Bem Vindo às Cousas
Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :
sábado, 26 de setembro de 2009
LAMAS - Em Busca do Vocábulo Perdido…
«Lama, s.f. Terra mais ou menos molhada e mais ou menos suja; lodo…» Com maior ou menor variação, é unânime a aceitação do significado do vocábulo “lama” (excluindo daqui a vertente zoológica, religiosa e da gíria). Há muito que a filologia procura a origem etimológica desta “suja” palavra que entra na toponímia de perto de um milhar de locais (restrinjo-me aos que eu descobri), distribuídos, como se verá, por uma extensa área, ainda que limitada geograficamente. Seja na singularidade de “lama”, passando pelo seu plural “lamas” e pelas derivações daí advindas, tais como “lameiro”, “lamedo”, “lamarão”, “lameirinha” e outras mais que aqui não cabem. Reportando-nos ao distrito de Bragança e restringindo-nos apenas à nomenclatura de povoações, temos, para além das macedenses Lamas e Lamalonga, Vale de Lamas, freguesia de Baçal (Bragança), Lamas de Cavalo, freguesia de Alvites e Lamas de Orelhão (Mirandela) e Lamoso, freguesia de Bemposta (Mogadouro). Já no que respeita a Portugal, para lá da histórica e simbólica freguesia de Sta. Maria de Lamas (Sta. Maria da Feira), verifica-se uma prevalência do topónimo na Zona Norte, ainda que possa ser detectada uma Lamas no estremenho concelho do Cadaval. Esta constatação possui correspondência na proliferação de topónimos derivados de “lama” nas setentrionais Galiza e Astúrias, estendendo-se os mesmos, num menor grau, às também nortenhas Álava e Biscaia. Extravasando as fronteiras ibéricas, o país que oferece mais exemplares é a Itália, particularmente na sua área Centro-Oeste, onde podemos encontrar, entre outros, Castel di Lama, o antigo “Castrum Lamae”, na região de Marche ou Lama dei Peligni, na vizinha região de Abruzzo. Nas restantes regiões europeias verifica-se uma quase ausência, isto se exceptuarmos a “anormal” Lamas no condado inglês de Norfolk, Lama na francesa ilha da Córsega ou uma lexicalmente distante Laim, na Baviera alemã. Existe ainda, na Anatólia turca, o rio Limonlu Çayi, que também toma o alternativo nome de rio Lamas, derivação da sua nomenclatura nos tempos da existência da romana província da Cilícia, onde tomava o nome de Lamus ou Lamos. Efectuada esta breve viagem geográfica ao presente, e não sendo possível determinar a real antiguidade de Lamas (de Podence), para além das conjecturas advindas das anteriormente referidas Inquirições de 1258 e da presumível existência de um ancestral povoado, a partir do topónimo “Cristelos”, faça-se uma “extrapolativa” viagem ao passado longínquo, a partir da existência de memórias que nos hão-de remeter para a polémica existente à volta da génese do vocábulo “lama”. A começar por Ptolomeu e Estrabão, com paragem na já mencionada Cilícia e na região atravessada pelo rio Lamas. Ambos referem, nas suas “Geografias”, a existência da cidade Antiochia Lamotis, na desembocadura do referido rio, capital da anciã região de Lamotis. À posteriori, ficará aberta a possibilidade do atrevimento de associação desta remota referência… Saindo da região turca e regressando à Península Ibérica, o primeiro dos autores faz menção á existência da cidade de Lama no território dos Vetões, povo pré-romano, fronteiro dos nossos ancestrais Zoelas e com o qual “mantivemos” estreitas afinidades, nomeadamente no que, entre outras coisas, aos “verracos” e “petras fincatas” diz respeito. Descendo um pouco à quase vizinha região viseense, a ainda hoje enigmática inscrição de Lamas de Moledo, um misto de linguagem latino-lusitana (ou latino-leukanturi, como os puristas da raça gostam de lhe chamar), mostra-nos uma ainda mais enigmática Lamaticom. O recurso ao “Corpus Inscriptionum Latinarum” faz-nos adivinhar uns dedicantes provenientes de alguma “Lama” (será a dos Vetões de Ptolomeu?), já que se identificam, em duas inscrições, como “Lamensis” numa e “Lamesis” noutra. Sublinhe-se que nada do descrito até ao momento se refere directamente à actual povoação de Lamas, no concelho de Macedo. Serve, tão só, para atestar a antiguidade de topónimos derivados de “lama” e para servir de apoio às conclusões que hão-de justificar a polémica em torno da geração do vocábulo que aqui é motivo de “dissertação”. Avançando no tempo, o presumível Concílio de Lugo, pretensamente convocado pelo suevo rei Teodomiro no ano 569, traz à luz um “Campum de Lamas”, ao abrigo das definições de “comitatus” na “Gallaecia”. Já a História Compostelana faz referência à “Ecclesiae S. Juliani de Lamas”. No ano 875, numa doação de Afonso III, o Grande, surge “Villare Lamas”. Já a sua descendência doa, em 912, a “Villa Lamas” ao mosteiro de S. Salvador de Lérez. Ainda dentro deste âmbito, Ordonho II dá, em 921, “Sancti Joannis de Lama” a S. Salvador de Oviedo. O “Livro de Testamentos de Lorvão” traz o feito por Gunzaluo Mendiz em 981, detectando-se uma “uilla Lamas” no seu conteúdo. Pouco mais de um século após, mais concretamente em 1099, numa venda de Rodorigo Goesteiz, registada no “Araucensis Monasterii”, repete-se a “uilla Lamas”. Já no séc. XII, Afonso VII, o Imperador, primo do nosso Conquistador, faz entrar nas divisões da “Ecclesiae Menduniensis”, “S. Martinus de Lamas”. Pelo exposto até aqui, não é difícil concluir a vetustez do que terá dado origem ao baptismo de Lamas. No entanto, só meio caminho está percorrido…
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Excelente esforço de compilação de dados.
Cá por nós chegámos a antroponímia Tibetana em referência ao Dalai "Lama"
A prospecção feita ao facho " talvez atalaia, talvez mais para trás" foi efectuada no adjacente.
Curiosidade satisfeita relativamente ao "Facho"... Obrigado pela adjectivação do esforço mas, honestamente, sou incapaz de confundir prazer com esforço. Como referi, afastei-me de significados religiosos, zoológicos e de gíria. Mas parece-me interessante essa questão do Tibete.
Com respeito ao outeiro da Nossa Senhora do Campo, não foi prospectado, penso que não haverá muito a prospectar, fizeram o favor de o rapar, mas foi escavado como deve saber e lá se encontrou um cunhal e um piso (empedrado) que se pensa ser da antiga ermida onde por cima se construiu a capela, mas pode ser de uma atalaia ou qualquer outra construção. Defendo contudo a primeira hipótese.
Talvez um dia se possa escavar o altar mor, mas por agora será melhor deixar para mais tarde.
A propósito, por essa altura , 2003, impregenou-se as tijoleiras dos pilares com um produto quimico para as consolidar, deixou-se mais produto e um pulverizador à comissão fabriqueira, para que, anualmente fizesse uma aplicação. Pergunta, sabe o estado em que estão?
Numa das minhas últimas incursões ao interior da capela, verifiquei que algum do material constituinte das juntas se soltava. Como sabia da "história do Tegovakon", questionei um dos elementos responsáveis pela manutenção do recinto. Obtive como resposta que teria estado lá um técnico a tratar "daquilo" com um "produto". Como passarei por lá no próximo fim-de-semana, não custa nada indagar.
Enviar um comentário