Bem Vindo às Cousas
Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Cousas do Toural e do Campo da Bola
Olhar para esta fotografia dos longínquos anos 70 assegura-me litradas de nostalgia. O meu Toural, quando se dava início ao filho primogénito dos mastodontes que descaracterizaram a 'nha rua... Já não existia lá a feira do gado, mas o nome perdurou (no meu caso particular, perdurará, nem que seja através do registo da sua memória). E o Campo da Bola, mesmo ali à mão de semear. Era só atravessar a Rua dos Bombeiros (que me perdoe o Alexandre Herculano). Que lembranças... E que vontade de deixar registada para a posteridade uma realidade tão distinta da de hoje... Nessa altura, sabia bem ser puto no Toural (provavelmente, seria idêntico sê-lo na Praça, na Belavista, no Pelourinho, no Prad'Cavaleiros, nos Merouços, no Trinta...). E porque sabia bem? Porque havia a rua, quase sem carros. E porque se conheciam os vizinhos todos, independentemente da classe social de onde provinham. Salvo raríssimas excepções, na altura das brincadeiras, não havia distinções. Por época do magusto, também não. E, como nessa altura ainda não havia associações de defesa dos animais e ASAE's, o "mata-porco" era acontecimento festivo celebrado com a degola do bicho em plena rua (se fosse hoje, eram presos os detentores do sus domesticus, mais o saudoso Sr.Avelino, que vinha de manhãzinha da Belavista munido de um facalhão que me fazia fugir para bem longe). Era giro algum sentido comunitário que prevalecia. No Outono, quando chegava o tractor de lenha a casa, a miudagem degladiava-se para ver quem ajudava a recolher mais cavacos (não os primos do "Sô" Presidente, mas os ditos que serviriam para aquecer a cozinha na invernia). Havia sempre o prémio de uma "chicla", um bombom ou um rebuçado. Ou, quando os velhotes estavam para aí virados, uma moedita de "ua croa". Sabia bem viver numa rua, mesmo que fosse uma rua sem passeios ou sem alcatrão, onde se podia correr, andar de bicicleta, jogar à bola e subir a árvores. Eram fantásticos os plátanos que existiam como marcos divisórios. Especialmente porque proporcionavam umas armas de arremesso fantásticas para jogar à lapada. Bem, nessa altura eu ainda era "imberbemente puto" e deveria utilizar as bolas dos plátanos para jogar a algo semelhante ao berlinde. Mas divertia-me a ver os "mais grandes" nas suas aventuras. O "Jorge da Siôra Maria", o "Tanhalberto", o "Binhó" e o trio dos "Benceslaus". Não esquecendo a dupla dos "Olaios" e outros que não me recordo do nome mas que lhe chamávamos os "Castelãos". E havia uma micro-economia onde existia a "garage do Sô Jaquim", a "sarração do Sô Carlos", os "bumbeiros", a "Sacor", uma latoaria (não sei de quem), uma vidraria (também não), a "pulícia" e uma qualquer coisa que era do "Carlos da Shell". E havia o "tasco do Sr.Abel e da Sra.Teresa" que servia a melhor feijoada que alguma vez comi. Um pouco de costas voltadas, mas à mão de semear, havia também o café-hospedaria do "Parreco" (ó Sô Nélson, não me leve a mal...), a mercearia do "Belhinho" (ó Sô Eduardo, não fique "imbutchinado"...), uma espécie de "vende-tudo" do "Sô Olaio", os materiais de construção dos de "Balpradinhos", o "Palhinhas" e o "Pinto de Magalhães". Não faltava a "Siôra Glória", sempre vestida de negro, com a sua venda ambulante de peixe (dava-me sempre um "peixeco" porque a ajudava - ou "desajudava" - a puxar o carrinho de mão). E diziam as más-línguas que até tínhamos representantes da mais velha profissão do mundo e uma "clínica privada" onde as meninas descuidadas iam limpar eventuais "bergonhas" pré-casamento. Só nos faltava ter o hospital ao lado! Mas, como éramos todos saudáveis... E, afinal de contas, o "Pescadinha" fazia parte da vizinhança. E um presidente nunca pode estar doente. "Pra que queríamus nós o catancho do hospitale?"...
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