Bem Vindo às Cousas
Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Bagueixe – nanocontadores de histórias, histórias contadas e um pouco de toponímia
Há projectos cujo término desencadeia em mim uma onda de indignação, num processo revolucionário interno em que a principal vítima é, infelizmente, o teclado. O JI de Bagueixe era mais que um jardim infantil. Era um mundo único onde os sorrisos de um punhado de crianças tinham o condão de embriagar de vida os dias da D. Aurora, da D. Maria do Céu, da D. Ana. E do Sr. Narciso, incansável nas suas demonstrações à pequenada de tarefas como a ceifa ou a malha. Sem dar por isso, ia seguindo as aventuras e desventuras, eu próprio fascinado pelas descrições da miudagem, devidamente acompanhada pela educadora de infância (à qual tiro o meu chapéu!), no moderníssimo blog do jardim da infância, qual novela da quebra do enguiço do isolamento dos tempos modernos. E sorria… E, por vezes, dava asas à imaginação e substituía o Sr. Narciso no seu papel de educador de tradições, debaixo do seu chapéu de palha ou do seu boné. Sentia que aquela pequenada era uma digna herdeira dos valores e tradições da ancestralidade. E a mesma retribuía a transmissão dos valiosos ensinamentos com o sorriso transportado através de um projecto de leitura à soleira das portas. Até que… Até que, um dia, recebi a notícia que alguns dos catraios, dando lógica ao natural processo de crescimento, devem ter passado para outra etapa, reduzindo o número de possíveis frequentadores do JI Bagueixe a três. Segundo a economicista política educativa, feche-se o estabelecimento de ensino, por insuficiência de alunos! Não discuto as vantagens ou desvantagens que possam advir desta política de terra queimada. Seja ela consequência ou causa… Ou pescadinha-de-rabo-na-boca… Os três alunos saltam, compulsivamente, para a vizinha freguesia de Morais, reduzindo um pouco os estragos. E os idosos? A quem vão oferecer agora as miniaturas de cegonhos e malhos? A quem vão ensinar a ceifar o centeio e a malhar as espigas? A quem vão recorrer para terem a sua "hora do conto"? Honra seja feita à mentora do projecto, porque já manifestou a sua diponibilidade em se deslocar ao extremo concelhio oriental, persistindo nas actividades de leitura, e ao presidente da Junta de Freguesia de Bagueixe que se oferece para providenciar a respectiva deslocação… Há terras assim… Em boa verdade, nunca estive em Bagueixe (contrariamente ao normal, as fotos que acompanham este post foram “surripiadas” a alguns “sites bagueixenses” – vá, é por uma boa causa)… Mas esta pequena homenagem a uma instituição de uma aldeia do meu concelho, bem como aos seus mais (in)experientes habitantes, despertou uma curiosidade histórica da minha infância… Como julgo acontecerá à maioria das pessoas, a onomástica pode gerar afinidades com nomenclaturas que, ou pela sua extensão, como acontece com Freixo de Espada à Cinta, ou pela sua fonética, nos marcam de forma curiosa. Em criança, englobavam-se neste segundo conjunto, Gebelim e Bagueixe. Achava os nomes inusitadamente pomposos! A primeira, por fazer parte de outro âmbito concelhio, não é para aqui chamada… Já Bagueixe… se engloba naquele conjunto de freguesias que, umas mais tardiamente que outras, fazem parte da história do meu concelho. Esta abordagem a uma realidade distinta que terminou, serviu de pretexto para algo que já andava para trazer aqui há algum tempo. Uma espécie de dois em um… Em primeiro lugar, uma justa e merecida palavra elogiosa ao estudo “Toponímia Rústica do Concelho de Macedo de Cavaleiros”, levada a cabo pela “Associação Terras Quentes”. Em segundo, uma singela contribuição para essa extensa lista, onde o termo “Bagueixe” surge catalogado com um “sem proposta de sinonímia”. Na altura em que recorri ao referido estudo toponímico causou-me estranheza tal facto. Particularmente porque Bagueixe, não possuindo, ao abrigo do levantamento arqueológico-histórico levado a cabo pela mesma associação, um património que faça suspeitar da antiguidade da povoação, a verdade é que a mesma engloba o pelotão dos “veteranos” da História de Portugal. Não por feitos ou acontecimentos de singular relevo, mas, simplesmente porque há sinais inequívocos da sua existência e do seu povoamento desde, pelo menos, o início do séc. XIII. A começar por um duvidoso «BAGEISJ» de 1231, prosseguindo nas Inquirições de 1258, onde surge como «BAGAIXE», «BAGEIXE», «BAGUEYXE» e «BAGUEIXE», surgindo nas de 1290 como «BAGUEIXI» e «BAGREXI». Havendo sinais de ancestrais bagueixenses, nas pessoas do cavaleiro «PERO LOPEZ» que “gaanhou” o casal dos filhos de «JOHAM MARTIJNZ» ou de «PETRO AYRAS» e seus descendentes que, à semelhança do habitual para essa época, “filharam” a igreja de S. Vicente de Bagueixe e fizeram-na, por força, sufragânea da de Castro Roupal, doando ainda algumas propriedades à Ordem do Hospital. Que, pelos vistos, não eram os únicos freires gananciosos: a Ordem do Templo também tinha direito ao seu casal… Mas a história de Bagueixe deve remontar a períodos anteriores. Não querendo dar um passo maior que a perna, o célebre Abade de Baçal faz menção ao topónimo “Cruzes de Castro”, mesmo que o tempo o tenha apagado da memória… Como não creio que haja fumo sem fogo e não acredito na existência de poder inventivo no “abade historiador-arqueólogo” (mesmo que tenha tido alguns equívocos próprios do início do séc. XX)… Deixando de lado a possibilidade da existência de algum castro nas imediações de Bagueixe e avançando um pouco no tempo… Dois representantes do clero do séc. XIX, nos seus estudos de vestígios de língua árabe em Portugal, avançam para a possibilidade de uma derivação do nome “Bagueixe” do árabe “Bachueixe”, diminutivo de “Bochxon” (buraco). Estaria Bagueixe num buraquinho? A verdade é que, nos dias de hoje, isolado como está, não deixa de se poder dizer que está enfiado num buraco… E bem se pode dizer que os resquícios árabes não se limitam à possibilidade de contribuição para a toponímia. O mundo fantástico das histórias de mouras encantadas está repleto de míticas narrações e Bagueixe não foge ao contributo para a existência das mesmas, havendo relatos que referem a história de um “Zé-da-Moura”, piedoso caçador que recolheu uma das fugitivas árabes do Monte de Morais, casando com ela e dando origem ao apelido Moura… Já que se faz menção a apelidos, o que dizer da existência do apelido Bagueixe? Não sendo comum, o mesmo ainda existe hoje na realidade portuguesa. Bem como no país vizinho, onde prolifera, estranhamente, na província de Álava (será dos néctares da Rioja?...). A Terceira Alçada das Inquirições de D. Afonso III faz menção a uma transacção do tempo do seu antecessor, o irmão D. Sancho II, na qual entra uma “Maria Michaelis bagueixa”. Mesmo ocorrendo esta transacção em região duriense, torna-se evidente que já no segundo quartel do séc. XIII surgia uma expressão semelhante etimologicamente a “Bagueixe”. Atendendo à formulação dos nomes neste período, é de supor que esta “Maria” seria oriunda de alguma povoação com o nome “Bagueixe”, não sendo de descartar a hipótese de esta corresponder à actualmente existente no concelho de Macedo de Cavaleiros. A outra probabilidade reside na paróquia de Tirimol, província de Lugo, em plena Galiza, numa aldeia com o nome “Bagueijos” ou “Bagueixos”. A sua primeira referência remonta ao séc. VIII, na doação de uma vila, por parte do bispo Odoário, ao abrigo das presúrias, e em cujas confrontações consta o “Castro de Bagasius”. Daqui se pode presumir que a origem do nome “Bagueixe” derivará de “Bagasius”, formado a partir do nome latino “Bagasus”? Provavelmente... A "terra de Bagasius"... Ou, simplesmente, "Bagasii"... Confusões toponímicas à parte, a verdade é que se o Jardim de Infância de “Bachueixe” não tivesse encerrado portas, não me teria estendido tanto. Um destes dias, abrirei as portas a outras histórias e... à Banda de Latos de “Bagasii”…
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
15 comentários:
Agradeço a referência que faz ao trabalho que desenvolvi com as crianças e população da aldeia de Bagueixe. Para mim foi um verdadeiro privilégio ter lá exercido funções docentes. Espero que um dia venham a ter o tão almejado Centro de Convívio para os idosos!
