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Na vida, como na política, as opções revelar-se-ão sempre como fazendo parte do universo do discutível. Agradar a gregos e a troianos entra na esfera da utopia. Como tal... Há uns largos anos, o fabuloso "Jardim" viu-se amputado da magnífica visão de que se usufruía para a também magnífica Serra de Bornes. A esta castração, devida à tirania do betão, seguiu-se uma outra, reveladora de um atentado à amplitude espacial que oferecia o "Jardim". Em resultado de um estilo arquitectónico de gosto duvidoso, atulhou-se o espaço com desníveis, escadarias, fontes, repuxos e uma pérgula cuja finalidade nunca foi bem percebida por ausência de plantas trepadeiras... O saloísmo, bem ao género de algumas importações «nouvelle vague», do tipo "quantos mais adereços colocar na minha «maison» mais bonita ela fica", assassinou a monumentalidade do "Jardim", colocando o mesmo num patamar de irreversibilidade. O "Jardim" jamais voltará a ostentar a grandeza que o notabilizava. Contudo, a eliminação dos factores que o descaracterizaram é, a meu ver, merecedora de um caloroso aplauso. Mesmo que a autarquia alegue o consumo excessivo de água e a oposição se escude por detrás da execução das obras com recurso a fundos comunitários. Ou ainda no facto de os actuais Presidente da Câmara e Vereador do Turismo, na altura na oposição, terem votado favoravelmente a metamorfose do "Jardim". Na vida, como na política, a mudança é sinónimo de inteligência. Utilizar o passado para justificar a manutenção de atentados paisagísticos e históricos é mais que incongruência humana. É irresponsabilidade política... Caso contrário, para quê a construção da A4? Permitia-se a poupança de uns milhões de euros e persistíamos na aventura da "roleta russa" que, cada vez mais, é imagem de marca do IP4. Ainda que com uns anos de atraso, venha de lá o túnel do Marão e a segurança que representará a entrada da auto-estrada no distrito esquecido.

Seja isto analisado á luz do eleitoralismo, ou não. Como contribuinte, é-me indiferente quem me governa, sempre e quando o faça ao serviço dos interesses da população. Por mais afinidade que tenha com alguma ideologia política, não voto em partidos, mas sim em pessoas e em ideias. É por isso que voto num sentido na freguesia em que vivo e faço-o noutro no que ao concelho diz respeito. E não deixo de me divertir com a troca de acusações de eleitoralismo, dependendo do lado da barricada partidária em que se está. A adjudicação da A4 não é propaganda eleitoral a pouco tempo de eleições legislativas? A pompa da inauguração das obras do túnel do Marão, com a presença do Sr.Ministro que transformou o sul do país em "deserto", não terá fins eleitorais? Para a oposição da câmara macedense não será. Mas já o é a celebração do contrato-promessa de compra e venda do terreno para a futura central de camionagem! Não seria mais congruente deliciarmo-nos com os avanços tendentes a uma melhor qualidade de vida sem olhar à cor que os promove? Sem dúvida que seria. Mas seria a forma de cometer um homicídio sobre o "tachismo" reinante neste país, onde a recôndita e olvidada pátria transmontana continua a "botar ó mundo" gente mais virada para os interesses da cor do que para os "patrióticos". Deve ser a essa cambada que pertencem os energúmenos que se divertem, ao abrigo da noite, a apedrejar os autocarros que circulam no IP4. "Quem l'infiasse ua lapada no mêo das bentas!"
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