Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Apontamentos de um fim-de-semana anunciado

O pressentimento de uma incursão mais ao local onde, geneticamente falando, me sinto um nativo e, sociologicamente palrando, me sinto um alienígena, faz-me entrar numa espécie de êxtase auto-induzido. Excluindo factores genéticos e sociológicos, e limitando-me a exprimir a complexa simplicidade do sentimento de ser transmontanamente macedense… Já sinto o meu sistema imunitário envolto num ambiente frenético, onde antigénios e anticorpos convivem saudavelmente, onde uma partícula de pólen anda de mãos dadas com imunoglobulinas e um espirro acontece de olhos abertos. Não duvido que a sequência de antagonismos me transforme num ser parafásico. É, apenas, o meu gene contraditório e reaccionário na sua tentativa de tomar de assalto a inexpugnável fortaleza. Nada de preocupante… Mesmo com algumas reacções adversas e com a possibilidade que se abre a choques anafiláticos, “cum catanchu, gosto mais da ’nha terra que de tchiculate“! Ainda que não consiga ter uma convivência sã com “alguas cousas” que por lá se vão passando, não passo de mais um ser imperfeito brotado de uma terra imperfeita (há p’raí mais 10 milhões de “tugas” assim…). É, precisamente, no âmbito da imperfeição que vão ocorrendo algumas actividades que podem transfigurar a aparente inércia do Interior. Neste fim-de-semana que se aproxima, o Centro Cultural abre as suas portas à música em forma de nostalgia. No Sábado, às 21h45, Luísa Ortigoso, em conjunto com João Courinha no saxofone, Rodrigo Anastácio na guitarra, Zeca Neves no contrabaixo e Paleka na bateria, traz a Macedo as suas “Canções da Telefonia”. Não estou em crer numa afluência maciça de jovens, mas acredito na presença da eterna juventude de todos aqueles que habituaram os seus anos dourados à audição da Emissora Nacional e da Rádio Renascença, fosse para o acompanhamento dos folhetins, dos momentos de humor, das emissões em directo das Orquestras ou dos cantores de música ligeira. Ou ainda dos célebres relatos do futebol, do hóquei em patins ou da Volta a Portugal. Tenho gratas recordações da rádio… O peso dos anos ainda não é assolador, mas a nostalgia também se apodera deste “rapazola” quando recua mentalmente aos tempos daquele aparelho que debitava sons pouco estereofónicos. Rapidamente, vêm-me à memória gratas imagens de um tempo irrepetível. A começar pelas férias de Verão, onde, para lá do fascínio que o mar e a praia sempre exerciam no “puto“, havia a hora sagrada, pós-almoço, para uma sesta no relvado a ouvir o desenrolar do “Simplesmente Maria”, uma espécie de novela radiofónica que fazia as delícias familiares da altura. Continuando pelos percursores dos Gatos e Contemporâneos, os célebres “Parodiantes de Lisboa”. Prosseguindo pelo tempo em que as K7 eram rainhas e o meu “velhote” acordava a horas indecentes para gravar as suas músicas favoritas provenientes de um qualquer programa da Emissora Nacional. Ou pelas minhas férias na aldeia, onde o despertar madrugador ecoava a partir de uma versão radiofónica do “TV Rural” que o meu “Ti Fanano” ouvia diariamente quando os pássaros ainda se encontravam acantonados nas ramagens. Ou ainda no fascínio que em mim era exercido pelas conversas do saudoso sapateiro “Sô’rnesto”, que tinha sempre uma palavra simpática para me dar, versando sempre a dita em torno da música que nesse momento irradiava do seu inseparável companheiro de profissão. Esta rápida viagem a outros tempos teve o condão de me despertar para uma pequena alteração nos planos de fim-de-semana.
Parece-me que vou guardar uns momentos para dar vida ao velhinho Telefunken, refastelando-me na poltrona enquanto me delicio com o ritual de uma cachimbada, na companhia, provavelmente, da Antena 2, de uma aguardente velha e do meu ancião canino. O que fazem as memórias…

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