Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







quinta-feira, 30 de julho de 2009

Cousas da Festa de Lamas

"Ó Bó! Bote cá um carólo de pão cum manteiga e cacau!"... "Ó Ti D'mingus! Unde stá u mou púcaro pra buber um cibo de gasosa?"... "Ó Ti C'stina! Abonde cá tantinha auga q'stou tchiinho de sede!"... "Ó Ti Fanano! Poss'ir cunsigo a tocar as burras?"... "Ó Ti ´Sprança! Atão num me dá um cibinho de presunto pra lantchare?"... "Ó Ti Juão! Num tem cicroas prós bilhetes?"... "Ó Ti Zé! Ó Ti Ana! 'Stão bôs? Bá, botim cá um doce!"... Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Mas não se muda a vontade. Sofre, apenas, umas variações. No Domingo repete-se um ritual de muitos anos. Com as alterações que a lei da vida vai fazendo no elenco. De alguns personagens só me resta a saudade, a aprendizagem e a amizade que foi nutrida. É certo que já não vou com "à Bó" à Canelha, o Ti D'mingos já não me compra "chiclas" no café nem joga matraquilhos comigo, o Ti Fanano já não me leva na carroça das burras... O outro Fanano também já não me dá mais cigarros às escondidas, a "Alferdina" já não me dá mais nenhum "magosto" com aquele sorriso inigualável... Nem a Ti'Ámelia me dá a provar mais as melhores alheiras que alguma vez comi... E agora, também já não tenho o Ti Guardiano para me convencer a beber vinho às nove da matina na arranca das batatas... Mas tenho a memória! E o hábito de ir à Festa de Lamas mantendo as visitas que lhes fazia. Pode soar estranho, mas na "minha" festa, eles continuam a presentear-me com os "mimos", o sorriso e a amizade. É por isso que continuo a gostar de marcar presença. Por isso, e não só! Porque as amizades que tive se mantiveram na descendência genética que constitui os meus amigos de hoje. E porque, afinal de contas, a Calinha, a Bia, o Minho-Minho são os melhores afilhados do mundo e o "Bite piqueno" que vem a caminho há-de ser também (a Menanas e o Kiko também se incluem no grupo dos melhores do mundo, mas não têm costela lamacense). A verdade, também, é que, modéstia à parte, continuo a ter os melhores tios e primos do mundo, mesmo com querelas familiares de permeio. Ser "Imberno" é ser "Imberno" e, no que respeito me diz, sinto um orgulho imenso, mesmo sendo meio-Fiscal, em ser cognominado pela alcunha do meu "bô" Bernardino. E por "Imberno" ser, lá continuarei a marcar presença na "pecissão" (se não acordar tarde), no "tacho" em casa do compadre, no concerto da banda (mesmo que tenha saudades das desafinações no coreto) e no arraial (meio "descontchabado" ainda sou capaz de arrastar os pés). Mais uns "copetchos" extra pr'ánimar a malta e uma jogatina de futebol à velha maneira solteiros contra casados (nem que seja fiscal-de-linha sentado num "motcho" só p'ra marcar os foras-de-jogo)...