grata pela sua atenção.
Helena Subtil
Cara Helena, costumo dizer que há referências que não se agradecem. Simplesmente, merecem-se. É este o caso... Privilégio, foi, para mim, ter tido a oportunidade de acesso ao relato do resultado do exercício das suas funções. Fosse a dedicação de todo o corpo docente da mesma igualha e o futuro geracional estaria garantido em termos educativos. Grato estou eu pela inequívoca demonstração de que é possível dar vida ao isolamento de uma aldeia do meu concelho. Parabéns pelo seu trabalho! E incentivo-a a que persista no entusiasmo.
De facto o levantamente efectuado foi à toponimia rústica do Concelho, deixando de parte, para posterior análise as zonas "urbanas" entenda-se sedes de freguesia, daí Bagueixe e as outras 37 terem ficado de fora.
Isto porque o palimpsesto ocupacional das sedes de freguesia do Concelho ser quase integral, isto é, existem 32 sítios arqueológicos ou por baixo e bastante perto delas.
Acabou-se de entregar um estudo relativamente à freguesia de Edroso, como também já se tinha feito à freguesia de Ferreira.
O seus comentários àcerca das origens da toponimia de Bagueixe está muito bom, penso todavia que não deve descartar a hipótese do vocabulário dos nossos amigos que bateram moeda em Leatera. Mas quem sou eu para indicar caminhos a quem os sabe melhor do que eu.
Quanto à toponimia àrabe, Berbere, ou Mauri existente no Concelho, não se traduz arqueológicamente, já que a norte do douro e mormente em trás-os-montes não existe nem um registo do seu assentamento ou passagem que seja.
afinal não foi até 3 ou 4 de outubro.
Penso que devia abrir os cordões à sua bolsa e associar-se a ATQ, basta ir ao site e fazê-lo, desde já muito obrigado, pela página de Bagueixe e pelas outras também
Caro descendente do Mizuarte, para lá de Bagueixe, só me dei conta de terem ficado mais 6 freguesias de fora, a saber: Bornes, Edroso, Murçós, Peredo, Podence e Sezulfe... Nesta última é, para mim, facilmente detectável a influência dos "Vitizas". Quanto à etimologia de Bagueixe, e como bom aprendiz, ficaria grato por uma maior iluminação, já que não consigo descortinar a proveniência da influência dos amigos de Laetera. É verdade que os vestígios de presença árabe se reduzem, praticamente à toponímia. Mas, entre outras coisas, não deixo de estranhar a existência das "al-talai'â" de Candaira, Inculcas, Vimioso e Alpajares. Ou a passagem literária que diz "...el Wali de Alisbona habia salido en cavalgada contra los Walies de Lamico, Alfandica e Alfereda, que mantenian la frontera del Duero...". A ausência de provas não é prova da sua ausência, não é verdade? Quanto à minha bolsa, a dita está desprovida de cordões... Como tal, fica o agradecimento pela sugestão. Será algo a ponderar.
De facto o meu ascendente Gomes Eanes por alcunha o “Mizuarte” confrontou-se em Toledo com árabes, berberes, mauris etc.
