Bem Vindo às Cousas
Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Nostalgia evolutiva e fontes regressivas
“Conclusão: que podem esperar os macedenses de um executivo que não consegue resolver um problema de perda de água de um repuxo e de uma oposição que critica, mas também não apresentou solução?” Honestamente, não sei se existirá resposta possível à pertinente (?) questão em forma conclusiva (?) lançada pelas verrinadas do “Semanário Transmontano”. Todavia, os macedenses não deverão esperar o ressurgimento do Sebastianismo, na forma de algum jornalista-canalizador-empreiteiro com capacidade para solucionar o tema dos fontanários que também foram cúmplices do assassínio do Jardim. Como macedense, orgulhar-me-ia ainda mais da minha terra caso o único problema de que a mesma enfermasse se resumisse à existência ou inexistência de umas fontes com repuxo no local nobre da cidade. Em boa verdade, à custa dos malfadados repuxos, uma simples incursão ao multibanco saldou-se numa prova de perícia em forma de patinagem artística em chinelos de dedo… Reconquistado o equilíbrio e recuperado o fôlego, e após a utilização de alguma linguagem vernácula que, por decoro, não pode ser reproduzida, também eu fiquei com a sensação de que alguma coisa deveria ser feita. Não tanto pelo desperdício de água, mas pelo perigo iminente de contagem de degraus com o apoio traseiro, vulgo “nalgas”, transmontanamente falando… Porém, a minha alma fica em sobressalto por algo mais profundo… A História e as imagens dela guardada falam por si… Se os saudosos Dr. Falcão Machado, Padre Manuel Faria ou Dr. Armando Pires voltassem, por um dia, a olhar o Jardim, não seriam, quiçá, pródigos em encómios ao atentado paisagístico que, em sucessivas tentativas de homicídio, tomou conta da pretérita monumentalidade daquele espaço público. Suspeito que, ao contrário de uma parte da vereação municipal, lhes seria indiferente a visibilidade dos repuxos a partir da Rua Almeida Pessanha! Não deveriam ser visíveis de lado algum! Significaria isso que recuaríamos, numa espécie de misticismo temporal, a uma época em que Macedo vinha assinalado nos mapas como detentor de um campo de aviação e de uma estação ferroviária… Tempos em que o espaço nobre da cidade era uma ampla plateia de onde se desfrutava da visão da magnificência do Adamastor adormecido para os lados de Bornes. Tempos em que podia usufruir dos meus patins tendo como único obstáculo alguns grãos de areia dispersos, provocadores de travagens repentinas não programadas e de algumas odisseias de absorção da rispidez do cimento. Ou em que podíamos improvisar o recinto para a prática de futebol ou basquetebol, utilizando, abusivamente, a frontaria camarária como baliza ou cesto. Como rapazes conscienciosos, havia que manter a rede de espionagem, não fosse aparecer o Sr. Geraldes, acompanhado dos seus PSP’s, no velhinho Peugeot 504. O respeitinho pela autoridade ainda era muito bonito ou, em última instância, era-o pelos lambefes com que seríamos presenteados na eventualidade de uma queixa aos progenitores… Respeito não havia pela reconquista do arvoredo por parte do reino das aves. As noites eram preenchidas pelo abafado som de armas de pressão de ar com os projécteis a descartarem a pontaria afinada, tal era a facilidade com que se aplicava o “cada tiro, seu melro”. No final da caçada às cegas, os troféus artilhados à cinta seriam repasto numa arrozada no dia seguinte, que aquilo não era nenhuma manifestação de caça desportiva… Os momentos lúdicos extravasavam o vazio que hoje se sente, inúmeras vezes, no Jardim. As noites de Verão possuíam como imagem de marca a reunião do “povaço” para as sessões do “quino”. E para brincadeiras onde não entravam comandos de consolas… As elevações laterais da escadaria de acesso ao edifício da Câmara serviam de apoio ao “esconde-esconde”, ao “preto da Guiné” ou ao “arranca cebada, pra cima do mou cam’rada”… Nostalgias… Apenas nostalgias… De uma época em que o fundo do Jardim era povoado por exemplares de típica arquitectura, alheados da funesta substituição que lhes estava destinada pela elevação de uns mastodontes em forma de “fosforeira portuguesa”, despojados de qualquer sinal de bom gosto arquitectónico