Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







domingo, 17 de outubro de 2010

O "silente dos inocêncios"...


... ou a degola dos ditos. Implacável, silenciosa, atormentadoramente silenciosa. Como uma neoplasia maligna, adenocarcinoma da alma, sente-se, uma lenta corrosão das entranhas, uma submersão forçada onde até as silvas servem de verdugo ao afogado, renegando o comum senso. As "Cousas" foram geradas através de inseminação natural, num coito pétreo que renega Darwin e adultera Lineu, onde o metamórfico xisto se fundiu com o ígneo granito, gestação de um corpo com pés de sobreiro, pernas de oliveira, tronco de castanheiro, braços de videira, cabeça de súbdito do Reino Maravilhoso, alma de descendente de Principado Macedense. Talvez a alimentação devesse resumir-se a batatas e centeio, castanhas e azeite, bísaro e mirandesa. Talvez a rega devesse limitar-se à proveniência do Azibo, do Tua ou do Sabor. Talvez, quiçá, provavelmente... Um dia, num anómalo dia equivalente à adição de múltiplas vinte e quatro horas, o céu tingiu-se de um negro mais negro que a atroz negritude de inimagináveis trevas. A escuridão foi vilmente consumindo os rasgos de ténue luz que irradiavam de um povo que brilha, um povo que manietado é, compulsivamente guiado à cegueira e à surdez, digerido num processo de autofagia em que da disfonia se passou à mudez. Uma melodia cantada em acordes de silêncio, lida numa partitura sem pentagramas e desprovida de claves, breves e colcheias, acompanhada de um orquestra de instrumentos afónicos. Mas com maestros... Inúmeros Calistos Elói, saídos de profundezas camilianas, anjos que queda não tiveram, antes elevação na ausência de escrúpulos, sublimação pelo engodo de corrupções muitas, desmedidas paixões pela renegação do Reino que Torga pintou. E a essência das "Cousas" sofreu um ligeiro desvio, apenas ligeiro, porque da terra se trata, esquecida, vilipendiada, calada, inundada, castrada... Num longínquo dia de permanências estudantis por terras banhadas pelo Tejo, terras de albergue a Calistos, uma qualquer Calista, professora a diziam, aculturada se fez por capitais ares, renegando a génese, de arrogantes humilhações se armou, dizendo ao Cavaleiro que Lisboa era Portugal e o resto era paisagem. Os transmontanos genes altercados ficaram, ripostando que o Norte é que era Portugal e o resto eram conquistas. A ousadia valeu-me uma injustiça mas adubou-me o orgulho. Anos passados, ousadias esquecidas, inverteu-se a posição de históricas batalhas. De conquistadores, resignámo-nos a meros conquistados, submersos em barragens de migalhas poucas, numa persistente tentativa de transformar Vila Real e Bragança em Sodoma e Gomorra. Mas os cananeus vêm de fora, paridos lá dentro... É-me indiferente quem me governa, mas já não me é indiferente esta permanente perversão em que me vejo na contingência de prostituir a minha essência porque uns "labregos" se associaram a uns "lapouços", Calistos de um lado, Elóis do outro, gente em quem depositei economias de esperança, mas me come as economias reais porque o monstro da cleptocracia tem um apetite voraz. Não me calo... Não me calo... Não me calo!!! É hora de passar o Rubicão... Não vou dar permissão a ser cobaia de uma "almastectomia"... "Alea jacta est"...

3 comentários:

deep disse...

Infelizmente, há interesses maiores do que os do coração, da alma e das raízes. Esses Calistos Elóis do nosso tempo venderiam a alma da própria mãe. Não nos servem, servem-se.
Temo que nós pouco ou nada possamos fazer, como sempre. :(

Koky disse...

Pois quanto a mim há que adoptar a sua postura e parafraseando um certo poeta, não deixar que a nós ninguém nos cale e havemos de lutar contra essa corja de canalhas centralistas até que nos reconheçam que há mais Portugal do que a sua cidade e metam naquela cousa a que chamam cabeça, uma outra cousa a que se chama inteligência.

Cavaleiro Andante disse...

O que podemos fazer? Talvez transformar em realidade o "podem roubar-me a comida, mas jamais me roubarão a fome"... :)