Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







sábado, 19 de junho de 2010

Conventos memoriais ou a morte das intermitências

O abrupto traumatismo luso-literário que me foi infligido nos velhos tempos do "Secundário", injustiças cometidas com "As viagens na minha terra" ou "Os Maias", arcaicos métodos compulsivos de incentivar a leitura, apenas teve o seu ocaso entrado que estava o finar do vigésimo século. Numa dessas revistas semanais pioneiras em agregar espécimes literários às suas edições, surgiu uma colecção de grandes autores. O simbólico do preço não colocou entraves de maior à dupla aquisição. Para mal dos meus pecados de então, o primeiro duo incluía... "Os Maias". Franzi o sobrolho, quase aderi à imediata desistência, tal o trauma. Contudo, aguardei pelo terceiro exemplar... "O memorial do convento"... Má sorte, amor ardente! Uma "coisa" escrita por um autor que se situava quase nos antípodas do que norteava o meu pensamento! Porém, como não sou xenófobo (não apenas no conceito de preconceitos raciais que, erradamente, se atribui à expressão), mandei a resistência intelectual às malvas e decidi dar-me permissão para me embrenhar nas aventuras e desventuras de Blimunda e Sete-Sóis, mais as históricas Mafra e a inovadora Passarola de Gusmão. O desacerto literário fascinou-me, o sarcasmo e a ironia geraram uma estranha cumplicidade com um rapazola habituado a situar-se na contra-corrente, não por contra ser, mas por concordar com a de Calcutá, que era sempre a favor de alguma coisa. Óbvio que a "pseudo-intelectualite" sempre colocou reservas e reticências (e outros ortográficos sinais mais) a uma lavra que contrastava com o nosso jeito de povo bem amanhadinho, cumpridor das mais elementares regras gramaticais, mas que depois vende o corpo e a alma a imposições ortográficas paridas além-atlântico... Prostituições intelectuais... A safra foi de tal forma proveitosa que, sôfrega e rapidamente deglutido o ficcional do reinado do "Freirático" (dizem-no "o Magnânimo", mas a sua magnânime apetência por noviças dixit...), deixei que as recordações traumáticas se esbatessem e, a medo, invadi o queirosiano universo dos amores e desamores de Carlos Eduardo e Maria Eduarda... E vi-me na contingência de rever todos os conceitos que tinha herdado dos meus verdes anos de estudante macedense. Fiz um tratamento anti-celulite luso-literária, recompus-me e tratei de elevar a ícones (não a ídolos, que a idolatria não faz parte dos meus dias) alguns autores portugueses que descobri e redescobri. Um deles, finado que está, terá agora direito a inumeráveis e incontáveis cerimónias de póstumo louvor. Provavelmente, com a irónica e sarcástica presença dos detractores... Aqueles que quase me convenceram, Nobel atribuído, que Uderzo e Goscinny estavam equivocados quando epitetavam os Gauleses de loucos... Loucos, loucos, são os Suecos... Bem vistas as coisas, ainda terá uma barragem com o seu nome, lá para o Alentejo, talvez, que as setentrionais terras são pouco atreitas a que uma qualquer barragem do Sabor ou do Tua seja baptizada com nomencaltura de anti-cristo... Essas, hão-de ser "Qualquer Coisa Comendador Mexia"... Restringindo-me à minha trivial posição de constituinte do anónimo povo, a minha homenagem quedar-se-á por ler o que ainda me falta... Mesmo que discorde, de forma absolutamente absoluta, de "lanzarotianas" posturas políticas. Mas, trabalho é trabalho, conhaque é conhaque... Ah! Não sei se o diabo virá ao enterro, mas louvem-se os vivos também! Porque de um qualquer "Sancirilo" resgatado, há uns anos, de uma estante, espantou-se o fantasma da portuguesa literatura. Neste caso, alimento deu ao "monstro" do orgulho na terra-mãe... E tudo isto porque queria escrever sobre a recente criação da Academia de Letras de Trás-os-Montes. Logo tinha que desaparecer o mago do sarcasmo, para derivar as idéias... Por ter mencionado sarcasmo... E porque fiz uma referência, ainda que indirecta, ao grande Pires Cabral... Lembrei-me do Grémio Literário... A saudável simbiose literária expectável entre os dois distritos transmontanos redundará numa mais que previsível intelectual guerra surda?... Espero que o olfacto me engane... Antes que a coisa azede, "bou-me infardar uas cereijas mim ducinhaze"...

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