e alimentados pela irresponsabilidade, ingénua talvez, de quem achou que o progresso pode passar pela descaracterização urbanística a qualquer preço. Para grandes males, grandes remédios… E para bom entendedor… Como uma desgraça nunca vem só, havia que adulterar ainda mais a imponência do grande palco das noites macedenses. Os anos 90 do passado século revelaram até onde pode ir a devastação do bom gosto, cerceando um espaço que era único e castrando-o pela imposição de uma requalificação mal parida, alicerçada num conjunto de pérfidas jóias arquitectónicas, manchadas pela deslealdade à parca história de uma terra que, meio século antes, vira nascer a nobreza espacial de um conjunto de hortas, e da indómita vontade de um punhado de macedenses que, entre muitos outros atributos, primavam pelo bom gosto. Mesmo que essa primazia tenha tido a sua génese nos desígnios de um incêndio no antigo edifício camarário e na negação de um senhor ministro em empobrecer o erário público financiando a pequenez do original substituto. Grande visionário! Neste alvorecer de século, ao invés de estéreis discussões acerca de desperdícios de água ou de postais que os quiosques já não podem vender, seria mais salutar e profícuo reunir as hostes em prol do engrandecimento de uma terra e da sua gente, seguindo o trilhado por grandes obreiros macedenses. Mas isso seria um atentado à mesquinhez política e aos valores partidários… Como me mantenho alheio a esses valores, tenho consciência que “vozes de burro não chegam ao céu”. A algum lado hão-de chegar… É por isso que, em resposta a um convite de uma recente organização partidária, afirmei que o meu partido era Trás-os-Montes… Sou lírico, eu sei…
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17 comentários:
Ainda um dia nos havemos de conhecer!Por certo não ficarei desiludido.
Talvez nalguma noite com o património?
5º feira 17 de Setembro 21 h Museu de Arte Acra de Macedo. Falar-se-à de História de Arte.
Ou, quiçá, já nos conheceremos. A ser assim, garanto que não foi em Aljubarrota! Estando em terra adoptiva, não me é possível, com muita pena minha, marcar presença em actividades nas quais gostaria de o fazer. Contudo, as novas tecnologias abrem a possibilidade de troca de ideias. O mail das "Cousas" foi criado com esse intuito. Poder-se-á combinar um café numa próxima incursão que faça a Macedo. "Por certo não ficarei desiludido."
Quiçá!
Muito obrigado por nos referir nas "Outras cousas de Villar de Macedo".Estamos quase no final.
Talvez um bom sitio para nos georeferenciar-nos.
A ideia do café não é má, talvez numa próxima incursão que faça a Macedo.
Há referências que não se agradecem, merecem-se. Eu é que agradeço! Porquê? Paleolítico em Macedo? Gravettense? Talvez... Arte esquemática? Sim, talvez, também... Espondra, Xaires, Calcolítico na «'nha terra»? Bronze? Ferro? Romanização? Sairá ainda da cartola algum Buraco da Pala macedense? E haverá café no Núcleo de Salselas? Se houver, posso voltar ao Museu... Próxima incursão: 3 a 5 de Outubro...
Há de facto café no Nucleo de Arqueologia Municipal de Salselas.Não,não vem anunciado no site ou blogue da edilidade, nem o café nem a sala museu. Penso que também estarei por lá nessas datas.Paleolítico superior, é bem provavel!o resto é certo, neolítico, está no Santo Ambrósio, Xaires, está confirmado, este ano,apesar do dono nos ter lavrado o terreno, o único povoado aberto Calcolítico do norte de Portugal, melhor que o buraco da pala que é em gruta. E daí para a frente - 1ª Idade do Bronze - é só dar uma amostra do seu ADN para saber se é Desconci, Tridiavi, Visaligi ou Cabruageni, isto é de que família da tribo (Zoelae) Zela, á Portuguesa) fazia parte. Lamento informá-lo, mas nesta perspectiva, não é Tramontano mas sim Cismontano.
Até ao café.
Ainda antes do café.
Um agradecimento à referência. 93.352 visitas em 27 meses de contador é, provavelmente, o site com origem macedense e onde só se fala de cousas macedenses, mais visitado. = 115 visitas diárias.
Só se lamenta não estar devidamente actualizado, mas o tempo não dá para tudo.Lamento também, porque de certo mais de 90% das visitas não são efectuadas pelos Desonci, Tridiavi, Visaligi, Cabruageni ou quejandos.
