
O Sr. Ministro das Obras Públicas e Telecomunicações deve andar equivocado. Seria de estranhar caso não andasse, porque isso parece ser extensível a toda a classe política dirigente deste país que já esteve à beira-mar plantado e que agora anda, qual jangada de pedra "saramaguiana", à deriva. Não me vou aqui deter sobre os "jamais", OTA's e TGV's. Nem sobre Linhas do Tua ou do Corgo. Desta vez, deu-me para a fibra óptica. Não contesto, de forma alguma, o investimento na banda larga.

Contudo, não é um bem de primeira necessidade, também não é motivo das reclamações de anos dos transmontanos e, verdade seja dita, há coisas bem mais prementes. Mas o que me causou prurido foi a bombástica e politicamente correcta afirmação do Sr. Ministro, quando refere que não quer o país a duas velocidades. Esta comichão deriva da noção que eu possuo de que, só em Trás-os-Montes há, pelos menos, três velocidades: devagar, devagarinho e parado! A primeira delas é fruto do isolamento, a segunda, da indiferença, e a terceira do desprezo. As três, em conjunto, são fruto do esquecimento (pelo menos, durante o longo período intercalar entre actos eleitorais). Vivo no litoral, é certo. Mas escolhi uma zona parecida com o meu Trás-os-Montes. Não em características topográficas, mas no que respeita à velocidade. A diferença é que aqui só existem mesmo as duas a que o Sr. Ministro fez referência: a do "devagar" e a do "devagarinho". A do "parado" é colmatada pela presença dos turistas do "camping" que invadem o território na época estival. Bem... É verdade que já temos banda larga há "bué da tempo" e não estamos incluídos em nenhum distrito sem auto-estrada (deixa-me ver... A1...A29...A41...A42...A28...A11...A3...A4...A7). Mas não temos saneamento. Quer dizer, temos fossas e umas ligações ilícitas para os rios que a "malta escolar" anda depois a limpar, em programas de reabilitação de dunas... E pagamos uma taxa de saneamento... Deve ser para financiar as obras que estão a decorrer neste momento... Mas já temos as Redes de Nova Geração! O que não temos são agricultores a abandonar os campos, grávidas a terem que percorrer 200kms por falta de equipamentos adequados, vilas ou cidades esquecidas no "cu do mundo". Ah! E os ministros e secretários de estado vêm cá visitar-nos imensas vezes! E já temos Redes de Nova Geração!... (CHATO!!!)...
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