradições. Pelo contrário, as associadas ao "introitus", ou Entrudo (na sonoridade da minha terra, In'trudu) como gosto de o ouvir chamar, representam para este macedense e transmontano uma forma mais de manter viva a secularidade de rituais muito próprios, apenas com paralelos na vizinha província de Zamora. E porque me atrevo a apelidar o Carnaval de palhaçada? Simplesmente porque o mesmo representa uma trégua hipócrita de três dias. Senão, vejamos... No decorrer desses mesmos dias, pode gozar-se sem limitações com a "engenheirice" (ou pseudo) do nosso "primeiro", que isso não dá direito a processos judiciais por difamação. Pode transformar-se o ministro Teixeira dos Santos num dinossauro devorador de euros sem as consequências previstas na lei. É permitido fazer todas as rábulas com os helicópteros do INEM acerca da Sra. Ministra Ana Jorge, que não há-de saltar nenhuma hélice que nos atinja. Podemos até atirar com uns tomates, ou batatas, ou seja lá o produto agrícola que for contra o Dr. Jaime Silva que, no máximo, apenas nos será apresentada a conta da lavandaria... Podemos, inclusive, expor as "banholas" que a alimentação fast-food nos faculta, sem corrermos o risco de sermos incriminados socialmente pela inestética. Somos ou não somos vítimas da escravidão dos valores sociais? Como escravos, aproveitamos estes três dias como um período de libertação das convenções que nos são impostas. Em abono da verdade, transformamo-nos, em três míseros dias, naquilo que gostaríamos de ser nos restantes 362 (ou 363, para os atentos dos anos bissextos). Bleargh!!! É por isso que não gosto do Carnaval...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Cousas da Terronha


Já não era sem tempo... Parece, finalmente, ter sido feita justiça ao trabalho desenvolvido pela "Associação Terras Quentes". Ter a Terronha de Pinhovelo classificada como IPP poderá não passar, como em muitas outras situações, de uma declaração de boas intenções. Mas é um passo, mesmo que pequeno. Acima de tudo, represente a oportunidade de se poder visitar condignamente um dos raros locais arqueológicos que o concelho possui. Porque, verdade seja dita, na ocasião que tive, há uns meses atrás, de me aventurar pelo caminho de terra batida que ao antigo povoado dá acesso, deparei-me, mesmo com um todo-o-terreno, com a contingência de fazer uma boa parte do percurso com tracção aos dois membros inferiores, tal a proliferação de espécies arbustivas. Poderá não passar de uma sugestão utópica, mas anseio por ver a Terronha com um tratamento semelhante ao que se pode apreciar na Citânia de Briteiros, salvas as devidas proporções, em tamanho e em representatividade de momentos históricos. E, não pedindo muito, poque não temos uma Sociedade Martins Sarmento a financiar, que tal reconstruir uma das habitações? Ou, não sendo tão ambicioso, que tal proceder a uma limpeza do terreno para que, pelo menos, se possa apreciar sem grandes obstáculos, a configuração do povoado e das muralhas que o suportariam defensivamente? Sugestões de um lírico... Mas de um lírico que, mesmo à distância, sente como talvez poucos, o pulsar macedense.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Cousas macedenses

Não é difícil adivinhar o meu orgulho em ser macedense. Contudo, o dito (orgulho) sofre, amiúde, os seus reveses. Vem isto a propósito de uns gritos estridentes dos meus pirralhos alertando-me para o facto de uma notícia sobre Macedo num programa de final de tarde, o "Nós por cá". Suspeitando que pudesse não ser coisa boa, não resisti a abandonar a tarefa que, entretanto, tinha em mãos. Dirigi-me para o local onde estava a TV ligada, na expectativa de acender um sorriso por ver a minha terra noticiada. No meio da confusão de "Macedos" gerada por umas obras inacabadas, lá fiquei a perceber que ainda bem que sou do "de Cavaleiros" em vez de ser do "do Mato". Caso contrário, arriscava-me, atendendo à querela existente entre as Câmaras de Bragança e Macedo a propósito da repavimentação de um troço de estrada, a ter que recorrer a algum veículo semelhante ao da foto (curiosamente, com origem em Macedo do Mato).

Desentendimentos camarários à parte, parece que o crime chegou a Macedo para ficar. Se não são notícias acerca de assaltos a residências, são-no por assaltos noutros concelhos por gente "com origem no concelho de Macedo de Cavaleiros" sic. Ora isto dá que pensar... Se lhe juntarmos que o concelho também é notícia, juntamente com outros, pelas burlas a idosos e pelas tentativas "abrasileiradas" de passagem de notas falsas... Que ao crime não suceda o mesmo que ao Inverno, pois parece que o mesmo veio para ficar... Confusões à parte, parece que um dos interesses da edilidade se centra numa cada vez maior valorização da área envolvente do Azibo. Parece-me uma aposta de louvar, conquanto não lhe esteja destinado o abandono como, aliás, vai parecendo norma ritual em tudo o que represente a valorização (ou tentativas...) na região da albufeira. A criação de um Eco-Parque Biológico, com uma considerável área de 28 mil hectares será obra de monta. A associação de um campo de golfe (um daqueles projectos eternamente adiados) e a criação de novas áreas de lazer deveria ser um chamariz ao sector privado. Talvez falte a dinâmica que já atingiu a Feira da Caça, atentando nos 20.000 visitantes do último certame... Finalmente, parece que vem mesmo o helicóptero há muito prometido. A novidade é que, talvez para desviar atenções, a Sra. Ministra da Saúde aponta, agora, baterias para a "desorganização hospitalar por parte dos administradores". São desorganizados? Substitua-os... Não vá um dia destes algum deles substituir o desamparado tendeiro que, inavertidamente, furou uma conduta de gás de abastecimento à cidade... Distracções, todos têm... Desorganização é que não é recomendável naqueles que administram a saúde de todos nós...