De facto a ausência de provas não é prova da sua ausência, mas enquanto a prova não chega talvez seja mais avisado, a não existência.
Peço desculpa pelo apelo que fiz aos seus cordões.
Não tem por que pedir desculpa. Ainda que a bolsa não tenha cordões, terá outras coisas e não tem "bachueixes" no seu fundo. Por isso, o apelo não caíu em saco roto... A pretensa islamização do Nordeste é , na realidade, um tema obscuro, apenas materalizado na toponímia e nas tradições. E, ainda que por lá tenham passado os "iuçufes", de pouco tempo dispuseram para deixar grandes marcas. Já que mencionei toponímia... Ficarei a aguardar as sugestões de origem goda para Bagueixe... Pode ser que me convençam a associar-me à ATQ...
«Acima de tudo, na vida, temos necessidade de alguém que nos obrigue a realizar aquilo de que somos capazes. É este o papel da amizade» Emerson (desculpe o plágio da citação), foi neste sentido que falei nos cordões.
Com respeito à islamização do Nordeste estamos de acordo. Não querendo ser polémico, será sempre a arqueologia a ter a primeira palavra.
Estaria longe das minhas conjecturas ver aqui aplicada a citação do "escritor-transcendalista". Agradeço-a... Nunca vejo polémica nas coisas. Vejo sempre um forma de acrescentar valor a outra citação: "conhecimento real é saber a extensão da própria ignorância" (esta, confuciana). Qualquer polémica implicaria que não seria capaz de respeitar a minha máxima das 3 razões: a minha, a outra e a correcta... Ou o acordo no desacordo... Ou estar sempre aberto à aprendizagem... Quanto mais sei, mais ignorante me torno... Por isso insisti nas "vitizices" influenciadoras de Bagasii... E, curiosamente, para mim, a Arqueologia não tem a primeira palavra, tem a última... É mais grandioso confirmar suposições que levantá-las...
Acabei de insultar o Emerson, inventando o "transcendalismo"... Cousas de rever no pós ao invés de o fazer no pré...
De facto o João de Sousa e o José de Santo António Moura, em 1830 (estávamos no auge das atribuições dos mitos e histórias sobre mouros a tudo o que de mau ou mal se passava) deram a sua interpretação sobre as origens do topónimo Bagueixe, fazendo a sua colagem aos vestígios da língua arábica em Portugal. Também sabemos que a linguística se pretender ser uma ciência não pode alinhar com histórias ou mitos, a arqueologia também não, mas vai lá beber.
Se bem me lembro o que disse acerca do seu escrito foi:
“Os seus comentários acerca das origens da toponímia de Bagueixe estão muito bons, penso todavia que não deve descartar a hipótese do vocabulário dos nossos amigos que bateram moeda em Laetera”.
Entenda-se somente o seguinte; qual seria a influência da língua germânica neste, como noutros topónimos, a exemplo Bousende. Mas fi-lo sempre de forma tímida, já que não estou nas minhas águas e aqui o nosso cavaleiro andante poderia de forma mais categórica resolver o assunto, daí a razão dos cordões.
Quando deixei esta porta aberta foi pelo facto de ter tropeçado numa entrada que para aí me remetia, mas como neste momento estou na minha terra adoptiva, ainda não encontrei o raio da porta.
Uma explicação: o tal estudo da toponímia rural, mesmo pioneiro, pretendia sobretudo ajudar as equipas que estiveram em campo no projecto da carta arqueológica do concelho, daí ter existindo uma grande preocupação em objectivar o trabalho interpretativo nesse sentido. Também, como sabemos uma carta arqueológica é sempre um trabalho inacabado em todos os aspectos. Assim, esta sua apreciação sobre Bagueixe, se não se importar, com a devida ressalva da autoria, irá direitinha para a nossa base de dados.