O Polvo e o Jogo Sujo


Há uns anos, o "sósia" de um actual vereador (da Saúde, Iluminação Pública e Cemitérios!!!) de uma autarquia situada numa região de bons vinhos do sul, fazia parte de uma rábula divertidíssima no Contra-Informação. As reminiscências desta paródia possuem vinculação nas "actualíssimas" manobras pré-eleitorais macedenses. Não sei se ria, se chore... Caso ria em demasia, arrisco-me a abafar-me por hiperventilação(?)... Na eventualidade de chorar, o risco advém da possibilidade de afogamento(?)... Conclusão lógica: ao invés de rir ou chorar, escrevo, sem mostrar os dentes... Porque cometer o acto de expor a "dentuça" aumenta a minha sensação de anormalidade num país em que começo a sentir-me anormal por não ser corrupto. "VOCÊS SABEM DO QUE ESTOU A FALAR!"... O meu país está em pleno processo de alteração de nomenclatura. Esquecendo as epopeias do Conde D. Henrique, mais as da gesta de Afonso Henriques, em cortar o cordão umbilical que nos unia ao reino ibérico, aproximar-se-á uma qualquer plesbiscito para violar o "Portucale", transformando-o em Gondomariseu ou em Felgoeiras. "VOCÊS SABEM DO QUE ESTOU A FALAR!"... Pelos vistos, os efeitos "porto livre" (mais conhecido em terras de Sua Majestade por Freeport) estão a chegar à "bota concelhia" que constitui o coração do Nordeste Transmontano. As trovas do vento que passa vão trazendo novas acerca da suposta existência de um terrífico polvo laranja no concelho de Macedo. O Azibo transformou-se numa versão lusa do "loch ness"... Há um monstro que abocanha eleitores para incluir as suas listas, sob a ameaça de comprometimento dos empregos (passados, presentes e futuros...). «Há dezenas de casos concretos de pessoas que foram pressionadas...» a beber laranjada. Não há nomes, há exemplos vagos, mas... "VOCÊS SABEM DO QUE ESTOU A FALAR!"... Parece-me que há gente que se dedicou, até à exaustão, a leituras provenientes da veia literária de ex-treinadores ou ex-jogadores de futebol. Agora está na moda o "Jogo Sujo". No país das insinuações, não me admira que, daqui por uns anos, surja um "best-seller" intitulado «VOCÊS SABEM DO JOGO SUJO QUE EU FALAVA ANTES DAS AUTÁRQUICAS DE 2009!». Nessa altura, virão referenciados os exemplos do Ti Zé Manel 'Squinado, morador em Póvoa de Dança de Troc'ó Passo (que Deus tenha...), do Ti Tonho Mouco, habitante de Santa Enguia de Ceroulas (que Deus tenha também...) e da Ti 'Rmelinda de Vila Nova de Trás da Salada (que Deus tenha, de novo...), testemunhas-mortas da coacção reinante quando "eu era político e não se falava em doping pré-eleitoral"... Não duvido da existência de "doping político". Afinal, vivemos no país do "el dorado" p'ra uns, do "apito dourado", p'ra outros, e do "dia-a-dia danado", p'rá maioria... Mas se os tentáculos laranjas existem, porque raio não são publicamente expostos pelos santos rosados? Com nomes, locais, datas!!! E, a ser verdade o que venho lendo, e tendo amigos de um lado e do outro da barricada, fico com a sensação de que, do lado da rosa se entrou por um coitadismo auto-humilhante que só abona em favor da ideia que a laranjada é mais "guitcha" que o tango (não a dança... aquela bebida rosada que mistura cerveja com groselha...). “Foi um acto premeditado com o objectivo claro de dificultar a vida ao adversário”... Mas alguém facilita a vida ao adversário? "Inda se bão ingaliar... Bão, bão... num quero ´stare pra ber a bulha..."

