Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







segunda-feira, 29 de março de 2010

Ramos de Domingo

Noutros tempos não era assim... Imbuídos de um qualquer comunitário espírito, embrulhados na tradição do espírito pascal, impulsionados pela infantil alegria que não se explica. Um ramo de oliveira, temperado a rosmaninho e, na aldeia estando, decorado a "doces" e bolachas... Afinal, para um puto, o que se sobrepunha a qualquer benzimento do ramo, eram os "doces", sacralizados numa boca que os saboreava sem se deter na benta água que regado os tinha. Nos dias que antecediam o Domingo de Ramos esboçava, mentalmente, o desenho do ramo. Teria que ser distinto... A realidade, porém, é que a distinção não ultrapassava a banalidade de anteriores anos. Invadia o olival que se situava nas traseiras de casa, amputava as oliveiras de pequenos pedaços seus e olhava-as com tristeza, desculpando-me de tal acto por restarem imensos ramos ainda. Acomodava-os junto ao muro e descia até aos lados da Chenop. Onde hoje existe proliferação de marca humana, existia um quase selvagem estado de arbustivas formas, no meio das quais se encontrava, aqui e ali, rosmaninho. E outras flores silvestres mais... A casa chegado, chegava, de igual forma, o habitual "raspanete": «Para que é que queres as flores? Não te disse já que o ramo não leva essas flores?». Mas eu insistia... Poderia ser que algum ano a coisa passasse despercebida. Nunca passou...
Entretanto, cresci. Com o crescimento, surgiu outra visão e, com esta, outra consciência. Que para aqui chamada não é... Hoje, já não vou entregar o ramo aos padrinhos. Aliás, desconheço se ainda tenho padrinhos. Mas tenho afilhadas e afilhados! