Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Auto da Arca do Inverno, por Vil Dizente

Não há barqueiros, pele de lobo, pele de cordeiro, não há companheiro nem fidalgo, nem almas para atravessar rios, mitos de Caronte sem óbulos em versão dramática. Há, defraudem-se expectativas culturais, um sarau em versão privada, de actor, bailarino, músico e pintor, artes em amena fusão onde as letras representam, dançam, cantam e colorem. Sonoridades silenciosas ao ritmo de paixão macedense… Não se cobra bilhete de entrada, não se restitui o dito na presença de apupos… Cousas… Entre-se na Estalagem do Caçador, ou imagine-se a entrada. Palco de grandiosos actores, mesmo com a renovação de passagem para o outro lado da rua. Apreciava mais a anterior… Gostos… Veja-se o funcionário que nos sorri timidamente à entrada, no seu traje cinza, placa identificadora na lapela. Escolha-se a sala da esquerda, lareira acesa, cadeirões prontos a acolher o desejo de um suave conforto. Ou opte-se pela da direita, banco artesanal, imitação de sela, um café à antiga, tomado ao balcão, na companhia de uma sequência de registos de caça. Instalemo-nos confortavelmente, olhando em redor, observando o silêncio de troféus inanimados, embalsamados para a posteridade, enquanto nas vitrinas desfilam modelos, antigos receptáculos de infusões e outras bebidas mais. O Venturoso presente não está, nem o homónimo idealista de Azevedo, está o sonho, ou o espírito dos Pires, seja na versão Valfredo, Urze ou Peito, e outros mais guardados na memória de criança. De rompante, emerge do imaginário o Entrudo Chocalheiro, anunciando o primeiro acto, batidas nada cadenciadas, evidente demonstração de que Molière é prescindível nesta peça macedense. Do nada, surgem os aromas da Feira da Caça, magistralmente misturados com os provindos da Feira do Folar de Vilarinho de Agrochão, numa perfeita simbiose com os emanados da Feira da Castanha de Lamas. Ainda a heterogeneidade de sabores nos preenche o espírito, entra em cena o paradoxo da idade e do isolamento. As “Velhotas Espertalhonas”, demonstração cabal que o envelhecimento não tem lugar para os lados de Morais, umbigo do mundo, dizem, onde renascem esquecimentos de segadas e malhadas. Exemplos a seguir, que Parques Geobiológicos só por lá terão lugar. Vestígios de mares nunca dantes navegados… Navegue-se pelo Festival de Música Tradicional, cante-se o ser e encante-se a alma. Inale-se o esplendor de Orquídeas e Cogumelos Selvagens, absorvam-se ambientes únicos em Jornadas de Conservação da Natureza, ouvindo-se, quem sabe, inusuais sons de Ópera no exterior. Fujam, talvez, mais jovens almas, há sempre um qualquer bilhete a 1 euro para ingressar na Feira de S. Pedro, ou bilhete algum para o Macedo ComVida. Cousas de Verão, com alternativos directos da pública estação, que Verão não é, mas é Total. Mais as radicais versões, para quem radical é, todo-o-terreno por Serras do Norte ou Voleibol de Praia no incomparável Azibo. Um tal de encanto, inigualável bandeira azul vezes seis, de ouro para QUERCUS, de qualidade para DECO e deslumbrante para SÁBADO. Talvez no futuro, para descansar das andanças, o Eco-Campo de Golfe. Venha mais um café, bem servido, acompanhamento do esplendor daquela aguardente velha, fruto de bons velhos tempos. Haverá gente às voltas no túmulo… Viaje-se até às Noites com o Património, intercalando com a Biologia, a Astronomia e a Geologia. Ressuscite-se o Martim Gonçalves, o de Macedo, dê-se alma ao Nun’Álvares, prepare-se o alardo da Vilariça ao de Avis e juntem-se no Campo do Pereiro. Mostre-se-lhes a Casa Falcão, exemplar de posteriores eras, e façam-se admirar retábulos, cruzes e demais adereços, ajoelhem-se os da nacionalidade em homenagem a Santa Maria da Vitória, que a Batalha está mais para sul, mas por lá repousa um pedaço da alma macedense. Conduzam-se ao sobranceiro de Pinhovelo, Piunero doutros tempos, alma Zoela doutros, talvez. Louve-se o Imóvel de Interesse Público e repense-se o abandono. Tracem-se longitudinais linhas até à dos Corvos, passagem pelo Cramanchão, desvio ao Sabor de pinturas únicas, parentes “fozcoenses”, quiçá. Cozam-se tégulas, lá para Salselas? Cruzem-se medievais pontes e artesanais fontes. E levem-se as tégulas por caminhos desenhados por romana gente, lá para os lados de Lamalonga. Saúdem-se germanos, preste-se homenagem a Vitiza e ao Egica progenitor. Homenageie-se a sacralização do Sobreirinho, legado único de incomensuráveis histórias não completamente desvendadas. Confunda-se a visão com o redesenho territorial, revivam-se aldeias perdidas no tempo e na extinção, sinta-se a vida em Carvas, Chorense, Chiqueiro, Paixão, Olgas, Crastelos e outras mais. Absorva-se a vida de uma história, ou a história de uma vida, na lendária Banreses. Escreva-se um novo capítulo no que resta do testemunho das pedras. Refaça-se a Terronha, outras mais, arquitecte-se vida, crie-se… Faça-se uma vénia aos concelhios progenitores da terra de Macedo. Nozelos, em terras de Arcas, que caixas não são… Cortiços, de mel só a textura da seda… Pinhovelo, ícone zoelarum, pinheiro velho de tempos idos… O Grande, Vale de Prados, ou umas quaisquer Casas Queimadas de engano… Sezulfe, reminiscências antroponímicas de germanos… Chacim, terra de meirinho-mor do reino, lendas de chacinas, mouros e donzelas, outras verdades virão, sem timbres associações… Venha mais um café, que se faz tarde e o auto parece não acabar. Acabou… O auto? Não… Acabou a Estalagem, isto foi só um sonho…

1 comentário:

deep disse...

É, de facto, uma pena que a Estalagem tenha fechado e que se tenha privado Macedo de um dos seus cartões de visita.

Aproveito para desejar que 2010 seja um ano feliz.

Saudações transmontanas! :)