terça-feira, 28 de julho de 2009

Cousas Azibescas

O Azibo é, definitivamente, mais que uma área de lazer e recreio. Muitas referências ocorrem, nas mais diversas publicações, acerca dessa paisagem única e ambiente inimitável que constituem o pulsar da Albufeira. Num breve recurso à memória, assaltam-me os arrepios causados por descrições com uma abrangência paradoxal, que vai de "lago alpino" ao oposto "ambiente mediterrânico". Este local de eleição é um fiel depositário de um pedaço indelével da minha história. Ainda "puto", assisti às dores do parto quando as máquinas invadiam os campos para transformar o minorca rio Azibo num mar de cristal interior. Ouvia, extasiado, os relatos que apontavam a "barragem" como uma das maiores da Europa em "terra batida" (mesmo que não percebesse "peva" sobre o significado de tal expressão). Diziam-me que era para melhorar a rega e o abastecimento de água, mas eu já sonhava arranjar substituto para a Carvalheira como área de mergulhos estivais. Ainda "teenager", tratei de sacralizar o espaço, transformando-o no meu local de eleição para as aventuras do estio. As "escadinhas" foram eleitas como o santuário terminal para as incursões do grupo de "chavalos" que se colocava de polegar ao alto nas imediações do "Bosque", à espera que uma alma gentil se disponibilizasse a dar boleia até à "barragem". Os tempos eram outros e conseguia-se sempre atingir o objectivo, sem receio de qualquer percalço de permeio. Por vezes, mesmo ocorrendo à "tardinha", o percurso entre o cruzamento do IP4 e Santa Combinha era uma verdadeira penitência. Mas valia a pena e o esforço! Mesmo que esse esforço envolvesse uma descida final por uma estrada poeirenta e, numa das situações, com um ataque de cães de gado. As sensações obtidas e as aventuras vividas eram compensadoras. Ainda que a testosterona limitasse a capacidade cerebral e levasse uns malucos a cometer a proeza da travessia a nado até às "escadinhas" do lado de Vale de Prados. Com bilhete de ida e volta... A primeira tentativa foi um sucesso! À segunda, com os "bofes" a darem sinal do excesso tabágico, já não houve regresso pela mesma via. Valeu o tractorista que deu boleia a dois "tchotchos" que deixaram as toalhas, as t-shirts, os chinelos e o tabaco do outro lado. À noitinha ainda lá estavam! Se fosse hoje... Se fosse hoje, restaria o sítio... E já havia parque de merendas, ancoradouro, praias, bares e estrada asfaltada. E já se estariam a discutir as primeiras tacadas no novo eco-campo de golfe... Falta o parque de campismo e uma unidade hoteleira... A evolução tratará de os trazer. Mesmo que contribuam para a descaracterização da "barragem" original. Todavia, deveriam os governantes deste país efectuar um estágio no Azibo. Seria uma aprendizagem sobre descaracterizações que valem a pena... Incluam as mesmas alterações fisionómicas a uma das minhas paixões, ou não. O essencial permanece, assim como as emoções que me desperta, após tantos anos. O Azibo é inigualável, assim como Fernando Pessoa... "Ó LAGO SAGRADO, QUANTO DO TEU SEGREDO SÃO SAUDADES DE MACEDO!"...

sábado, 25 de julho de 2009

Macedo ComVida (e ComCultura)

Revista Visão... "Macedo de Cavaleiros: ópera e arte nas ruas"... Há ópera na «'nha vila»? Há! Há ópera e muito mais! Confesso que sinto uma necessidade anormal de me beliscar ao aperceber-me da proliferação de eventos culturais na "terrinha". A Praça das Eiras transforma-se, hoje, numa espécie de S. Carlos ao ar livre. Mas a arte nas ruas não se limita a uma "anormal" gala de ópera no coração do Nordeste Transmontano. Tem seguimento na exposição "Arte ao Vento". Para aguçar o apetite, fica aqui o registo de idêntica manifestação mais a sul, concretamente em Estremoz. De exposições também vive a Casa do Careto. Joana Salvador dá a conhecer a sua pintura, através da colecção "Olhos". Uma forma diferente de olhar o mundo sarapintado dos diabos e facanitos que "aterrorizam" a pacatez de Podence no Entrudo. Para os que apreciam a calma e quietude de um museu, existem as alternativas do novíssimo Museu de Arte Sacra, da Sala-Museu de Arqueologia ou ainda do Museu Rural de Salselas.


Para os aficionados da tauromaquia, para lá das habituais lutas de toiros que ocorrem um pouco por todo o Nordeste, têm o privilégio de poder acorrer a Morais no próximo dia 2 de Agosto para assistir a uma inusual Corrida de Toiros por estas bandas. Até ao final do típico mês de férias que se avizinha, a oferta para os apaixonados pelo desporto inclui um Especial Rali, um fim-de-semana radical em Vilar do Monte, o VI Grande Prémio Nordeste Transmontano de Tiro aos Pratos ou a etapa do Nacional de Volei de Praia no Azibo.
Por mencionar a albufeira, para os que se queiram entregar aos prazeres dos desportos de carácter aquático, há sempre a possibilidade de umas braçadas nas quentes águas ou, em alternativa, um passeio de canoa ou "gaivota". Para os amantes da música, assuma a mesma diversas vertentes, vem a caminho a tradicional Festa do Emigrante, bem como a diversidade do "Macedo ComVida" (tendo, neste ano, como ponto alto, o concerto dos Quinta do Bill). A oferta cultural fica ainda mais alargada com as actividades de Astronomia, Biologia e Geologia no Verão. Ou com as sessões "Noites com o Património". E há ainda a possibilidade de visitar as aldeias que povoam o concelho, algumas recheadas de história e etnografia. Ou povoados desabitados que, com maior ou menor antiguidade, desenham a ancestralidade macedense, como a Terronha de Pinhovelo, o Bovinho, o Cramanchão ou Banrezes. E há Arte Rupestre nas imediações do Sabor ou do Azibo. E vestígios de Vias Romanas no noroeste do concelho. E as magníficas serras de Bornes e da Nogueira. E há a gente e os costumes... Não posso afiançar que seja bom viver em Macedo. Mas posso fazê-lo em relação ao reencontro que faço com essa vivência... Aceita uma sugestão? Aventure-se pelo mais jovem concelho do Nordeste Transmontano. O mínimo que conseguirá serão «Montes de Emoção»...

