Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Cousas raras no éden

Há uns anos fui chamado à atenção por um amigo sociólogo para uma realidade que desconhecia. Havia uma freguesia do concelho de Macedo que, em termos percentuais, era a recordista de crimes violentos num país mais habituado a notícias sobre eventos criminosos nos grandes centros urbanos. Na altura, meio a sério, meio a brincar, argumentei que isso se devia ao sangue fervilhante transmontano, o qual, por meia dúzia de centímetros de afastamento de um marco ou por um breve desvio de águas de rega, poderia degenerar em paulitadas, sachadas ou vidas ceifadas. Ou honra lavada em sangue por outras questiúnculas… De qualquer forma, tratei de explicar, defendendo a minha dama, que a província transmontana, e o concelho de Macedo em particular, eram feitos de gente pacata, nalguns casos com um grande espírito comunitário e com um carácter hospitaleiro anormal. E que a análise numérica que me era apresentada era passível de várias leituras, tal como é comum em todas as análises numéricas. Extrapolar uma avaliação sociológica, efectuada em termos percentuais, para a realidade transmontana era um erro de palmatória. Particularmente porque é quase unânime que todo o interior é, por excelência, uma região mais segura que o litoral. Os últimos tempos têm, no entanto, revelado outros contornos. Talvez pelo fenómeno de desertificação e pela tendência de envelhecimento da população, a região ficou mais vulnerável. Será sempre discutível, mas a penetração na região de gentes de outras paragens poderá, de igual forma, ter dado luz ao incremento da insegurança. Daí ao aproveitamento de um cada vez maior isolamento, foi um pequeno passo. As burlas têm proliferado e os assaltos a residências tornaram-se mais vulgares. Todavia, mesmo sendo sintomático, trata-se de crimes menores, se comparados com a agressividade existente nos assaltos com que, quase diariamente, somos bombardeados nos noticiários. Até Segunda-feira… Causa-me alguma estupefacção a forma como decorreu o assalto nas imediações da aldeia de Peredo. Agredir, pelos vistos de forma violenta, a senhora que apenas pretendia vender os seus galináceos à beira da estrada causa preocupação. Não só pelas sequelas físicas (e psicológicas) com que há-de ficar a infortunada senhora mas também pelo rastilho que pode representar para o rebentamento de outras ocorrências. Será que 3 mil euros valem tanto? Para os dois indivíduos que perpetraram o assalto, devem ter valido… Virão os do costume afirmar que a culpa do assalto se deve atribuir às condições sociais? Está bem que já estamos habituados a ser assaltados, ainda que de forma indirecta, mas, até agora, ainda não levei nenhum arraial de porrada do fisco, nem das inspecções periódicas... E, já agora, o que acontecerá aos coitados dos assaltantes, vítimas das ditas condições sociais, caso sejam identificados e capturados? Deixem-me adivinhar: termo de identidade e residência?… Se lhes aplicassem a mesma pena com que brindaram uma senhora que, de forma honesta, cometia o “crime” de vender galinhas, é que era um bom correctivo. Mas, nesse caso, viriam logo as ONG a ocupar as aberturas dos telejornais com notícias de excesso de violência policial… É o país que merecemos… Um país onde é notícia o notável aumento de candidatas ao poder local no distrito de Bragança. Distrito cujo poder concelhio é dominado por presidentes do sexo masculino. Sou a favor de equidade e contra a descriminação. No entanto, caso fosse do sexo feminino, sentir-me-ia terrivelmente mal com notícias deste quilate. O que impede uma mulher, num país dito democrático, de se candidatar a presidente de câmara? Nada, para além, provavelmente, de questões hormonais e de sensibilidade (e isto é legitimamente discutível)… A sede de poder é, talvez infelizmente nalguns casos, mais vincada nos homens. Serão melhores ou piores a exercer o poder? Nem uma coisa, nem outra! Há excelentes líderes, quer de um lado, quer de outro. Votaria numa mulher? Obviamente que sim, caso lhe reconhecesse capacidades para nela depositar a confiança do meu voto. Votaria num homem? Obviamente que sim, pelos mesmos motivos. Mas jamais votaria num homem por ser homem ou numa mulher por ser mulher. Nunca vi o lado feminino como o “sexo fraco” mas, caso fosse mulher, seria, provavelmente, como me sentiria com notícias deste género… Imagine-se o impacto que teria uma qualquer notícia relativa a um qualquer concelho onde o poder autárquico seja exercido por uma “Sra. Presidente”, dizendo que havia candidatos do sexo masculino… E? Ainda bem… E do sexo feminino, também? De preferência, jeitosas e bem aparelhadas… (com esta, arrisco-me a ser acusado de machista)

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