Que algo fique devidamente registado: a ser autor, limito-me a sê-lo de uma compilação de conhecimentos (estará reunida, lá para 2013 - uma data simbólica para Macedo - no meu maior legado à minha descendência e a quem a quiser ler). Desde que o Dr.Armando Pires nos ofereceu um original de 1963, que procuro entender o fascínio que a data do arco da Igreja Paroquial (1861) em mim exerceu, ainda imberbe. A busca das raízes transformou-se num projecto de vida, que ganhou ainda mais cor a partir do momento em que, para lá do fascínio do original de 1909 do 1º vol. das "Memorias Archeologico-Historicas do Districto de Bragança", bem como dos seguintes, surgiu uma Associação a resgatar outras memórias. Se já andava numa roda viva, onde entravam Avieno, Plínio, Ptolomeu, Mela, Estrabão, Isidoro, Idácio... E Fernão Lopes, Carvalho da Costa, Viterbo, Baptista de Castro, Gama Barros, Alexandre Herculano, Fortunato de Almeida, Pinheiro Chagas, Mendes Correia, Damião Peres, Virgílio Correia, Oliveira Martins, Oliveira Marques... Acrescidos de José Mattoso, Hermano Saraiva, Veríssimo Serrão, Vitor Gonçalves, João Zilhão, Mª Jesus Sanches, os Oliveira Jorge, Jorge Alarcão, Cunha Ribeiro... Não esquecendo os "nuestros hermanos" Blázquez, Gorbea, Basch, Palázon, Bellido, Pedreño, Tovar, Cainzos, Alberto... Entre muitos, muitos outros... Nessa roda viva passaram a entrar outros nomes... Carlos Mendes, numa fase inicial... E, depois, Senna-Martinez, Pedro Barbosa, Balcão Vicente... E Martim Gonçalves de Macedo, seja na versão histórica ou na versão "nickname"... No meio de tantos sábios, neste momento, continuo a saber que nada sei...
Não tenho pejo em partilhar o pouco que sei. A abrangência interdisciplinar leva à tentativa de compreensão do particular a partir do todo... Ou, por vezes, o inverso... Fico grato pela inclusão das minhas compilações, neste caso, sobre Bagueixe... A filologia sugere que lhes podem acrescentar uma provável derivação do vocábulo latino "baca" (baga)... Neste caso, ao contrário de Bousende ou Sezulfe, não consigo descortinar influências "vitizas"... Nem eu, nem, até agora, ninguém (que eu saiba). Voltando à "arabização"... O que dizer de Arrifana? Será a "Murta" (ar-rihanâ) dos árabes? Ou terá sido a terra de alguma D.Arriana (à semelhança de uma das filhas da célebre D.Mumadona Dias?). E o quase vizinho concelho de Murça? Terá "Muça" passado por lá e fundado o povoado? Virá do epíteto de Vénus em Roma (Muça ou Murcia)? Terá algo a ver com o berrão, que o não seria, sendo antes uma ursa? Ou, tal como Arrifana, virá da já mencionada murta (myrtea=> murtea=> murcia => murça)? Transpondo para a realidade macedense: e Murçós? Muça, plural de Murça, irmandade com a meridional Murcia? O fascínio das incógnitas... Terá Muça deixado as suas impressões digitais em território transmontano no regresso de Compostela? Ou tudo não passa de histórias de "Penas Mouriscas"? Sei lá...
Penso que, por uma questão de elementar justiça, terá que acrescentar ao panteão indicado, os seguintes nomes, que desde 2003, tem andado a trabalhar a anamnese do concelho de Macedo de Cavaleiros nas valências de, História, História de Arte, Antropologia, Arqueologia, Arquitectura, Conservação e Restauro, Geologia, Paleobotânica, Arqueometalurgia etc .