Fontes, Túneis, Política e Camionagem

Na vida, como na política, as opções revelar-se-ão sempre como fazendo parte do universo do discutível. Agradar a gregos e a troianos entra na esfera da utopia. Como tal... Há uns largos anos, o fabuloso "Jardim" viu-se amputado da magnífica visão de que se usufruía para a também magnífica Serra de Bornes. A esta castração, devida à tirania do betão, seguiu-se uma outra, reveladora de um atentado à amplitude espacial que oferecia o "Jardim". Em resultado de um estilo arquitectónico de gosto duvidoso, atulhou-se o espaço com desníveis, escadarias, fontes, repuxos e uma pérgula cuja finalidade nunca foi bem percebida por ausência de plantas trepadeiras... O saloísmo, bem ao género de algumas importações «nouvelle vague», do tipo "quantos mais adereços colocar na minha «maison» mais bonita ela fica", assassinou a monumentalidade do "Jardim", colocando o mesmo num patamar de irreversibilidade. O "Jardim" jamais voltará a ostentar a grandeza que o notabilizava. Contudo, a eliminação dos factores que o descaracterizaram é, a meu ver, merecedora de um caloroso aplauso. Mesmo que a autarquia alegue o consumo excessivo de água e a oposição se escude por detrás da execução das obras com recurso a fundos comunitários. Ou ainda no facto de os actuais Presidente da Câmara e Vereador do Turismo, na altura na oposição, terem votado favoravelmente a metamorfose do "Jardim". Na vida, como na política, a mudança é sinónimo de inteligência. Utilizar o passado para justificar a manutenção de atentados paisagísticos e históricos é mais que incongruência humana. É irresponsabilidade política... Caso contrário, para quê a construção da A4? Permitia-se a poupança de uns milhões de euros e persistíamos na aventura da "roleta russa" que, cada vez mais, é imagem de marca do IP4. Ainda que com uns anos de atraso, venha de lá o túnel do Marão e a segurança que representará a entrada da auto-estrada no distrito esquecido. Seja isto analisado á luz do eleitoralismo, ou não. Como contribuinte, é-me indiferente quem me governa, sempre e quando o faça ao serviço dos interesses da população. Por mais afinidade que tenha com alguma ideologia política, não voto em partidos, mas sim em pessoas e em ideias. É por isso que voto num sentido na freguesia em que vivo e faço-o noutro no que ao concelho diz respeito. E não deixo de me divertir com a troca de acusações de eleitoralismo, dependendo do lado da barricada partidária em que se está. A adjudicação da A4 não é propaganda eleitoral a pouco tempo de eleições legislativas? A pompa da inauguração das obras do túnel do Marão, com a presença do Sr.Ministro que transformou o sul do país em "deserto", não terá fins eleitorais? Para a oposição da câmara macedense não será. Mas já o é a celebração do contrato-promessa de compra e venda do terreno para a futura central de camionagem! Não seria mais congruente deliciarmo-nos com os avanços tendentes a uma melhor qualidade de vida sem olhar à cor que os promove? Sem dúvida que seria. Mas seria a forma de cometer um homicídio sobre o "tachismo" reinante neste país, onde a recôndita e olvidada pátria transmontana continua a "botar ó mundo" gente mais virada para os interesses da cor do que para os "patrióticos". Deve ser a essa cambada que pertencem os energúmenos que se divertem, ao abrigo da noite, a apedrejar os autocarros que circulam no IP4. "Quem l'infiasse ua lapada no mêo das bentas!"

