Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Cousas do Carril Dourado

Caso existisse uma palavra que condensasse a ideia de "medo a Portugal", esse vocábulo passaria a fazer parte do meu dia-a-dia. Se quem tem medo de estar fechado, tem direito a sofrer de claustrofobia... Se quem receia aranhas, pode sofrer de aracnofobia... E assim por diante, porque não há-de existir um qualquer erudito a inventar uma qualquer "lusofobia" ou "calefobia", ou coisa parecida? Podia aproveitar-se um tal de acordo ortográfico, acrescido da anedota que representamos para os brasileiros e inundar o novo dicionário com neologismos designativos dos portugueses. No meu caso particular, bastar-me-ia a invenção vocabular de "tugafóbico". Podem os mais nacionalistas questionar-me, legitimamente, porque continuo por cá. Eu respondo: porque ainda não tive oportunidade para sair!!!
Vem tudo isto a propósito do "carril dourado". Ignorância minha, que só conhecia o congénere "apito". E ingenuidade, minha também, pensando que a chico-espertice tinha sido irradiada - na versão de alguns jornalistas que querem colocar os árbitros a "botar" luz - e erradicada, na minha humilde versão. Estava mesmo convencido, "combencidinho" - convenha-se - que as travessas e carris que faltavam nalguns troços da defunta linha do Tua, entre Mirandela e Bragança, teriam sido retirados pela REFER. Então não é que foi uma empresa de Ovar (de Ovar?) a cometer tal feito? Não compro mais pão-de-ló e amanteigados da dita terra! Ainda me sai a fava de alguma lasca de madeira ou de algum "cibo" enferrujado... Assim, como que passando por ignóbil, só "num me chaldra" a ´stória da dita REFER reclamar 480.000 Euros de prejuízo. Assim como que, mais "tusto menos tusto", "nubent'i seis mil contos"??? Então, se aquilo que roubaram valia tanto "pastel", porque não tomou a REFER a iniciativa de o retirar antecipadamente? Iam deixá-lo apodrecer até quando? Não é por nada, mas parece-me que começo a entender como os "chico-espertalhões" enriquecem à custa dos "chico-espertinhos"... Dá para perceber a minha "tugofobia"?

domingo, 2 de novembro de 2008

Crónicas de além-Marão


Estes fins-de-semana azedam-me a alma. Reafirmo o que já anteriormente explanei por aqui: Macedo faz-me bem. O que me faz mal é o regresso, especialmente quando o mesmo coincide com os magotes de gente que regressam à terra para mais uma manifestação de vaidade a propósito dos entes que, infelizmente, já cá não estão. Já não me recordava da utilização de linguagem tão vernácula enquanto percorria, uma vez mais, o arcaico IP4. A sério!!! Fico possuído por uma qualquer limitação vocabular sempre que tenho que percorrer quilómetros a fio atrás de gente que não sabe circular a mais de 60/70 Km/h e que, para além de me atrasarem a vida, ainda se atrevem a ultrapassar-se uns aos outros a velocidade de caracol, colocando em perigo os que vêm em sentido contrário. Como já efectuei a confissão pública, sinto um suave aliviar do peso que os f..... e afins me provocaram... Adiante...
Não gosto do dia 1 de Novembro. Não pelo que representa, mas porque não preciso dele para prestar homenagem aos que já me deixaram. Essa, presto-a diariamente e sempre que acorro a terras macedenses. Dispenso a manifestação pública de hipocrisia, particularmente a daquela gente que passa um ano a deixar acumular folhas secas, pó e velas gastas nos locais onde repousam os seus entes queridos. Chegado o dia 31 de Outubro, renovam-se os votos de que a "campa do meu qualquer coisa" tenha o arranjo floral mais bonito da freguesia e arredores. Não vá o povo criticar... E, na verdade, desde que, há uns anos saí ensopado dessa manifestação pública, enquanto o "ministro" fazia a sua digestão resguardado debaixo do tecto da capela, perdi por completo a vontade de por lá marcar a minha presença. Até porque, num qualquer futuro (que espero esteja ainda muito distante), lá marcarei presença eterna...
Para lá destas manifestações de vaidade pública, continuo a gostar das minhas incursões a Macedo. Mesmo que, cada vez mais, me sinta mais "cota" e mais "alien". O que, em certas circunstâncias, dá o seu jeito: pelo menos, não tenho que aturar aquela gente que, invariavelmente, me perguntava "então, o que fazes?"... Dispenso... O que não dispenso são as refeições divinais e a companhia das pessoas que vão marcando os trilhos da minha vida. Desta vez (E PORQUE SEI QUE ELAS VERÃO MAIS ESTE POST!), senti a falta do sorriso da minha bailarina favorita e da "lavadora oficial da loiça familiar em dia de Santos"... Como não pude dizer-lhes um olá presencial, fica aqui um virtual, esperando que, em época natalícia já não haja necessidade de recorrer a meios tecnológicos...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Culturando...

Um pequeno regresso ao "umbigo do mundo"... O futuro Parque Geo-biológico de Morais vai ter um Centro de Informação. Se a criação do mesmo, ao abrigo da Rede Natura, já é de aplaudir, ainda mais o é a iniciativa do reaproveitamento de uma das antigas casas florestais para o efeito. Todavia, a predisposição da minha má-língua não me permite limitar-me a aquecer as mãos com uns aplausos (dos sinceros...). Há uns anos, com a devida pompa e circunstância, foi inaugurado o Centro de Interpretação de Santa Combinha, associado à Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo. Nos dias de hoje, ao que contam as congéneres más-línguas, o dito encontra-se apenas a emoldurar um magnífico (magnífico porque já por lá andei diversas vezes) miradouro e a abrir as suas portas quando o artesão, ao qual foi cedido o espaço, tem disponibilidade (ou disposição)para tal. Mas, como nem só de cousas más se vai fazendo a rotação do mundo, o mesmo destino não foi dado às infraestruturas que serviriam de Centro de Recuperação de Aves. Neste caso, transformou-se - e bem! - em "Centro de Recuperação" dos achados arqueológicos do concelho. A quem ainda não teve a oportunidade de visitar o Museu Arqueológico, deixo aqui o conselho para o fazer numa próxima oportunidade. Vale pelo passeio, pela simpatia de quem serve de guia e porque não toma muito tempo a volta ao dito museu. Como seria de esperar, o espólio é reduzido, mas está devidamente organizado e rotulado. Pulando, de novo, para Morais, certo, certo, é que a existir uma futura inauguração do Centro de Informação já não deverá ser feita pela mesma pessoa. Como algumas línguas afiadas disseram que deixou o país de tanga, passou a dedicar-se a causas mais humanitárias que aturar este país doente que até já a tanga perdeu...
Culturando noutro sentido... Outubro celebrou o Mês Internacional da Biblioteca Escolar. Ou ando desinformado ou, pertencendo a duas associações de pais, o mês passou-me ao lado... Ou, como ainda estamos no último dia do mês... Nunca se sabe... Perdoem-me os que assobiam para o ar de contentamento pelos retornos do investimento n'"A Outra", mas somos, cada vez mais, um país de letrados em novelas. Ainda que as mesmas representem autênticas obras-primas de carácter não-ficcional, ao género de "O Processo (não o de Kafka) Interminável da Casa Pia". A triste realidade é que, mesmo com "Novas Oportunidades", "Choques Tecnológicos" e "Magalhães" pelo meio, somos, cada vez mais um país de analfabetos. Porque, verdade, verdade, não é analfabeto que não sabe ler. É analfabeto todo aquele que sabendo, não o faz... E porque esta triste realidade se passa no país do Sócrates, lembrei-me de Platão: "o pouco que sei, devo-o à minha ignorância"...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Uma região cousadamente doente...

