Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Juventude irrequieta

Um pouco de revivalismo... De um tempo em que o país ainda parava para assistir ao Festival da Eurovisão ou para ver os Jogos sem Fronteiras. As ansiedades e desejos da passagem de ano esmoreciam ao sabor do estômago cheio, combinações feitas, ar gélido por companhia, instrumentos artesanais preparados no arcaísmo do tempo... E vozes convencidamente afinadas. O encontro não tinha hora marcada, os gorros e cachecóis iam pintalgando o parque infantil à medida que os deveres do jantar iam finando. Não se contavam cabeças, sabia-se instintivamente que já estavam todos. Caso não estivessem, haveriam de encontrar os restantes. Quando o cansaço se apoderava da visão do bafo quente que desenhava efémeras nuvens na atmosfera fria, era hora de olhar em redor, tentando descortinar as casas que apresentavam vestígios de gente. Não se sabia por onde começar, mas o início tinha sempre lugar. "Ainda agora aqui cheguei, pus o pé nesta escada...". Os improvisados ferrinhos, o tambor desajeitado, e outras coisas mais, inventos de ocasião da preciosidade infanto-juvenil. E as vozes... Ah, as vozes! Aquelas certinhas mas desafinadas vozes, interrompidas por ocasionais risadas a cada engano. Como ainda não havia o conceito de júris, importava apenas o resultado final, depois de mais um "Quem diremos nós que viva; Por cima de uma azeiteira; Viva lá a dona da casa; Que é uma boa cozinheira"... "Quem diremos nós que viva; Nós não queremos ficar mal; Vivam os patrões desta casa; Vivam todos em geral"... Viesse de lá o sorriso dos moradores, acompanhado da preciosa moedita de "cincroas" ou "cinco paus". "Quanto é que já temos?"... Paradoxalmente, a suprema experiência advinha de não recebermos nada pelo esforço, para lá de uma porta que se mantinha fechada. Era motivo mais que justificável para a vingança... "Estes barbas de farelos; Não têm nada para nos dar; Só têm uma arquinha velha; Onde os ratos vão...(coisas fisiológicas, entende-se)"... Acompanhada de estridentes gritos e arremessos contra a dita porta que não se abria. E um "pernas, para que te quero". Ajudava a aquecer a noite fria... No final da jornada, qual miudagem do "Once upon a time in America", secretas reuniões de partilha do bolo, munidos de vontade que o dia seguinte chegasse, orgulhosos da receita nocturna. Eram as Janeiras, os Reis, ou o que quer que fosse. Era uma forma de partilha de um conceito de amizade que se esfumou, cumplicidades geradas num materialismo imberbe... Aquela mesma cumplicidade com que vou sendo presenteado, à distância de um telefonema... "Meninos, venham! É a avó! Vai-nos cantar os Reis!" E canta, naquela pureza encontrada em voz de avó. Inolvidáveis minutos de emoção transmontana...

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