Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O Alustro num reino de esquecimento... (Sendas-Vale da Porca)


Na fugacidade dos dias, renovadas apetências para albardar o costado com merenda e demais apetrechos, máquina fotográfica a adornar pescoços ávidos por aliviar o peso de matinais geadas.

A Estação de Sendas como ponto de encontro para uma incursão à selva desconhecida onde um dia, a braços e dinamite, se esventrou a terra para passagem dar ao cavalo a vapor. E hoje, 18 de Dezembro de 2013, se cumprem 108 anos sobre a abertura do troço entre Macedo e Sendas... Sonhos de um século, nesta pungente dor que aviva fantasmas do Conselheiro Beça, enquanto se alivia o fardo das memórias de tantas incursões à capital de distrito... Arrojados Alustros estes, incautos parecem, na quase intransponível passagem para o lado de lá. Mas passam! Ou circulam, intrépidos, por paralelas vias. Valdrez há-de estar ali, e o apeadeiro, ou o que dele resta. Pelo caminho, um orgasmo vivo de cores e aromas, numa via que, de férrea, pouco mais lhe resta que uns parafusos esquecidos, aqui e ali, ou uns vestígios de madeira apodrecida. Amputada de ser, já não cheira a silvos, cheira apenas a um aterrador silêncio de morte. Até as pedras padecem de uma putrefacção semeada por carrascos do esquecimento...
São os acordes da impunidade, que a pétrea acumulação que sustentava as travessas queimada não pode ser... Ou "sucateada", de inventados verbos a sessão. Mas restam imagens de um tempo que não deve esquecer-se. A sordidez não se apaga, nem se oblitera a essência. Uma macieira perdida interrompe o périplo, ou venham discussões sobre a flora que, nada tendo de ré, invadiu pacatamente a linha. Paragem para apreciar a suavidade alcoólica de medronhos invasores, incentive-se o apetite para as sandes que massacram o lombo. Há-de chegar Salselas, e o amontoado de paredes assombradas pelo crepitar que, tempos idos, terá invadido o par de lareiras que por lá repousam. Subitamente, um arrepio temporal na espinha, pressente-se a azáfama de um pretérito quase esquecido, gente terá por ali morado, numa época em que nem o telhado nem os sonhos se desmoronavam com a agrestia do alheamento. Isto é nosso, talvez seja nosso, o diz a ingenuidade de um querer movido a desejos...
O Azibo anuncia a sua presença, característico borbulhar de indomáveis águas domadas. Há que atravessá-lo, está a jornada quase terminada, gente afoita para a travessia, encantos outros em oposta margem. Perdem-se as mentes nos reflexos do rio do olvido, Lima não é, que este de esquecimentos lendários não padece... Pinturas a pastel de folhas de Outono, telas de pureza que intensificam o olhar, a perdição de minutos tornados horas, um registo mais para uma posteridade que desconhecemos se existência terá. Pressente-se a chegada do frio, arrepia-se caminho nesta jornada emoldurada a lágrimas não vertidas.
Talvez o Azibo seja o choro da crónica de um finar anunciado no longínquo ano de 1905. Ou resquícios do suor lavado a pás e picaretas, no trinar de esforços de incógnita gente que, um dia, desbravou este reino do esquecimento para que os vindouros não carregassem o peso da distância ao litoral, ou à capital do império... "Atenção aos comboios... Pare, Escute, Olhe... Proibido o trânsito pela linha"... Qual trânsito?...     .
      


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Alustrices


Diz o incomparável que "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce". Por bandas de Terras de Cavaleiros, não façam os da casa milagres, que de milagreiros está exógeno espaço cheio, Deus quis, o homem sonhou, a obra nasceu. Numa qualquer conversa de rua, emanada do circunstancial, pacatez dos dias, abane-se o estabelecido, o diziam os líricos, rubrique-se verbal acordo a manifestação de vontades e avance-se para a reunião de desconhecido exército. Não um qualquer exército, apenas um batalhão de sonhadores que nutrem, em simultâneo, inusitada paixão por disparos sem vítimas. Ou vítimas haja, sorrisos ou rugas gravados a recolhas de luz, obturadores em acção, permaneçam em paz momentos do pretérito, ou falem as pedras, surja quem disponibilidade tenha para as escutar. Da procrastinação dos dias não é feita a vontade. É vê-los, visão em riste, poetas de imagens, artesãos do olhar, perscrutando a noite ou sugando o tutano dos dias. Talvez o efémero do pormenor ganhe, subitamente, eternidade. 
Ou, vozes da reacção, o Restelo longínquo, não funcionarão, por bandas estas, da desgraça profecias. Queiram os feiticeiros recriar antídotos de fé muita, dobrar o das Tormentas e desbravar sentidos muito para lá da Taprobana. Deva o céu ser o limite, lá para um mar de estrelas nunca dantes navegado, onde os horizontes se diluam a metafísica. Querer é poder, o dizem os entendidos. "RAIS'PARTA" os ALUSTROS!!! Da resignação não desenham cartazes, telas formatadas a carolice, reinventam o tempo quando tempo não há. E sorriem, simplesmente sorriem, faces moldadas a sonho, que os olhos nunca se cansem e nunca fine a vontade. Depois, é só correr até à próxima paragem. Espíritos desenfreados em busca do nunca visto, irmandade da imagem, voam com os pássaros e lançam privadas orações aos altares da memória. Dizem que querem preservar o património e as gentes, planar como milhafres, entrar no estranho bailado nupcial de mergulhões, imiscuir-se nos aromas de selvagens orquídeas, disputar território a répteis e anfíbios. E captam afectos, na desumanidade da persistência, o dirão os escravos do medo. Talvez as paixões sejam mesmo assim, refrear do racional na irracionalidade do querer. 
Não se explicam, sentem-se. Apenas e tão só, sentem-se. Digo eu, mero Cavaleiro Andante, sonhador de letras e imagens, é assim que vejo os sonhos. 
Só os entendo esquissados a lápis sem cor, coloridos a giz de paixão. Numa qualquer lousa perdida no tempo e partida em partilháveis pedaços. Gostava de ser Alustro, a sério que gostava, ser parte de um bando de pardais à solta. Provavelmente, convidar-me-ão, tudo tem um preço afinal... Julgo já ter a ficha de inscrição, especial impresso para anónimos sócios, Macedo tem vida, ou vida quer ter. E tem património, gente, potencial, atmosfera... E tem Bornes, Nogueira... E Monte de Morais... E tem Azibo... E tem Alustro - Clube de Fotografia A. M. Pires Cabral... Venham mais cinco...    