Por muito que procure (e não encontre) um arco-íris no meio do nevoeiro, ainda não me convenci que, ou sou obstinado, ou crente, ou possuo duas orelhas virtuais de tamanho superior às que tenho... Traduzindo: persisto numa incessante busca de novas macedenses que me abram um sorriso de uma dita à outra. Esbarro sempre numa qualquer parede de notícias desagradáveis e que, não diminuindo o meu orgulho transmontano, provocam que me questione seriamente se valeu mesmo a pena o Martim Gonçalves de Macedo ter dado uma "cachouçada" no Sandoval, aquando da Batalha de Aljubarrota... Tenho cá uma séria suspeita de que o dito cavaleiro que ressuscitou um pouco da história macedense, caso soubesse o que se passaria 600 e tal anos depois, teria ficado a assobiar para o ar enquanto o dito Sandoval dava a mocada final no futuro D.João I...
Vivemos no país dos enganos. O que agora se promete (e assume), passa, repentinamente, obtidas as benesses num só sentido, a fazer parte de uma certa procrastinação governamental. Ou, como diria um certo presidente de um clube: "o que é verdade hoje, amanhã é mentira". Então não é verdade que o protocolado relativamente ao helicóptero para Macedo não passou de uns rabiscos desenhados a traços de boas intenções? De adiamento em adiamento, pode ser que caia no esquecimento... O Orçamento/2009 não contempla verbas para aquisição de meios aéreos de socorro. Temos que "gramar a pastilha" e resignarmo-nos ao rebuçado agridoce que representa a abertura de (mais) um concurso público para aquisição do tal veículo voador (mesmo que não haja verbas contempladas no orçamento para tal!). A triste sina, já aqui referenciada, é que o Hospital de Macedo vai perdendo, paulatinamente, valências. Ganhando, em contrapartida, a tal possibilidade de ter o Centro de Esterilização. Mas esse, não precisa de hélices...
De qualquer forma, neste país da treta (ou da teta, para todos os que estão sempre prontos para mamar à custa dos outros) anda tudo em bolandas às voltinhas com um tal plano tecnológico que inclui um tal de Magalhães. Regressando às presumíveis orelhas de asno a que já fiz referência, ainda me convenci que se referissem ao regresso de Pinto de Magalhães para colocar um ponto final na especulação bancária. Mas não! Era outra coisa! Acreditei poder ser o Fernão ressuscitado a querer servir a coroa portuguesa. Mas também não! É um computador "p'a putos"! Dizem os do plano tecnológico, 100% nacional! Até ter visto uma reportagem na qual, entre outros países, surgia a desenvolvidíssima Nigéria com idêntico espécimen! Mais um engano... Estou com "engania" (uma espécie de azia provocada por exposição prolongada a enganos)... Vou procurar um anti-ácido e volto daqui por uns dias...

domingo, 12 de outubro de 2008

Cousas da saúde e derivados

Já lá vão uns anos desde que alguém me transmitiu a ideia de que o hospital macedense era um projecto megalómano que, com o decurso dos anos, se transformaria num "elefante branco". Na altura, protestei de forma veemente, apelidando esse alguém (que por acaso faz parte do meu restrito círculo de amizades) de "profeta da desgraça". E não é que o (então) rapaz já tinha uma enorme capacidade de visionário? Por muito que me custe deglutir sapos, retiro o chapéu a quem teve o engenho mental de adivinhar o que o futuro reservava. E aqui este "jovem" (que também já foi rapaz), na sua "santa ingenuidade", assente na crença de que Macedo poderia ombrear com as vizinhas Mirandela e Bragança, foi "vendendo o peixe" de que a sua vila (agora cidade) possuía uma infraestrutura hospitalar capaz de oferecer benefícios para todos os macedenses. E, dada a sua centralidade no distrito, capaz de absorver as necessidades dos concelhos limítrofes. A realidade do presente é, no entanto, aziaga. Com o advento do Centro Hospitalar do Nordeste, parece inegável que a Unidade Hospitalar de Macedo se transformou numa espécie de "patinho feio". Ou são as cirurgias de ortopedia que são transferidas para outras unidades, ou é o laboratório de análises clínicas que perde a sua validade, ou as urgências que passam a funcionar noutro quadro. Ou seja lá o que for... Que não é, seguramente, compensado pela alternativa que poderá representar o hospital macedense como centro de esterilização. Honestamente, seria mais lógico esterilizar as mentes dos seres pensantes que estão a roubar (ou a deixar roubar) a enorme mais-valia que representava o agora cada vez mais "elefante branco". Ainda querem os senhores deputados por Bragança incentivar a vinda de médicos para o Nordeste Transmontano? Mas os senhores, por acaso, já ouviram a opinião dos médicos? Estarão mesmo convencidos de que, com as condições que (não) criam, haverá alguém em seu perfeito juízo a querer enterrar a sua vida num espaço cada vez mais ermo? Depois admirem-se por sermos um dos distritos com maior incidência de AVC's... Valha-nos a crise financeira para nos irmos esquecendo da crise na saúde... E já nem a Selecção consegue animar a malta...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Macedo faz-me tão bem