A sequência de questões que deixei foram-no num âmbito de sentido orgulho pelo vosso meritório trabalho no desenterrar do passado macedense e pelo entusiasmo que o mesmo me gerou. Talvez os pontos de interrogação devessem ter saído de exclamação... A questão sobre o café já saíu noutro contexto: o da georeferência. Porque seria um prazer enorme poder trocar algumas ideias com um dos mentores do projecto? Seguramente! Esta observação surge porque fiquei com a sensação de ter existido uma interpretação contrária ao espírito entusiasmado com que deixei o comentário...
"Ainda antes do café"... Teria muito orgulho em ter ascendência numa das gentilitas signatárias de Curunda. Contudo, o meu fenótipo diz-me que a mesma deve antes provir dos que cunharam moeda em Laetera ou dos que fizeram de Toletum a sua capital. Por isso, deverei estar incluído nos 90% que incrementam o número de visitas ao vosso fantástico site e que não fazem parte da gens zoelarum. Mas é da terra deles o meu berço, não me importando, por isso, de ser um dos Clouti. Neste caso, Transmontano mesmo, ainda que não seja Cântabro.
Uma vez mais reitero a ideia de que eu é que tenho que agradecer. O vosso trabalho e os consequentes site e cadernos têm sido preciosos auxiliares na compreensão do que sou e no entendimento da génese da minha terra. Por muitos arrepios que me provoque a Mamoa, não descartaria o entusiasmo que me geraria a existência de um Buraco da Pala macedense. Mas, não se pode querer tudo, quando já se tem a Levada Velha, Xaires, a Fraga dos Corvos ou a Terronha. E quando se tem o privilégio de trocar umas ideias com um "Martim dos tempos modernos" com o qual a aprendizagem sairá, certemente, melhorada. E o projecto que tenho em mãos, também...
Descarte s.f.f a interpretação contrária e mantenha o espirito entusiasmado.
Com respeito à aprendizagem sair melhorada, aí é que já começo a ter muitas dúvidas.
A Etnogénese macedense está, para nós, na ordem do dia - ainda temos poucos dados, mas pensamos que fazer recuar um fio condutor 3.750 anos é bem prossível.
O buraco da pala é de facto um sítio de referência e bem escavado pela Maria de Jesus Sanches, mas a valoração em arqueologia é muito relativa - por vezes, não se encontrar nenhum registo é mais importante do que se encontrar.Mas essa conversa poderá ficar para o café.
Boa semana de trabalho, no tal projecto.
nota: não acredito na miscigenação entre Romanos ou Wittizas e (Desconci, Tridiavi, Visaligi ou Cabruageni).
A etnogénese é, de facto, um tema estimulante, pela complexidade que apresenta, comportando uma abrangência multidisciplinar fascinante. Ainda que sejamos detentores de marcadores genéticos específicos, somos uma miscelânea de haplogrupos, apesar da tendência de nos familiarizarmos, em termos de Y-Chrom e mtDNA, com o centro-norte europeu. Parece-me que a miscigenação terá existido, não sendo possível estabelecer o grau. Afinal, somos o resultado de conquistas e reconquistas. E, depois dos híbridos de Lapedo e Vindija, já acredito em tudo...
Pois é!, se for pelas vagas indo-europeias, mas... indo pela teses do "reduto Ibérico", pela nova TCP (Teoria da Continuidade Paleolítica) a malha aperta muito.
Claro que se formos pela linhagem matrilinear a tal mtDNA, chegamos a África.
Se partimos do pós-glacial já não é mau.
Para quem nada tinha, ter algo revela-se fantástico. Mesmo que se resuma à redução a uns poucos milhares de anos. Mas eu tenho um "defeito": sou demasiadamente ambicioso (particularmente no que às origens diz respeito). Daí, talvez, a euforia por, finalmente, ter alguém a falar-me do Alinei e do Benozzo! Mas eu também sou um género de asceta... Talvez, por isso, me entusiasme, de igual forma, o "reduto ibérico", assim como acredito nalgum substrato da Gimbutas ou na enormidade de Sykes. E o fascínio pela TCP é semelhante, desde que há uns anos tive acesso ao embrionário "Origine delle lingue d’Europe". Eu não disse que a minha aprendizagem ia melhorar? Esta troca de comentários é a prova factual.
Fica o desejo de uma boa noite com o património...
É pena ficar-se somente pelo desejo. Dia 22 de Outubro há mais, desta vez com a "história",
Na verdade, também eu tenho pena, mas outros valores se levantam. Talvez quando as "Noites" tiverem lugar a um fim-de-semana possa aparecer incógnito no meio da multidão. Até lá, limito a minha participação a "Cousar".
E a "Cousar" muito bem.
Até 3 ou 4 de Outubro.
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