Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







sábado, 12 de setembro de 2009

Tempos da persistência dos murmúrios


Macedo despiu-se, uma vez mais, de preconceitos e vestiu o seu traje de gala, cortado à medida da música de cariz tradicional. O ribombar vespertino que ecoava através das artérias macedenses arrancou-me do sossego e atirou-me para uma das esplanadas do centro. Foi efémera a estadia, à medida que pressentia o aproximar dos sons que me atordoavam o meu espírito com reminiscências celtas. O inigualável choro ancestral que emana das entranhas da gaita-de-foles atravessa-me a alma, anestesiando-me os sentidos. Uma súbita e indomável vontade de proximidade se apodera de mim, não resistindo a absorver de perto os sons que me deixam o cérebro, anormalmente, com "pele de galinha". O retorno ao conforto da esplanada transformou-se na brevidade da interrupção operada pela excentricidade de outra cultura. A melodiosa flauta andina não me autorizou a sorver a bebida que me saciava, colocando molas na cadeira onde repousava. O fascínio do choque de culturas... Um colorido distinto, pintado a tonalidades de um voo de condor... Feições do outro lado do mundo, provando a igualdade na diferença... Um aperitivo para o repasto musical nocturno. Onde um grupo de tocadores de bombos demonstrou o que deve ser um encontro de gerações e anunciou a entrada em cena da minha surpresa da noite: "Cantarolar"! Suspeitava que a presença de um grupo macedense no elenco do Festival, vocacionado para temas tradicionais, se devesse a mera cortesia. Espanto meu quando soam os primeiros acordes e constato que me equivoquei na prévia avaliação. Os "Cantarolar", mais que um grupo musical macedense, constituem um conjunto de gente com valor, talhado, talvez, para outros voos. E não me parece que o meu sangue macedense seja influência para a parcialidade... Outras sonoridades da terra me provocaram um recuo no tempo e me avivaram memórias da experiência infantil, quando o "Rancho" dava os seus primeiros passos. Estranhamente, três décadas volvidas não foram suficientes para apagar dos meus registos as letras que acompanham, ainda hoje, o reportório do grupo folclórico. Não revivi os passos dançarinos de miúdo com os conterrâneos, mas fi-lo, em jeito de voluntário à força, com os coloridos intérpretes vindos da Cordilheira dos Andes, num jogo de roda que me recordou que já não estou cá para grandes correrias... Por isso me instalei de novo no meu lugar, não resistindo a "abanar o capacete" à medida que sonoridades brasileiras e castelhanas invadiam a noite do "Anfiteatro das Eiras". Por fim, o sono levou de vencida o descendente mais novo, constrangendo-me a um abandono forçado, relembrando-me que o único senão deste festival se resumiu à gritaria de outros descendentes enquanto decorria a actuação dos grupos nele presentes... Enfim... "Tadinhos dos putos"... E "tadinhos" dos que têm que "gramar a pastilha" de ouvir os berros dos filhos dos outros...

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