Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Homenagens e justiça sem derivações

A classe pastoril é uma espécie em vias de extinção. Sempre que avisto um rebanho a pintalgar os montes e vales, questiono-me se os espécimes andarão à deriva, apenas guardados por algum Cão de Gado Transmontano. E não deixo, caso tenha a companhia dos pirralhos, de os alertar para a beleza do quadro. Mais não seja, um dia hão-de explicar à sua própria prole o que era um rebanho de ovelhas ou de cabras. E que a evolução não traz apenas coisas boas. Quando escrevo isto, faço-o com a consciência de que nunca esteve nas minhas cogitações ser pastor. Mas também nunca esteve ser engenheiro. Por isso não sou nem um nem outro, movendo-me tanto respeito por uns como por outros. Mas tenho uma admiração especial pelos primeiros. Não só porque são menos que os engenheiros (estes surgiram aqui como poderiam ter surgido arquitectos ou médicos - só para esclarecer…), mas também porque a sua vida de nómadas, o seu calcorrear de terrenos aparentemente inacessíveis, a sua comunhão com a natureza, o seu eremitismo por entre a vegetação e as pedras, sempre exerceram um especial fascínio neste “moçoilo” que, neste momento, está a ser pastor, mas de teclas… Num tempo em que os afazeres e o excessivo gosto pelos efeitos de Morfeu permitam, hei-de arranjar forma de me tornar ajudante de pastor por um dia… Desde que o pagamento seja um daqueles fantásticos queijos que hoje não se podem vender nas feiras. Mesmo que um dia já tenha sofrido a visita da D. Brucella, que me infernizou os dias, não perdi o gosto por quejinho de cabra fresco, por uns requeijõezinhos ou por um excelente queijo de ovelha. De preferência, elaborados através da tradição e sem selos de garantia “asaeanos“… Deve ser por tudo isto que fui sacudido por uma onda em que se misturou estupefacção e alegria. Numa iniciativa, inédita talvez, pastores transmontanos reuniram-se no Santo Ambrósio para partilhar os seus receios, as suas experiências e os seus anseios. Por isso fiquei estupefacto, porque julgava já não haver número suficiente para um “Encontro”, e alegre porque tenho a garantia que, pelo menos durante mais algum tempo, ainda hei-de conseguir obter uns exemplares lácteos “à maneira”. Por mencionar exemplares lácteos, isso conduz-me à lactação… E daí à força que pretendo transmitir a todas as mulheres, particularmente as transmontanas, pela luta que têm que travar quando o destino as coloca perante o dilema do cancro da mama. Felizmente, conheço algumas que levaram a batalha de vencida e me servem de exemplo perante as adversidades da vida. Mas doía-me a alma de cada vez que tomava conhecimento que, para lá da heróica resistência, ainda tinham que se expor a inúmeras viagens à cidade do Porto. Fico imensamente feliz por ter conhecimento que já é possível obterem um acompanhamento mais próximo, concretamente no Hospital de Bragança. Nem tudo é esquecimento no distrito pobre… Pobre em algumas coisas, rico em muitas outras… Uma das riquezas que possuímos reside na história, nas tradições e na gente que por aqui tem deixado a sua marca ao longo de milénios. A Associação Terras Quentes tem tido a incumbência de resgatar algum do passado enterrado por séculos de abandono. Os resultados têm sido visíveis na descoberta de património, na recuperação de outro e em actividades diversas que conduzem a que todo o macedense (e nordestino) devesse sentir um pouco mais de orgulho na sua história. Todavia, só posso falar por mim. E, fazendo-o, deixo aqui um inequívoco sinal de apreço a esse resgate, que vai muito para além do herói Martim Gonçalves de Macedo e dos magníficos Museus Arqueológico e de Arte Sacra. Deixo, de igual forma, o desejo de que não se concretizem os receios de um dos seus responsáveis, temendo a extinção do programa de inventariação do património do distrito de Bragança, por falta de verbas. Como sou um crente, o QREN há-de disponibilizar a “coisa”. Não se pode castrar assim um trabalho meritório. Mérito têm tido, de igual forma, os pelouros camarários que têm dado a sua atenção à história e à cultura. Posso discordar de algumas opções que têm tomado os diversos executivos camarários, mas sinto-me compensado por poder visitar as minhas origens e sentir o ambiente de um “Macedo Com Vida”. Por isso, vou para lá agora mesmo! Neste fim-de-semana, dando seguimento aos insistentes pedidos dos meus “arqueólogos juniores”, lá terei que ir ver restos arqueológicos. E outras coisas… “Vai sair da Linha nº 1 o expresso familiar com destino à Terronha, com paragem noutras estações e apeadeiros da história macedense”…

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