Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Ideias Natalícias



O Natal, ainda que destituído do universo mágico que carimbou a infância, persiste no encantamento dos sentidos. Mesmo que não seja fácil "botar" explicações acerca deste estado hipnótico, luzinhas para um lado, enfeites para outro, músicas de embalar o espírito, aculturações em forma de "oh, oh, oh" a partir do refrigerante que não fez voodoo ao mal parido sósia do mal amado candidato ao "balon d'or"...
Adaptações dos tempos, tinha mais apreço pelo "M'nino Jasus", cuja omnipresença deixava prendas em todos os sapatinhos do mundo e arredores. Porém, Natal é Natal, nem que as contingências obriguem a naturais contenções de bolsas e almas. E, de facto, sou um crente da época natalícia... Serei sempre um crente, não obstante o massacre de troikas que me constranjam a deixar de acreditar em trenós. O São Nicolau deverá saber como vir montado em renas, desconforto dos dias. Não continuarão as renas com invisíveis asas? "Que mai fai"! 
Como  me dizia um amigo, quando não se podem fazer omeletes com ovos, façam-se com cascas. E, inúmeras vezes, há omeletes com cascas que surpreendem o paladar, exaltam os sentidos, petrificam o olhar. Divagações gastronómicas à parte, aplaudam-se os empreendedores de ideias! Agrada-me esta ideia da "Cidade Natal". A sério que agrada! Porque, repetições muitas, sou um crente. Obstinadamente crente, descaradamente crente... E confesso que gosto desmesuradamente das decorações natalícias. Afagam-me as agruras, retemperam-me a escuridão, moldam-me o carácter para a persistência. E renovam-me! Pelo tempo que duram os efeitos, mais não seja, até à chegada do fogo dos Caretos... 
Hão-de vir os do costume, os que não "coisam nim saim de cima", descrentes de coisa nenhuma, crentes em coisa alguma. Estarão lá, à espera, afoitos por soltar impropérios à geada, que no tempo dela deveria estar o sol no zénite, e nos trópicos é que se estava bem, ou na Lua, que vento não tem e está sempre virada para o Sol... "Quem mo dixo foi um belho do Restelo, ou lá o q'staba scrito por o poeta birolho q'era mim guitcho pra botar uas ideias de doutore im forma de strofeze"... 
"Ma sim, q'a nha bila tchêa de luzinhas fica mim pimpona! Or sim? Digo ou, bá, que fico tchêo de proa mesmo quando se m'ingaranh'ó narize pra bêr'a câmbera co as jinelas á'lumiar a neite"... 
Dizia eu que me agrada esta ideia da "Cidade Natal". E, convictamente, vou tentar participar, ainda que tenha reservas relativamente ao meu (des)apurado gosto para enfeites. Sejam eles de que âmbito forem... E gosto de ver os segadores com vida renovada, mesmo que alguns insistam em apelidá-los de "cegadores", saiba eu que as "seitouras" também serviriam para tirar olhos quando "s'ingaliabam" uns tantos... Mas Natal não é tempo de "bulhas". Até o burrinho e a vaquinha permanecem em sossego no presépio. E por falar em presépio... Que tal um pequeno desvio até ao Museu de Arte Sacra?...
     

terça-feira, 26 de novembro de 2013

De regresso... Porque dizem que em Macedo não há nada para fazer...

Há fins-de semana que nos despertam da letargia, como se um qualquer relâmpago nos trespassasse a alma, penetrando em todas as latitudes e longitudes do ser. Talvez a rosa-dos-ventos traga, agora, um ponto cardeal chamado Renascente... Pode assemelhar-se a um efémero murro no estômago, e tudo volte à "normalidade", à tão apregoada "normalidade" dos dias que correm. Porque dizem que em Macedo não há nada para fazer... E talvez não haja...
A não ser que que se passe uma agradável noite de Sexta-feira a divagar sobre coisas tão desinteressantes como as marcas da presença dos cristãos-novos, tão nossos marranos, por terras de "trás-do-sol-posto". Envolvendo, pelo meio da tertúlia, coisas tão básicas como o orgulho de ser detentor de hemoglobina xística, ou granítica, "bá", ou coisa que o valha proveniente deste reino pétreo. Como não havia nada para fazer, fui a uma tertúlia literária... Mas poderia ter ficado a fazer coisas muito mais interessantes... Protestar num qualquer café acerca de não haver nada para fazer... Por exemplo...Mas fui a uma desinteressantíssima tertúlia literária... E, azar de um "rais'ma partam", ainda tive o privilégio de rever um grande amigo. Rever grandes amigos é não ter mais nada para fazer..
Desbaratada a essência do ser, gravidade dos factos, o Sábado seria preenchido por um percurso fotográfico, indelével marca Alustro, às entranhas da Linha do Tua, essa coisa mal amada por onde, um dia, de barba rija os homens, se dinamitou a pedra para passagem dar ao cavalo a vapor. Mas não havia nada de mais interessante para fazer... E não havendo nada de mais interessante para fazer, verguem as solas do calçado, reúna-se um grupo de "tchalotecos", arrase-se com o gelo matinal, vontades tantas estas, as de nada ter para fazer. Calcorrear o silêncio, onde um dia reinaram silvos que esventraram a terra, olhar para o vazio preenchido a memórias, escutar cada silva a ranger sempre que pisada era para dar passagem. E os risos, aquela coisa pecaminosa de quem nada tem para fazer. Haverá pior forma de ultrapassar um lúdico Sábado? "Tchotchos", estes Alustros são mesmo "tchotchos"...
Após um mais que insípido matinal e vespertino Sábado, e nada mais havendo para fazer, energias balofas essas, rumo às "Memórias da Maria Castanha", preferível é o colapso de um "bilhó" entalado na garganta ao engasgar do nada haver para fazer... Ouvidos cansados pelo estridente disparo de obturadores, escutam-se histórias da "Maria Castanha", esse tão nosso fruto, batata dos soutos. E ficamos encantados por nada haver para fazer... Porque, de seguida, haverá que rumar a outras paragens. Dizem que a Companhia de Dança do Norte terá um espectáculo no Centro Cultural. Centro quê? Blheargh!... Não têm mais nada para fazer?...
De repente, uma alucinante viagem que nos transporta, paralelismos outros, ao "The Wall"... Corpos em movimento, entrelaçar de coreografias, dança das emoções. Bailar de vontades, encanta-se o olhar em trepidantes sonoridades. Termina a sessão com um natural e unânime aplauso, de pé a gente, mãos aquecidas pela alegria de nada haver para fazer. São assim os dias, malfadados ponteiros de um tempo em que, nada havendo para fazer em Macedo, se fecham brevemente os minutos num desperdício de acordes em forma de teclas. Monótono, muito monótono... Agora, regresso feito, apetece-me ir fazer alguma coisa... Nesta terra em que, dizem os crentes, não há nada para fazer... E não haverá... Até ao próximo fim-de-semana em que nada farei...