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domingo, 26 de agosto de 2012

Alustrar em 24 Horas Non-Stop, ou a paixão pela fotografia

As paixões são como um alustro, surgem de um inexplicável nada, atormentam-nos o racional e, osmoses dos dias, transferem-se para o âmago até que o desmesurado palpitar se esvaia através de uma qualquer substituição. Aos amantes da fotografia sucede algo semelhante. São tomados de assalto pela insanidade de captar a mais simplória singularidade, transformando-a em mais uma obra de arte, sua, apenas sua, partilhada, por vezes, mas nem sempre detentora de predicados que a elevem ao Olimpo dos registos de luz. Mas, crédito ao pleonasmo, são suas, apenas suas... E a paixão, tormento das almas, contrariamente a outras paixões, avoluma-se, instala-se em contraponto ao efémero, cristaliza-se em forma de perenidade. Os anos avançam e não esmorece o fogo. Por vezes, raras vezes, os solitários amantes, ocultados por detrás de uma objectiva, lógica contrariada, desvendam a intimidade de anómalas fusões, partilhas de momentos de êxtase, fulgores de uma pecaminosa luxúria de encantamentos por uma artefacto, artilhado com "pixels" e adornado, inúmeras vezes, a próteses de culto. Vezes outras, evoluções dos tempos, serve um qualquer telemóvel, ou fermenta-se o momento a rudimentar descartável, adquirido no quiosque da esquina. O resultado final, não raras vezes, ludibria o que os olhos viram... Mas isso são coisas para a Física, variações da Óptica, e não meto a foice em alheias searas... Um dia, quais FA (Fotógrafos Anónimos), na quietude de uma tarde de estio, revela-se a paixão quase remetida ao secretismo, exaltam-se valores de objectivas e momentos, elevam-se os sonhos numa catarse que impulsiona entusiasmos atraiçoados pela rotina. Congregam-se esforços, contam-se os soldados e, enquanto esfrega o demo as pálpebras, já se está a alinhavar o evento. Vontades reunidas, avance o batalhão, armas em riste ou, bem vistas as coisas, tire-se-lhe bélico sentido, de máquina em punho. Dança e contradança, rodopios de fulgor, sigam desencontrados passos em busca da alma perdida de uma cidade do interior. Prolonga-se a noite, cruzamentos vários, acumulações de bocejos, pesam as pernas num solitário bailado acolitado, de longe, convenientemente bastante longe, pela incontornável figura de Morfeu. Mantém-se a distância com cafeínicas deambulações, regista-se mais um momento, troca-se uma impressão mais com noctívagos seres, a sobriedade em contraponto à embriaguez, por vezes, anima-se o espírito com a jovialidade de gente trajada a noite em eclipses de cerebrais amígdalas. De repente, valorosa gente outra, a do anonimato, vassoura a postos, reflectores em oposição a goradas tentativas, artérias amansadas por rítmico coçar de asfalto, detritos em acumulação, pás e carrinhos de mão a postos. Ao longe, o silêncio do amanhecer, entrecortado, aqui e ali, por afoitos manobradores de volantes ou por discussões de seres alados em desentendimento no resguardo arbóreo. Vai reinando, de paulatina forma, a inércia, circulam os resistentes em contramão nesta autoestrada nocturna, enquanto a esmagadora maioria da cidade dorme. O peso da madrugada vai-se sentindo nos ossos, reclamam os músculos por descanso, dizem que o cansaço não vem aos que por gosto correm. Mas vem, se vem! Apela-se à presença dos substitutos, em estranhas poses de exposição que, dia fosse, talvez coragem não houvesse. Há-de surgir a salvação, hora de almoço pequeno e de breve refrega com a almofada. Um retrato mais, pormenor esquecido por consecutivas horas de intromissão na noite, abale-se para o lar que tarde se faz. Outros companheiros de luta virão, diurnas captações, não muda a orquestra, só os intérpretes. Decorrem as horas, intrépidos seres, "click" aqui, "click" acolá, Macedo para a vida, ou a vida em Macedo. Não será tão deserta quanto pintada é, nem tão viva quanto desenhada, vezes outras, será. É apenas um pedaço de Nordeste, enfermando dos mesmos males de outros Nordestinos pedaços, captado com alma e fervor por um grupo de apaixonados que o quis eternizar. Tomam o estranho nome de Alustro, um tal de Clube de Fotografia A. M. Pires Cabral, ilustre patrono da terra que, em humildade alustrando, apadrinhou a ilusão de um grupo de aficionados pela fotografia que metamorfosearam o sonho em realidade. Num qualquer futuro, distante se espera, prenúncios de moribudez, hora nunca seja chegada de toque a finados, ir-se-ão os anéis, ficarão os registos. Aos 18 de Agosto de 2012, era assim a vida Macedense durante 24 horas...