Oh estarrecimento da alma!... Então queriam submeter-me a esta Comissão Científica?
Enquanto, agradavelmente, folheava o último MACEDO NÃO PARA, chegada que estava a página 12, os sentidos visuais, em momentâneo arrepio, confrontados que foram com uma deslocada fotografia no artigo sobre a União das Freguesias de Espadanedo, Edroso, Murçós e Soutelo Mourisco. Ao choque inicial, sobrepôs-se a ideia de que deveria ser um equívoco gráfico, daqueles que acontecem a quem faz. Mas não, santa inocência! Então, se Bornes e Chacim já tinham sido historicamente mal tratados nas páginas anteriores, porque não haveria de manter-se a coerência? "Bamos lá atão indrominar os póbos da serra!"...
Procuro diminuir a minha ignorância percorrendo o texto, nesta insaciável vontade de conhecer cada vez melhor o meu concelho. Já o filósofo Platão dizia, "tudo o que sei devo-o à minha ignorância". E detenho-me logo na expressão"a aldeia mais pequena de Portugal", numa referência a Soutelo Mourisco. Os meus parcos conhecimentos dizem-me que, nem à data referenciada de 2013, tal se aplicava. Quer dizer, expliquemo-nos: com efeito, era a freguesia mais pequena de Portugal em termos populacionais. Todavia, não vá a minha ignorância trair-me, talvez os conceitos tenham mudado entretanto e, futuramente, veja o nome administrativo alterado para União das Aldeias de Espadanedo, Edroso, Murçós e Soutelo Mourisco. Mas. nesse caso, o que faríamos com Valongo, Bousende, Vilar Douro e Cabanas?... Mas adiante, que não é o equívoco erro de palmatória...
Prossegue a dissertação, dando destaque, a "bold", à Igreja Matriz em estilo barroco na aldeia de Edroso. Acreditando nos licenciados em História de Arte, o tal de barroco apenas pode encontrar-se no interior do templo. Porque o exterior, minha cara Comissão Científica do "P'louro da Coltura", é quinhentista, aí incluído um conjunto de pedras incrustadas na parede lateral da igreja que nos remetem para tempos medievais. Mas entendo... Talvez a dita Comissão Científica se tenha equivocado (de novo), nunca tenha visitado Edroso, nem tenha percorrido a bibliografia disponível... Ou percorreu, e confundiu o barroco de Murçós ou Bousende, ou o tardo-barroco de Soutelo Mourisco, e "bota lá disto, q'ó que serbe pra uas debe serbir prás outras"! Coitado do incauto viajante que, interessado em património, e procurando a enorme rota do barroco no concelho, siga as instruções emanadas pela "Coltura". No mínimo, ficará atónito na presença da fachada "barroca" da igreja de Edroso... E porque omitiram as restantes e magnificas igrejas da União das Freguesias? Ah! E conhecem um dos exemplares mais belos de arquitectura religiosa em capelas, situado no local onde existiu uma outra aldeia, quase à entrada de Edroso? E não vou "botar-me" a falar de sítios arqueológicos no território... "Num se me fitchab'á matraca"...
Mas a cereja no topo do bolo estava reservada para o texto referente à tal foto que ladeia, na página dedicada à União das Freguesias, a da frontaria da igreja de Edroso. Porque a tal foto refere-se à Necrópole do Sobreirinho, a qual, segundo os mínimos conhecimentos geográficos e arqueológicos que possuo, se situa em Comunhas, na vizinha freguesia de Ferreira. Acrescenta o dito texto: "Nesta aldeia (Edroso) pode visitar a Necrópole do Sobreirinho"... Eu sei que se situa a meio caminho entre Comunhas e Edroso, mas... Regresso ao incauto viajante em busca do magnífico património concelhio, seguindo as instruções do boletim, perdido pelo meio de Edroso a perguntar pela dita necrópole... Terá havido um deslocamento do sítio arqueológico ou houve alguma reorganização administrativa que desconheço? Porque, na minha modesta opinião, isto é uma falta de respeito em relação a Edroso e a Comunhas, na vizinha freguesia de Ferreira... A César o que é de César...
Por mencionar respeito (ou a falta dele)... Então, depois do processo que se resume à selvática tentativa de "assassinar" a Associação Terras Quentes, fechando museus da sua responsabilidade, retirando-os das suas instalações, cortando-lhes os apoios e ostracizando-os ao abrigo de uma perseguição que faz recuar aos tempos do Santo Ofício, têm o desplante de a mencionar no "boletim oficial"? De facto, que tiro no pé esta minimalista homenagem a quem desenterrou o passado do concelho... De facto, muito do que sei (sabemos) sobre a história do nosso concelho deve-se a essa associação à qual a "Coltura" pretende injectar algo mais virulento do que o tão propalado COVID. De facto, só conseguem "botar faladura" acerca da Necrópole do Sobreirinho ou do Povoado do Bovinho porque alguém foi destemido e teve a coragem de os estudar. Mas como agora há uma Comissão Científica que o melhor que consegue é adulterar a nossa história e o nosso património, que se dane todo e aquele que queira trazer alguma luz às nossas populações...
A finalizar... Pergunta inocente, na inocência de quem conhece as 66 aldeias do nosso concelho: então Espadanedo não tem património que mereça ser realçado no boletim oficial? Excelentíssima Chancelaria da "Coltura", conhecem a igreja de São Miguel? E o seu espaço envolvente?... E o magnífico percurso que vai de Soutelo Mourisco a Vilar Douro e depois até Cabanas? E já alguma vez se atreveram a fazer um desvio a Valongo (não o do litoral, o nosso mesmo)?... Já percorreram as entranhas da serra, num entardecer onde se vê a epiderme da terra enrugada pelo últimos raios de sol?
Talvez a Comissão Científica que arrastou Comunhas para fora do seu território o desaconselhe. Dessa forma, continuará o "P'louro da Coltura" na sua cruzada contra aqueles que, de facto, valorizam e sabem valorizar a história e o património de um território ímpar. Do "pouquetchinho" que sei sobre história contemporânea, não era a "outra senhora" que insistia em manter as populações ignorantes, sob ameaças e manipulaçoes constantes? O "lápis azul" parece ter adquirido outras cores, mais estreladas, mais avermelhadas, numa vã tentativa de castrar o espírito crítico daqueles que não acreditam em neo-Tarrafais ou neo-Peniches...
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