terça-feira, 21 de julho de 2009

Mais cousas lunares

A verdadeira pandemia a que assistimos não é a provocada pelo Influenza A. Isso não passa de um fait-divers para desviar a atenção da verdadeira virose: a "Influenza stupida". Aquela que permite a incautos (ou vaidosos) seres humanos despender 65 Euros pela promessa de um lote na Lua. Deve dar para plantar couves... Caso não dê, sempre dá para sonhar... Por esta Lusitânia perdida (que, no nosso caso transmontano, por uma questão de diferenciação "Linesca", também pode ser Gallaecia) vai-se sonhando, de igual forma, crendo que é possível a mudança, através de Novas Oportunidades. Mais não seja, já que o Rei (o da Pop) infelizmente se foi, pode sempre ter-se a oportunidade de mudar o elenco, mesmo que a música, o título e a letra sejam as mesmas. Ou que o elenco do filme possa sofrer uma alteração através da inversão de papéis. O resultado final é uma repetição da alternância democrática de 4 em 4 anos (ou de 8 em 8), mudando apenas o detentor do papel de herói (ou de carrasco). O grave desta questão não reside na monótona mudança de actores. Contrariamente ao que se passa na Meca do Cinema, a disponibilidade no mercado resume-se a actores secundários, que vão fazendo o melhor que podem (ou o melhor que deixam). Baseiam-se numa navegação por cabotagem, não assumindo demasiados riscos, ainda que, aqui e ali, vão ganhando uns "óscarzitos" em forma de incrementos residuais nas percentagens. De forma alternativa, podem arriscar uma carreira musical, lançando diversos álbuns contendo sempre os mesmos acordes e usando e abusando de clichés nas letras para as suas músicas. Em última instância, existe a possibilidade de dar asas ao espírito criativo, mergulhando no mundo dos argumentos cinematográficos que já toda a gente conhece. No final, seja qual for a opção, não deixaremos de assistir às obras-primas deste país de loucos, através das quais sabemos da impunidade reinante, continuando, contudo, a assobiar para o ar, enquanto nos querem controlar através de chips nos nossos automóveis. Ou enquanto vemos os ricos a ficar desavergonhadamente mais ricos, ao mesmo tempo que os pobres ficam desesperadamente a braços com a "bagatela" das contas mensais por pagar. Há-de haver milhões para as duas campanhas eleitorais que se seguem, para as jantaradas e romarias. O Povo, esse que utilizam para o "direito e dever cívico", há-de permanecer numa cegueira auto-induzida.









O epílogo desta "balbúrdia no oeste" (da Europa) resultará, como sempre, numa paródia por alturas natalícias em que toda a gente andará feliz e contente, aguardando que o ano de 2010 seja, em definitivo, o ano do regresso de D. Sebastião...
Por agora, pegando em algo que a líder da oposição disse, o que me apetecia mesmo era

(NOTA: Sendo trabalhoso em demasia fazer menção a todos os "verdadeiros artistas" autores das imagens destes últimos dois posts, fica, contudo, uma referência especial para a originalidade do "wehavekaosinthegarden" e um agradecimento pelo abuso na utilização das ditas imagens)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Cousas lunares

«Este é um pequeno passo para o Homem, mas um gigantesco salto para a Humanidade». Há 40 anos terá sido assim. Mesmo que se tenham levantado imensas dúvidas sobre a veracidade das imagens apresentadas ao mundo. Há acusações de embuste, suspeitas de manipulação de imagens, factos incongruentes. Contudo, a realidade é que, mais ano, menos ano, havemos de ter lá chegado. Para mim, nesse 20 de Julho de 1969, havia duas luas: aquelas donde provinha o meu sustento em forma de leite materno. Nesse longínquo término dos "sixties", a minha consciência deveria estar limitada pela manipulação que se pode fazer aos "papás" cada vez que decidimos abrir as goelas. Seja pela "mama", pelos "perrotes" ou pela desconforto que clama pela mudança do "cueiro". Desconhecia, seguramente, que os adultos, para lá de herdarem esse resquício infantil, ainda o refinam. Quatro décadas volvidas, não só chegamos à Lua, como vivemos nela, mesmo à distância de quase 400.000Kms. Há famílias a viver no limiar da pobreza e pensa-se num país a duas velocidades: as últimas são as já aqui referidas Redes de Nova Geração e, novidade absoluta, a dos benefícios fiscais para a aquisição de viaturas eléctricas. Há desemprego galopante e discute-se a viabilidade do TGV (enquanto se deixa Trás-os-Montes sem transporte ferroviário). Há a triste realidade dos campos abandonados, pensa-se em aeroportos e transforma-se o país em algo semelhante a isto: É o regabofe total! Podíamos ter um representante da melhor escola filosófica ou um outro, representante da homóloga futebolística. "Ma não!" Temos um representante que, não sendo de escola alguma, ainda faz de conta que não vê. E vai fazendo de conta que somos marionetas, à custa de uns rebuçados como o Magalhães, a Banda Larga, uma auto-estrada que já devia ter imensos anos mas que só ainda vai no Túnel do Marão ou a conclusão do moribundo IP4 com a Ponte de Quintanilha. Deve ser por isso que uns "politicamente irresponsáveis" de uma "Jota" tiveram o descaramento de "botar" esta blasfémia para o exterior. Dada a forma como se vem revelando a liberdade neste país, arrisco-me a levar com um processo em cima. Ainda bem que não faço parte de nenhuma "Jota", nem possuo qualquer filiação política. Mas, caso o fizesse, o mais provável era ser alvo da jocosidade de um qualquer (ex-)ministro que considerasse que eu exerço a profissão de toureiro... Oooooléééé!!!

