Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







sábado, 6 de junho de 2015

"Remebering" São Pedro

Não vou contar nenhuma história alicerçada num plágio ao Gabriel Garcia Márquez, nem me atreveria a alvitrar crónicas de anunciadas mortes, antes preferindo o sensacionalista feliz Verão da senhora Forbes, em versão contentamento restrito com o título. Poderá a senhora Forbes não se lembrar do “São Pedro”… Eu lembro-me…
…da 1ª edição, no longínquo 1983, a mente não me atraiçoe, rapazola esguio, nada habituado a hercúleos esforços do músculo, de “ocupação de tempos livres” a época, adveio a fava na rifa das selecções. A bem da verdade, talvez me tenha saído o prémio, esquissos da memória, lembro-me do saudoso “João Ginja”, de longa data amigo da família, em solene anúncio na forma de um «Rapaz, arranjou-se uma ocupação para as tuas férias. É pertinho de casa, mas vai ser duro.» E foi… Ou não, de acréscimo à experiência a recordação. Construíam-se as actuais Biblioteca Municipal e Junta de Freguesia. Era só saltar o muro para o olival que ainda por lá restava, era dos Padres Marianos, diziam. Erguia-se o esqueleto da obra a cimento e tijolos, escaldava, por esses dias, em quase impossibilidades de respiração, ia valendo o armazém de sacos de cimento onde as agruras eram, ainda assim, dificilmente suportáveis. Por lá rondava o encarregado, o simpático “Sô Joaquim”, dizia-se ainda meu primo, «Não te esforces, rapaz, que tens mãos macias.» Mas eu esforçava-me. Desajeitado, mas esforçava-me. 
Era uma espécie de “pintche”, sem saber bem o significado de tal coisa para lá da associação ao alcatrão. Tinha ouvido os homens que tiraram o pó do Toural a chamarem “pintche” à dita substância negra… Cheguei a pensar que ironizavam por apresentar características dos “copinhos de leite” provenientes de latitudes nórdicas… “Santa inocência”… Um dia, já depois de ter aprendido a fazer uma parede (que, qual milagre, ainda hoje se mantém hirta na Biblioteca!), disseram-me para ir com o “Manel Lázaro” para a “Feira”. Pensei que iria montar tendas, ou coisa que se lhes assemelhasse. Mas o “Manel” perguntou-me se conseguia aguentar com o peso dos ferros que serviriam de estrutura às “barracas da feira”. Seria a “Feira de São Pedro”…

Bem vistas as coisas, isto é presunçosamente histórico! Julgo, não me atraiçoe a mente, repetições de parágrafos outros, que terei participado, a ferros, parafusos, excessivo calor, porcas e chaves-de-porcas, na primeira edição da Feira de São Pedro! “Rais’partam as alembraduras”!

Avolumaram-se as experiências, em universos outros, rasgaram-se folhas de calendário, irreversíveis marchas do tempo. Da pureza a essência, de alguns nomes e formas ficam as letras, as memórias, a gratidão, o desenho mental de sorrisos e vocalizações, idos tempos de conceitos outros. Soam a longínquos, em paradoxos de permanência sob valores distintos, maleficamente distintos, onde se apregoa o umbigo em detrimento do cordão umbilical. Talvez pelo absurdo mantenha esta ligação às figuras que ajudaram a desenhar o lírico que sou. “Roubem-me a comida, mas jamais conseguirão roubar-me a fome”. Lirismos abjectos, o proclamarão os de anticorpos detentores… Fomes outras…


Transformaram-se os parafusos, de metamorfoses em inevitável evolução, o imberbe certame ultrapassou o acne, as dores do crescimento, as crises existenciais. Surgiram as luzes da ribalta, as mediáticas refregas intestinas, os passos menores, ou os maiores que a perna, os sucessos e insucessos. Repentinamente, ou talvez não, despertaram os Nostradamus, que Restelo não tendo e vozes havendo, encomendaram o féretro, anunciaram a cerimónia fúnebre aos cinco ventos, porque insuficiente o dobro do par. De súbito, em desenfreadas corridas, apressaram-se a mudar a cor das gravatas… “Ninguém escreve ao coronel”
…  

terça-feira, 2 de junho de 2015

Mundiais Dias da Criança


Dizem que todos deveríamos ser criança uma vez por outra, alternativamente, num sôfrego alternativamente que conduz a ser criança vez nenhuma. Por isso, ser criança está irremediavelmente restringido às crianças. Ponto final… Sofrer alegremente numa regressão à infância é saudosismo, é descurar um qualquer futuro cuja existência se desconhece, revivalismos bacocos apregoados como sintomas de irresponsabilidade, num endémico processo que menospreza a aparência. Não pode menosprezar-se a aparência, em jeito de retrocessos a tempos que convém apagar da biografia. Ou deturpações do carpe diem… Nutro desprezo pela aparência, num crónico “as iludências aparudem” gerado na infância, inversões de quotidianos muitos, ingénuas aprendizagens, repentinos laivos de uma rebeldia conscientemente controlada.
O ser ao invés do ter, sem receios de represálias por frustradas tentativas de idolatria pelas aparências, propósitos na incontrovérsia responsavelmente assumida de ausência de fenómenos alienígenas a que, quais líderes de matilha, rosnam como rabos-de-palha, ou incontidas indignações apregoadas sem qualquer pejo de atingir cumes pisando e repisando mãos. Não sobrarão dedos na queda…


Amanhã serei criança. Hoje sou criança. Ontem fui criança. Numa nostalgia pela pureza dos pontapés na bola, da porrada que ainda não equivalia a “bullying”, das “lapadas q’abriam a cabeça ó berde”. Ou pelos imperdíveis episódios da Heidi ou do Vickie, vistos inúmeras vezes nas casas dos vizinhos do Toural, num tempo em que, nessa vizinhança, as únicas fogueiras que existiam não eram as das vaidades. Cresceram esses vizinhos, passaram, salvo raras excepções, a epopeias-fantasma de convenientes desconhecidos, ou convenientes conhecidos quando as conveniências assim são convenientes. E capazes são de por nós na rua passar, saudando quando são previsíveis proveitos, ou ignorando quando o futuro vizinho é detentor de uma taxa de juro que supera os rendimentos da saudável saudação. Apetece-me ser criança, nessas alturas apetece-me ser inconvenientemente criança, numa “bárbara agressão” com uma “fisga de grampos”, “pernas pra que te quero”, indomáveis correrias a contar as peripécias aos parceiros de “terrorismo”. E, “rais’partam” as saudades, tenho mesmo saudades… dos malucos dos carinhos de rolamentos, sem pretensões de um carrinho ser melhor do que o do vizinho, apenas numa algazarra que incomodava os saudosos “Sô Joaquim”, “Sô Alberto” ou o “Sô Carlos”, porque lhes surripiavam as ferramentas, os parafusos, as tábuas ou os rolamentos. Depois riam-se e apreciavam a alucinante forma de incipiente Fórmula 1 imberbe. Mais pé esfolado, menos calça rasgada… Mudam-se os tempos… Hoje perguntam-me se é verdade que temos um “Umbigo do Mundo”. Invariavelmente, respondo: «Só um?»… Resposta infantil…