Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







domingo, 27 de dezembro de 2009

Imperfeições

O Pai Natal passou de rompante, renas esbaforidas, motores do trenó gripados por excesso de nada. Ou um pedaço de tudo regado a ausência a sabe-se lá o quê. Talvez seja a magia que ande arredia. Ou talvez seja uma qualquer coisa que, por obra e graça de magias nunca inventadas, tenha operado uma inversão e passe a surgir uma cartola do coelho. Das orelhas, abas, ou a suprema negação de Darwin… Não é frustração, não é desilusão, é um qualquer híbrido assemelhado a “frustrilusão”, fusão de conceitos, simbiose de vazios num universo cheio. Pareceu Natal, soube a Natal, mas as semelhanças não estavam lá e os sabores tão pouco. O comodismo tem destas coisas. Fecham-se as torneiras da tradição, corta-se a corrente do ser. Provoca-se um curto-circuito nos dias e os dias sancionam com um interruptor numa posição ininteligível, não se descortinando se a luz está meio ligada ou meio desligada. Contingências de uma semana que está a terminar sem nunca ter começado. Foi estranho este Natal. Houve de tudo, preenchido com tonalidades de nada. Excesso de repetições? Talvez… Excesso de comodismo? Talvez, também… Excessos? Nem por isso… Houve família, desejou-se mais família. Surgiu a neve e as sensações do manto branco agudizaram o desejo de uma repetição nunca repetida. Veio a chuva e desejou-se o frio. Hoje o frio bateu à porta, veículos manchados a brilhante branco, e deseja-se a contradição da amenidade do termómetro. Que raio?!?! Vou-me embora e desejo ficar, ainda cá estou e sinto a ansiedade do regresso à terra adoptiva… Estarei a desligar-me de Macedo? Ou estará Macedo a pregar-me a partida de mostrar o lado obscuro ao filho pródigo? Ou não terei dado liberdade à rebeldia? Ter-me-ei rebelado contra a liberdade? Soa a insanidade, provinda de mente sã. Contradições ou imperfeições… Ambas ou nenhuma delas, ou apenas um devaneio momentâneo de quem se apresta para abandonar, uma vez mais, as raízes desejando ficar. Mais não fosse, para cumprir planos não cumpridos. Não me soube a tradição porque, estranhamente, ausentei-me da familiaridade da aldeia, neguei a vontade por excesso de zelo manifestado pelo aparente conforto. Vou amanhã, num qualquer amanhã sempre substituído pelo cadeirão onde agora me sento. Cousas do ser ou o ser das Cousas… Adorar os tons, detestar os sons. Idolatrar percursos locais, fugir de contactos pessoais. Sorrir à gente, fugindo de repente, num breve esgar de quem não quer estar, negando o mundo num abraço profundo. O paradoxo de amar não querendo estar, raízes quebradas por cavalgadas inacabadas. E um mundo proximamente distante, onde o sonho alado perdeu as asas na imensa vontade de voar, Ícaro dos dias onde o alto foi baixo, o grande foi pequeno, o tudo foi nada. Queimaram-se as asas, não ardeu o desejo de voar. Há sempre uma próxima vez, Quinta-feira, talvez. E um regresso ao velho mundo dos sonhos, onde as negações incentivam a arte de sonhar, sem as correntes do mundo exterior, sem as guilhotinas da vontade alheia, com o horizonte de um novo dia, repleto de pequenos nadas construtores de grandes tudos. Não foi um pesadelo, foi apenas uma forma arcaica de demonstrar que Macedo pode ter o gosto de sempre, se o sempre for desenhado a lápis do gosto. Desta vez, os traços surgiram grosseiros, sem nexo ou sentido, como se um risco à esquerda saisse impulsionado à direita, desenhando círculos esquinados e quadrados sem ângulos. Porquê? Cousas minhas, cumplicidades do ser, desvendadas em aromas a geada quente. Ou chuva em excesso numa terra de frio... Outras cores...

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