sábado, 18 de julho de 2009

Redes de Nova Geração


O Sr. Ministro das Obras Públicas e Telecomunicações deve andar equivocado. Seria de estranhar caso não andasse, porque isso parece ser extensível a toda a classe política dirigente deste país que já esteve à beira-mar plantado e que agora anda, qual jangada de pedra "saramaguiana", à deriva. Não me vou aqui deter sobre os "jamais", OTA's e TGV's. Nem sobre Linhas do Tua ou do Corgo. Desta vez, deu-me para a fibra óptica. Não contesto, de forma alguma, o investimento na banda larga. Contudo, não é um bem de primeira necessidade, também não é motivo das reclamações de anos dos transmontanos e, verdade seja dita, há coisas bem mais prementes. Mas o que me causou prurido foi a bombástica e politicamente correcta afirmação do Sr. Ministro, quando refere que não quer o país a duas velocidades. Esta comichão deriva da noção que eu possuo de que, só em Trás-os-Montes há, pelos menos, três velocidades: devagar, devagarinho e parado! A primeira delas é fruto do isolamento, a segunda, da indiferença, e a terceira do desprezo. As três, em conjunto, são fruto do esquecimento (pelo menos, durante o longo período intercalar entre actos eleitorais). Vivo no litoral, é certo. Mas escolhi uma zona parecida com o meu Trás-os-Montes. Não em características topográficas, mas no que respeita à velocidade. A diferença é que aqui só existem mesmo as duas a que o Sr. Ministro fez referência: a do "devagar" e a do "devagarinho". A do "parado" é colmatada pela presença dos turistas do "camping" que invadem o território na época estival. Bem... É verdade que já temos banda larga há "bué da tempo" e não estamos incluídos em nenhum distrito sem auto-estrada (deixa-me ver... A1...A29...A41...A42...A28...A11...A3...A4...A7). Mas não temos saneamento. Quer dizer, temos fossas e umas ligações ilícitas para os rios que a "malta escolar" anda depois a limpar, em programas de reabilitação de dunas... E pagamos uma taxa de saneamento... Deve ser para financiar as obras que estão a decorrer neste momento... Mas já temos as Redes de Nova Geração! O que não temos são agricultores a abandonar os campos, grávidas a terem que percorrer 200kms por falta de equipamentos adequados, vilas ou cidades esquecidas no "cu do mundo". Ah! E os ministros e secretários de estado vêm cá visitar-nos imensas vezes! E já temos Redes de Nova Geração!... (CHATO!!!)...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Cousas Coloridas da Serra de Bornes

Previamente à visualização, por conveniência auditiva, aconselho a retirada do som da Cousas Rádio, que se encontra um pouco mais abaixo, à direita. Opcionalmente, pode o som ser retirado desta apresentação... Fica ao gosto do freguês...

Esta é uma forma diferente de olhar a serra. Radicalmente diferente... Também quero "parapentear"!!!

