Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







quinta-feira, 3 de junho de 2010

Alambiques do paladar

Quando me deparo com a surpresa, não me limito a guardar o excitar das papilas gustativas no restrito mundo do meu paladar. Quando menos se espera, somos confrontados com um qualquer canto, resguardado numa pouco explícita reentrância, algures ao lado do “Lar dos Velhos” (É deselegante a designação, sei-o… Mas, vox populis dixit… Conscientemente, estou descansado: discordo da existência de “velhos”… Porque a velhice terá sempre mais 15 anos que eles…). Hoje cumpri mais uma etapa no meu real sonho de constituir uma equipa de futebol de afilhados. É a suprema forma de constatar que devo ser um mau rapaz… Estou quase lá e, verdade seja dita, assumo o papel com o mesmo entusiasmo que o fiz da primeira vez… E já lá vai um quarto de século! Tenho mais uma afilhada!!! Joana, a minha nova “joaninha”! Extravasando aquilo que não me sinto capaz de desenhar através de palavras, limito-me, neste privado espaço, à constatação paralela de que, à custa disso, descobri o “Alambique”. Poderia ser um local de repasto mais… Pelo contrário, revelou-se uma surpresa. Uma daquelas surpresas que me constrangeu a abrir uma das poucas excepções de publicidade gratuita. Afinal, o que é bom, deve ser publicitado… A começar pelo espaço, simples, equilibradamente decorado, primando o bom gosto de não nos vermos compelidos a fechar os olhos perante uma qualquer aberração. Continuando pela surpresa de verificar que o proprietário é uma das “velhas glórias” do meu Clube Atlético, redes defendidas ao longo de imensos anos, recordações partilhadas dos tempos em que olhava para ele como o último bastião das cores verde e amarelo que também defendi. As entradas, simples e bem elaboradas, nada de “nouvelle cuisine”, saborosas, apetitosas, com realce para o magnífico queijo com que os meus sensores foram presenteados. E uma sopa… Não uma qualquer sopa! Mas uma daquelas sopas em que se sente o cheiro a terra, como se estivesse em casa da matriarca, ancestrais saberes onde se misturam deliciosos pedaços de couve com um toque a verdadeiro gosto de feijão. O “Bacalhau à Alambique” estava divinal! Batatas com sabor a batata… Azeitonas com sabor a azeitona… E um travo a ervas aromáticas que desafiou os sentidos, conduzindo-os ao limiar da gula. O leitão, para quem não é um acérrimo defensor do dito, constrangeu à repetição. Pelo tostado no ponto ideal, pelo tempero “au point”. E pelo fantástico acompanhamento de legumes, de mãos dadas com um arroz que, subjectividades à parte, estava delicioso! Confesso que degluti a refeição com uma alarvidade que ultrapassa a normalidade… E, quando julgava ter as paredes estomacais devidamente recheadas, eis que surge no cardápio uma montra de sobremesas que foram incapazes de ocultar a tendência para a humildade do apetite. Descobri um espaço extra no sistema digestivo para elevar ao éden o sorriso do gosto. Especialmente pelo divinal bolo de bolacha que, durante largos minutos, entreteve os maxilares movimentos, elevando-os a um metafísico mundo, no limiar da felicidade eterna. Tudo isto não deve ser guardado na exclusividade de privadas memórias. Pelo contrário, entra no âmbito daquelas coisas boas que devem ser partilhadas. Porque, de coisas más anda a procissão cheia… "Botim-me pra cá cousas mim boas, q'ou sou um home q'l'agrada ber ua image cum gozto à'ntigo!"...

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