Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







quinta-feira, 8 de abril de 2010

Cousas Pascais

A incontornável passagem das Estações é implacável. Traduz-se no fenómeno de um constante regresso ao passado, como se a nostalgia tomasse conta dos dias, qual exterminadora do presente. Um presente que cada vez mais se afasta do passado, sem retorno possível, sem regressão que se fareje no horizonte. Já não sei se a Páscoa perdeu os seus encantos ou se o encanto da Páscoa se esfumou ao sabor da modernidade. Mas, afinal, falar da Páscoa é o mesmo que falar do Natal… Ou talvez seja uma simbiose de defeitos meus com feitio meu, também. Quem sabe se perdi a capacidade de camaleão? A verdade é que já não sinto a Páscoa transmontana como a sentia há uns anos atrás. E não é pela ausência do Coelhinho da dita, assim como o espírito natalício não sofreu uma metamorfose por eliminação do Pai Natal. Desadaptações… Ou uma incessante luta contra o consumismo reinante, num revolucionário espírito pró recuperação dos valores tradicionais, da identidade perdida, do transmontano coração que se vai esvaindo ao sabor de estradas que não existem… Talvez as mentalidades tenham sofrido uma inexplicável corrosão. Ou explicável, quiçá… Seja lá qual for o nome do réu, o juiz não se encontra desprovido do seu. A espada de Dâmocles resume-se ao gume que amputou a doçura da tradição, substituindo-a pela agrura dos valores do fantasma de um depauperado fidalgo que dá pelo nome de consumismo. Ou, na sua mais abominável versão, galopante usurpador de direitos da tradição, de familiares valores: o dinheiro, mais o seu séquito de vassalos que guarida lhe dão. Hoje, já não se fazem folares, já não se oferecem amêndoas. Assemelha-se tudo a um fenómeno materialista, onde a pureza de uma oferta foi usurpada pela monstruosidade das contingências dos modernos tempos. Tempos em que a Visita Pascal, aquele acontecimento que fazia da Segunda-feira de Páscoa um dia distinto, com acessos decorados ao colorido primaveril, se transformou numa efémera ocorrência com o supremo objectivo de recolher um envelope… E já nem a sineta desperta as mentes…

2 comentários:

deep disse...

Compreendo bem esta desilusão, este desânimo. "A tradição já não é o que era", mas talvez nós, homens e mulheres do século XXI, já não sejamos os mesmos. Estamos talvez mais cansados e menos disponíveis interiormente para viver as tradições como as vivíamos antes. Nem as amêndoas têm o mesmo sabor... :)

Virgínia do Carmo disse...

Já tinha passado por aqui! :)
Blogue interessante, este... Parabéns...
Penso que não é só a Páscoa Transmontana que está descaracterizada... Todas as tradições estão em vias de extinção. É o preço a pagar pela globalização, que nos enche os olhos de apelos cintilantes, e o resto perde-se... ofuscado... Se ao menos a alma pudesse sobreviver a tanto falso brilho... mesmo sem as tradições, já seria bom!
Abraço!