Cousas do Toural e do Campo da Bola (II)

Para lá do espaço ocupado pelo Toural, existia ainda o mítico "olibal". Um espaço enormíssimo, hoje ocupado pelo casario e pela biblioteca, onde a miudagem dava asas às suas aventuras infanto-juvenis. O problema residia no desafio que representava o "Patchalica" e a forma zelosa com que cuidava da propriedade. Algumas pauladas (levadas especialmente pelos mais velhos) eram devidamente compensadas pela vitória de conseguir entrar no palheiro ou pela ousadia de trepar ao pombal. Até que um dia chegou a civilização... E com ela, as máquinas pintadas a negro do alcatrão, os "homes das obras" e o cheiro nauseabundo da fase pré-asfalto. Finou o terreiro e morreram os plátanos. Ficou o Toural de cara lavada, com passeios de cimento, um jardim no seu interior e dois parques infantis que passaram a fazer (enquanto não foram danificados) as delícias da pequenada. Rapidamente o passeio se transformou numa pista para carrinhos de rolamentos, skates e patins. Nessa altura, já os veteranos tinham outros interesses e o exército era formado pelo "Gusto", pelo "Ruço", pelo "Ardúrias", pelo "Bítaro", pelo "Rugé" e por outros que vinham das proximidades à descoberta dos encantos do Toural. Foi o tempo das aventuras que incluíam a construção de cabanas nas oliveiras, feitas de tábuas roubadas da serração e de plásticos trazidos não sei de onde. Quando os "homes da obras" abandonaram o estaleiro, aproveitaram-se as instalações para as transformar em quartel-general secreto. Era aí que se combinava a táctica para os recontros de cavalaria com o pessoal de outras "freguesias", especialmente a da "Praça". Como eram mais, levávamos sempre nas "trombas". Como nos sentíamos injustiçados, resolvemos, em Conselho de Guerra, passar a utilizar algo mais sofisticado que as espadas improvisadas feitas de tábuas surripiadas. Surgiram as fisgas e um perigosíssimo arsenal bélico que incluía arcos e flechas feitas de varetas de guarda-chuvas (ainda hoje não sei como nunca ninguém se mogoou seriamente). Quase me restringia a não contar a forma como passei a utilizar a minha "pressão de ar" nestas "guerras de bairros". Como o campo de batalha se situava sensivelmente na fronteira entre o Toural e a Praça, trepava ao pombal e ficava lá quieto, mas pouco sossegado, armado em sniper. Valha-me que a pontaria não deveria ser muita e o alcance era limitado... Sentia-me tão seguro na posse de uma "arma de fazer cócegas" que passei a internar-me no olival em período nocturno, devidamente equipado, tal qual um "soldado da fortuna". A escuridão incrementava os níveis de adrenalina. Fazia emboscadas a inimigos imaginários e defendia com unhas e dentes o meu castelo. Desisti da ideia no dia em que me faltou o apoio no pé ao descer as paredes do pombal. Aterrei violentamente em cima de algo que me deixou a roupa a libertar aromas de tal forma desagradáveis que nem senti o rasgão que tinha feito no joelho. Saltei o muro das traseiras de casa, entrei pela porta secreta, vesti o pijama, atando o joelho com um pano velho para que a velhota não se apercebesse dos efeitos das minhas investidas nocturnas. A coisa passou e ainda guardo religiosamente a enorme cicatriz que ficou gravada na pele...

