Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Quando a genética é substituída pelo coração

Hoje não é, propriamente, um dia de gratas recordações. O tempo é carrasco que rapidamente transforma o ontem num passado longínquo. Há aniversários que deixam um sabor agridoce. Já não choro a perda porque prefiro encher o baú de memórias com imagens de estéreis discussões políticas, sociais, religiosas. É mais salutar sentir o calor da voz, naquele expectável telefonema sempre que o nosso clube ganhava. E ouvir a forma carinhosa como os genros-filhos eram tratados: “Ó Mingas, bebe lá mais um copetcho! Ó Dumas, então vai mais uma pinga?”… Ou a mais carinhosa ainda como os netos, em fins-de-semana ou breves férias, eram a “Pirzeta”, a “Pirulita” e o “Saquenito”. Havia sempre aquele inconfundível brilhozinho no olhar a cada recepção, mesmo que as emoções ficassem escondidas por detrás das agruras da vida. Uma incursão à horta era sempre motivo para um orgulhoso sorriso pela qualidade da terra, pelos produtos únicos que dela brotavam. Sentia-se uma melódica sequência de palavras naquele pedaço de terreno ancestral, legado de gerações, veículo para um renascimento quando a reforma chegou. E havia a pesca, aquela actividade que nunca me cativou, mas na qual participei, mais não fosse para partilhar a merenda devorada debaixo de uma qualquer ponte à beira do Tuela ou do Sabor. E para gerar aquele pinguinho de orgulho ao trio de mosqueteiros que levavam o “puto” atrás. O “puto” não tinha jeito para a pescaria, estava mais virado para sentir a regeneração que se antevia a cada sorriso daqueles três inseparáveis amigos por terem um “jovem” com paciência para ouvir as suas lições sobre canas e minhocas. Sorver um pouco de vinho através de um cantil que o mantinha fresco é memorável. Enquanto se deglutia um naco de pão trigo, acompanhado a um qualquer petisco, olhando o infinito e absorvendo o som da corrente que, mesmo ao lado, mostrava a beleza única de rios selvagens. Hoje sorrio através das memórias… Mas doeu, como nenhuma outra perda tinha feito doer.

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