Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







sábado, 12 de setembro de 2020

As descoordenadas geográficas da "Coltura"

 


Oh estarrecimento da alma!... Então queriam submeter-me a esta Comissão Científica? 

Enquanto, agradavelmente, folheava o último MACEDO NÃO PARA, chegada que estava a página 12, os sentidos visuais, em momentâneo arrepio, confrontados que foram com uma deslocada fotografia no artigo sobre a União das Freguesias de Espadanedo, Edroso, Murçós e Soutelo Mourisco. Ao choque inicial, sobrepôs-se a ideia de que deveria ser um equívoco gráfico, daqueles que acontecem a quem faz. Mas não, santa inocência! Então, se Bornes e Chacim já tinham sido historicamente mal tratados nas páginas anteriores, porque não haveria de manter-se a coerência? "Bamos lá atão indrominar os póbos da serra!"...

Procuro diminuir a minha ignorância percorrendo o texto, nesta insaciável vontade de conhecer cada vez melhor o meu concelho. Já o filósofo Platão dizia, "tudo o que sei devo-o à minha ignorância". E detenho-me logo na expressão"a aldeia mais pequena de Portugal", numa referência a Soutelo Mourisco. Os meus parcos conhecimentos dizem-me que, nem à data referenciada de 2013, tal se aplicava. Quer dizer, expliquemo-nos: com efeito, era a freguesia mais pequena de Portugal em termos populacionais. Todavia, não vá a minha ignorância trair-me, talvez os conceitos tenham mudado entretanto e, futuramente, veja o nome administrativo alterado para União das Aldeias de Espadanedo, Edroso, Murçós e Soutelo Mourisco. Mas. nesse caso, o que faríamos com Valongo, Bousende, Vilar Douro e Cabanas?... Mas adiante, que não é o equívoco erro de palmatória...

Prossegue a dissertação, dando destaque, a "bold", à Igreja Matriz em estilo barroco na aldeia de Edroso. Acreditando nos licenciados em História de Arte, o tal de barroco apenas pode encontrar-se no interior do templo. Porque o exterior, minha cara Comissão Científica do "P'louro da Coltura", é quinhentista, aí incluído um conjunto de pedras incrustadas na parede lateral da igreja que nos remetem para tempos medievais. Mas entendo... Talvez a dita Comissão Científica se tenha equivocado (de novo), nunca tenha visitado Edroso, nem tenha percorrido a bibliografia disponível... Ou percorreu, e confundiu o barroco de Murçós ou Bousende, ou o tardo-barroco de Soutelo Mourisco, e "bota lá disto, q'ó que serbe pra uas debe serbir prás outras"! Coitado do incauto viajante que, interessado em património, e procurando a enorme rota do barroco no concelho, siga as instruções emanadas pela "Coltura". No mínimo, ficará atónito na presença da fachada "barroca" da igreja de Edroso... E porque omitiram as restantes e magnificas igrejas da União das Freguesias? Ah! E conhecem um dos exemplares mais belos de arquitectura religiosa em capelas, situado no local onde existiu uma outra aldeia, quase à entrada de Edroso? E não vou "botar-me" a falar de sítios arqueológicos no território... "Num se me fitchab'á matraca"...

Mas a cereja no topo do bolo estava reservada para o texto referente à tal foto que ladeia, na página dedicada à União das Freguesias, a da frontaria da igreja de Edroso. Porque a tal foto refere-se à Necrópole do Sobreirinho, a qual, segundo os mínimos conhecimentos geográficos e arqueológicos que possuo, se situa em Comunhas, na vizinha freguesia de Ferreira. Acrescenta o dito texto: "Nesta aldeia (Edroso) pode visitar a Necrópole do Sobreirinho"... Eu sei que se situa a meio caminho entre Comunhas e Edroso, mas... Regresso ao incauto viajante em busca do magnífico património concelhio, seguindo as instruções do boletim, perdido pelo meio de Edroso a perguntar pela dita necrópole... Terá havido um deslocamento do sítio arqueológico ou houve alguma reorganização administrativa que desconheço? Porque, na minha modesta opinião, isto é uma falta de respeito em relação a Edroso e a Comunhas, na vizinha freguesia de Ferreira... A César o que é de César...

Por mencionar respeito (ou a falta dele)... Então, depois do processo que se resume à selvática tentativa de "assassinar" a Associação Terras Quentes, fechando museus da sua responsabilidade, retirando-os das suas instalações, cortando-lhes os apoios e ostracizando-os ao abrigo de uma perseguição que faz recuar aos tempos do Santo Ofício, têm o desplante de a mencionar no "boletim oficial"? De facto, que tiro no pé esta minimalista homenagem a quem desenterrou o passado do concelho... De facto, muito do que sei (sabemos) sobre a história do nosso concelho deve-se a essa associação à qual a "Coltura" pretende injectar algo mais virulento do que o tão propalado COVID. De facto, só conseguem "botar faladura" acerca da Necrópole do Sobreirinho ou do Povoado do Bovinho porque alguém foi destemido e teve a coragem de os estudar. Mas como agora há uma Comissão Científica que o melhor que consegue é adulterar a nossa história e o nosso património, que se dane todo e aquele que queira trazer alguma luz às nossas populações...

A finalizar... Pergunta inocente, na inocência de quem conhece as 66 aldeias do nosso concelho: então Espadanedo não tem património que mereça ser realçado no boletim oficial? Excelentíssima Chancelaria da "Coltura", conhecem a igreja de São Miguel? E o seu espaço envolvente?... E o magnífico percurso que vai de Soutelo Mourisco a Vilar Douro e depois até Cabanas? E já alguma vez se atreveram a fazer um desvio a Valongo (não o do litoral, o nosso mesmo)?... Já percorreram as entranhas da serra, num entardecer onde se vê a epiderme da terra enrugada pelo últimos raios de sol? 

Talvez a Comissão Científica que arrastou Comunhas para fora do seu território o desaconselhe. Dessa forma, continuará o "P'louro da Coltura" na sua cruzada contra aqueles que, de facto, valorizam e sabem valorizar a história e o património de um território ímpar. Do "pouquetchinho" que sei sobre história contemporânea, não era a "outra senhora" que insistia em manter as populações ignorantes, sob ameaças e manipulaçoes constantes? O "lápis azul" parece ter adquirido outras cores, mais estreladas, mais avermelhadas, numa vã tentativa de castrar o espírito crítico daqueles que não acreditam em neo-Tarrafais ou neo-Peniches...   


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