Cousas do Toural e do Campo da Bola

Olhar para esta fotografia dos longínquos anos 70 assegura-me litradas de nostalgia. O meu Toural, quando se dava início ao filho primogénito dos mastodontes que descaracterizaram a 'nha rua... Já não existia lá a feira do gado, mas o nome perdurou (no meu caso particular, perdurará, nem que seja através do registo da sua memória). E o Campo da Bola, mesmo ali à mão de semear. Era só atravessar a Rua dos Bombeiros (que me perdoe o Alexandre Herculano). Que lembranças... E que vontade de deixar registada para a posteridade uma realidade tão distinta da de hoje... Nessa altura, sabia bem ser puto no Toural (provavelmente, seria idêntico sê-lo na Praça, na Belavista, no Pelourinho, no Prad'Cavaleiros, nos Merouços, no Trinta...). E porque sabia bem? Porque havia a rua, quase sem carros. E porque se conheciam os vizinhos todos, independentemente da classe social de onde provinham. Salvo raríssimas excepções, na altura das brincadeiras, não havia distinções. Por época do magusto, também não. E, como nessa altura ainda não havia associações de defesa dos animais e ASAE's, o "mata-porco" era acontecimento festivo celebrado com a degola do bicho em plena rua (se fosse hoje, eram presos os detentores do sus domesticus, mais o saudoso Sr.Avelino, que vinha de manhãzinha da Belavista munido de um facalhão que me fazia fugir para bem longe). Era giro algum sentido comunitário que prevalecia. No Outono, quando chegava o tractor de lenha a casa, a miudagem degladiava-se para ver quem ajudava a recolher mais cavacos (não os primos do "Sô" Presidente, mas os ditos que serviriam para aquecer a cozinha na invernia). Havia sempre o prémio de uma "chicla", um bombom ou um rebuçado. Ou, quando os velhotes estavam para aí virados, uma moedita de "ua croa". Sabia bem viver numa rua, mesmo que fosse uma rua sem passeios ou sem alcatrão, onde se podia correr, andar de bicicleta, jogar à bola e subir a árvores. Eram fantásticos os plátanos que existiam como marcos divisórios. Especialmente porque proporcionavam umas armas de arremesso fantásticas para jogar à lapada. Bem, nessa altura eu ainda era "imberbemente puto" e deveria utilizar as bolas dos plátanos para jogar a algo semelhante ao berlinde. Mas divertia-me a ver os "mais grandes" nas suas aventuras. O "Jorge da Siôra Maria", o "Tanhalberto", o "Binhó" e o trio dos "Benceslaus". Não esquecendo a dupla dos "Olaios" e outros que não me recordo do nome mas que lhe chamávamos os "Castelãos". E havia uma micro-economia onde existia a "garage do Sô Jaquim", a "sarração do Sô Carlos", os "bumbeiros", a "Sacor", uma latoaria (não sei de quem), uma vidraria (também não), a "pulícia" e uma qualquer coisa que era do "Carlos da Shell". E havia o "tasco do Sr.Abel e da Sra.Teresa" que servia a melhor feijoada que alguma vez comi. Um pouco de costas voltadas, mas à mão de semear, havia também o café-hospedaria do "Parreco" (ó Sô Nélson, não me leve a mal...), a mercearia do "Belhinho" (ó Sô Eduardo, não fique "imbutchinado"...), uma espécie de "vende-tudo" do "Sô Olaio", os materiais de construção dos de "Balpradinhos", o "Palhinhas" e o "Pinto de Magalhães". Não faltava a "Siôra Glória", sempre vestida de negro, com a sua venda ambulante de peixe (dava-me sempre um "peixeco" porque a ajudava - ou "desajudava" - a puxar o carrinho de mão). E diziam as más-línguas que até tínhamos representantes da mais velha profissão do mundo e uma "clínica privada" onde as meninas descuidadas iam limpar eventuais "bergonhas" pré-casamento. Só nos faltava ter o hospital ao lado! Mas, como éramos todos saudáveis... E, afinal de contas, o "Pescadinha" fazia parte da vizinhança. E um presidente nunca pode estar doente. "Pra que queríamus nós o catancho do hospitale?"...

Verão Total e Arrepios de Saudade

Sempre que o nome de Macedo paira no ar, lá estarei eu para o tentar apanhar... Mesmo que de forma efémera, não poderia desperdiçar a centralização de uma emissão do canal público a partir de um dos meus locais de eleição. Descontando o facto de o programa em questão não se enquadrar propriamente no rol daqueles que me fazem ficar colados ao écran... Contudo, era o nome da minha terra que estava em questão... E "prontos". Dei por mim a efectuar experiências fotográficas enquanto, em simultâneo, era assaltado por um atroz sentimento de inveja (ainda que seja coisa que não se deva sentir). Mas que custa assistir, mesmo que seja de relance, a uns privilegiados em actividades aquáticas enquanto aqui o dito se ia abafando de colarinho apertado, lá isso custa. Todavia, a compensação veio através do visionamento de imagens familiares e do incremento do desejo de, brevemente, estar a ser um dos actores no meio das águas da albufeira. Mesmo que isso tenha resultado numa sequência interminável de arrepios de saudade. Os quais, por sua vez, tiveram o condão de aguçar o apetite para as próximas braçadas perto das "escadinhas", com uma incursão à ilha. Ou para vaguear pelo meio da planície aquática com uma canoa por companhia. Há-de chegar... Há-de chegar...