
A euforia gerada pelo desmembramento de um regime que só trouxe liberdades individuais para os "que eram da cor" depressa se esvaiu, sofrendo uma metamorfose nos ideais de democracia. Rapidamente surgiu a deturpação dos valores que conduziram à Revolução dos Cravos. O ano de 75 foi fértil em manobras e contra-manobras, culminando no célebre "Verão Quente" e na sequência de acontecimentos que mais não foram que uma repetição, à esquerda, das atrocidades castradoras de liberdade que durante meio século foram praticadas à direita. O que dizer da ocupação do jornal "República"? Ou das instalações da "Rádio Renascença"? Ou ainda dos desacatos provocados relativamente ao primeiro comício do CDS? Afinal, as vantagens da descolonização não se terão diluído na entrega em bandeja das ex-colónias aos "mentores a leste"? Onde ficou a tão apregoada auto-determinação? «Não está em jogo o programa do 25 de Abril, mas sim os desvios posteriores» Esta frase proferida pelo Arcebispo de Braga de então, D.Francisco Maria da Silva, retrata fielmente o que se passou no pós-25 de Abril. Mais que nunca, estivémos à beira de uma guerra civil Norte-Sul. E porquê? Porque foram os que puseram termo aos atentados à liberdade, acabando com um regime autoritário "de direita", que tentaram impor um mesmo regime patético "de esquerda", escudados por detrás de interesses colectivos (?) retratados nos discursos do proletariado. À anarquia e delírio revolucionário opôs-se a tenaz vontade e clareza de espírito de homens esquecidos, como Jaime Neves ou o "Vice-Rei do Norte", Pires Veloso. São homens como esses que são hoje apelidados de anti-democráticos...