Vitor Veríssimo Serrão, António Ventura, Marques de Almeida, José Ventura, Hélder Carvalho, Patrícia Pinheiro, Miguel Sanches Baêna, Maria Jesus Sanches, Vitor Gonçalves, João Inácio Caetano, Lília Silva, Lécio Leal, João Tereso, Helena Barranhão, Ana Gaspar, Mafalda Jorge, Sofia Figueiredo, Fátima Bento, Liliana Pereira, Liliana Rio, Raquel Henriques, Tiago Oliveira, Ricardo Naito, Cátia Carvalho, Filipa Leite, Fátima Santos, Sousa Cardoso, Joana Resende, Nathalie Ferreira, Jaime Gonçalves, Carlos Morgado, Clareana Marques, João Pedro Ribeiro, Luís Alexandre Rodrigues, Catarina Alves, Miriam Gonzalo, Sérgio Abelha, Isabel Lopes, Graça Rodrigues, Belmira Mendes, Horácio Maia e Costa, Carolina Barata, Paulo Patrício, Bernardo Patrício, Miguel Mendes, José Patrão, António Nabais, Pedro Sales, Manuel del Olmo, Vanda Ramalho, Vicente Cardoso, Henrique Ferreira, Catarina Gonçalves, Fernando Madeira, Rui Caetano, Carla Matias, Márcia Diogo, Olga Antunes. Para aqueles que me esqueci, um pedido de desculpa. Não esqueço contudo o milhar de alunos das mais diversas universidades do País e do Estrangeiro, que de forma voluntária e abnegada tem trabalhado a história Macedense.
Depois de todas estas ajudas, continuo a saber que nada sei. Desenterraram-me, estão a reviver-me e, mais que não fosse por isso, estou-lhes agradecido.
“Heinz Halm, teoriza, Al-Andalus seria uma arabização do nome dado pelos Visigodos à Bética. Quando estes se fixaram na Península Ibérica, os senhores visigodos dividiram a terra conquistada em lotes, aos quais chamaram Sortes Gothica. A forma singular deste nome, Gothica sors, que era também por eles usada para se referir ao reino visigodo, tinha como seu equivalente na língua goda a forma landa-hlauts, de onde derivaria Al-Andalus”. Isto a propósito das “Sortes de Lamas”, será que foi uma ideia vittiza?
Quando Abu Amir Muhammad Ibn Abdullah Ibn Abi Amir, Al-Hajib Al-Mansur, vulgo Almançor no verão de 997 foi destruir Santiago, o que se sabe é que reuniu tropas, vindas dos sul, em Cavas de Viriato (Viseu) e flectiu por ocidente, roçando Braga, o espólio foi dividido nas Cavas e cada um foi à sua vida. Mas 3 anos antes tinha ido fazer uma visita a León e aí? Poderá ter passado cá pelo burgo, por certo que não foram de TGV, mas também não se acredita que se tenham apaixonado pelo Azibo de tal forma que os retivesse por aqui uns tempos. Mas como diz, não há fumo sem fogo, e muito gostaria que um dia chamuscasse os pêlos por uma causa como esta.
Bastantes dos nomes mencionados estavam incluídos no "Entre muitos, muitos outros"... As "Sortes" de uma das minhas terras de eleição? Nunca se sabe se o sr. Podêncio não sofreria a influência de algum "vitiza" e não terá instruído os de Lamas e os de Castrelos a seguirem a Lex Visigotorum... Estando as pestanas incluídas no grupo da pelagem, já chamusco q.b. os pêlos por esta causa. Fique descansado que, tal como disse, não tenho pejo em partilhar o pouco que sei... Nem em absorver o muito que todos os que constam na lista sabem. Caso contrário, como poderia eu saber, por exemplo, do Triticum e da Vicia Faba na Terronha? Contudo, como já por aqui afirmei, a minha ambição relativamente á compreensão das raízes, inclui viagens à Linguística, à Genética, à Geomorfologia, aos Paleoclimas e a todas as disciplinas que me permitam entender o chão que piso, o ar que respiro, o relevo que vejo e aquilo que sou. E, como não sou egoísta, a aplicação estende-se a toda o indígenas da "bota concelhia"...
Enviar um comentário