Mais não seja por retemperar forças com umas belíssimas alheiras fora de época. Seria injusto caso me limitasse a remeter-me para os prazeres gastronómicos. Na verdade, Macedo faz-me bem por motivos bastante superiores a umas alheiras (não que estas não constituam um óptimo complemento). A começar pelos preparativos de mais uma viagem que atravessa montes e vales, pintados por cores únicas. Já subi e desci o Marão uns centos de vezes e consigo sempre descortinar algo novo e único. Nem que seja uma pedra eremita para a qual nunca tinha direccionado o meu olhar. E, quando entro na província transmontana propriamente dita (que o Marão é serra dividida), não deixo de me perder com os aromas que, apesar de familiares, me servem de reconforto à alma. Da mesma forma, à medida que me aproximo de Macedo, não deixo de sentir a envolvência única dos tons que marcam a deslumbrante paisagem que acompanha o serpentear do caduco IP4. Finalmente, assemelhando-se a uma "revisão da matéria dada", é sempre com uma renovada emoção que reencontro os "meus" locais e a "minha" gente. Pode soar um pouco estranho, mas existe sempre a sensação de que é a primeira vez que chego à terra que me viu nascer. A realidade é que permanece tudo como se o tempo tivesse sido vítima de algum acidente nos seus ponteiros: as mesmas ruas, as mesmas casas, as mesmas pessoas. No entanto, ou os meus olhos sofrem de algum traumatismo amnésico, ou até a Serra de Bornes me parece sempre diferente... Cousas de um macedense sempre em busca de um regresso às origens...

sábado, 20 de setembro de 2008

Cousas das Convulsões do Mundo

O concelho de Macedo anda nas bocas do mundo geológico. Como atento observador dos eventos que pululam por terras macedenses, já não é a primeira vez que vejo a referência "umbigo do mundo" associada ao concelho. Por motivos estritamente particulares, já tinha tido a oportunidade de me debruçar sobre a importância que o Maciço de Morais detinha para a compreensão das convulsões pelas quais passaram as placas tectónicas até ser assumida a configuração continental que hoje conhecemos. Apraz-me assistir ao reconhecimento dessa mesma importância, numa forma que extravasa o reducente mundo científico, particularmente o daqueles "malucos" que entram em êxtase a olhar para pedras. A verdade incontornável é que, por muito que as novelas tragam mais mediatismo à "terra esquecida", no restrito (e muitas vezes fechado) universo da ciência, o concelho de Macedo tem uma seta de inegável valor cravada bem no seu centro (um pouco desviado a leste, é certo, mas fica mais bonito escrever "centro"). Mas, sendo objectivo(?), ainda que estes assuntos contribuam para o incremento do meu orgulho macedense, que contibuição oferecem para diminuir os efeitos da taxa de juro acima dos 5%? Pois isso provoca convulsões nos bolsos infinitamente superiores ao do movimento das placas continentais! Pode não ter efeitos imediatos tão devastadores como um terramoto na China, mas que é díficil manter o equilíbrio, especialmente o orçamental, lá isso é. Pelos vistos, este país não fica soterrado sob pedras, mas debaixo de dívidas. E como já acreditei mais que somos um povo de "velhos do Restelo", sempre disponível para vir para a televisão com a monótona tirada de "o negócio vai mal", começo a desejar a chegada de um qualquer D. Sebastião, mas assumindo a forma de um Infante D. Henrique... Contudo, ainda que tal fosse possível, estou cada vez mais céptico: já não temos as colónias para sustentar as loucuras orçamentais (agora são elas que nos colonizam) e a União Europeia já aprendeu a não dar ouvidos à "chico-espertice" de quem a tentou convencer que a Ferrari produzia veículos agrícolas... Pode ser que se descubra petróleo ao largo de Sesimbra ou Peniche. Ou que as Berlengas se transformem numa jazida de pedras preciosas. Ou que sejamos os pioneiros da colonização lunar... O problema é que já nem caravelas temos...