Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







domingo, 27 de junho de 2010

Oh, Gente da Minha Terra…

O horizonte, desenhado pelo ondulado dorso de Bornes, não prenunciava nada de bom. Algodões sujos pintavam o céu a tonalidades de cinza, o troar dos deuses bom augúrio não era para a aguardada audição da diva. As primeiras gotículas, grossas, cheias, daquelas que abafam o tormento do estio, mas que constrangem as almas ao resguardo. Mentes receptivas à invulgar beleza de um céu rasgado, aqui e ali, por ziguezagueantes ondas eléctricas, aleatoriedade de trajectórias que reclinam o espírito, numa espera de novo espectáculo de pirotécnica arte celeste. Talvez o ribombar tenha despertado S. Pedro. Talvez, no dia da inauguração da sua Feira, tenha aberto inusuais portas para que as nuvens corressem para o exterior do aéreo espaço macedense. Os ânimos de celestes protestos acalmaram com o aproximar do canto do povo. Em boa hora! Mariza cantou, cantou, e encantou! Num quase insuperável encantamento de cantadas palavras que vão muito para lá de fadados choros trinados. Mariza não é fado, é uma espécie de magia distribuída a gente habituada ao canto do esquecimento. Mariza não é uma diva fechada em caprichos que as divas têm. Mariza é povo, também… E Mariza é emoção, porque as suas palavras chegam onde não supunha, sequer, pudessem chegar. Mesmo que, timidamente, se tenha ausentado do palco dessas mesmas emoções, num escondido choro de quem vive uma estranha simbiose com o povo que a ouve. A acústica não era a desejável para absorver uma inusitada voz, mas que se dane a acústica, porque há vozes e momentos de tal forma marcantes que nem eventuais deficiências conseguem apagar. Não me reconheço no fado, confesso-o. Percebi, ontem, porque exercia Mariza estranhos efeitos neste ser sem grandes afinidades com a dita canção nacional. Mariza transpira música, exala alma, distribui a simplicidade dos grandes, mistura-se com o anónimo povo e, neste macedense povo, tocou-lhe nas entranhas do sentir, fazendo explodir uma inexorável forma de estar em que a rigidez das faces traçadas a rugas de xisto sofreu uma repentina metamorfose. Macedo superou-se a si próprio, anormalmente libertando emoções, como se um signo de esperança tivesse saído de uma qualquer poção mágica lançada pelo canto de uma esguia diva que chora sorrisos. Eu sorri, chorando, não escondendo um tímido humedecer dos periscópios da alma, enquanto pulava e deixava ecoar as palmas, absorvido pela multidão que quieta não estava. E emocionei-me quando, da minha garganta, qual analgésico efeito num finado torpor, ecoou um “de quem eu gosto, nem às paredes confesso”… Emoção não devida, em exclusivo, à música ou à diva que a transfigurou. A emoção explodiu porque, simplesmente, a minha banal voz se soltou num transmontano grito, no meio de corações de Gente da Minha Terra!

1 comentário:

deep disse...

A noite acabou por se tornar bem agradável para acolher o sentido canto da diva. :)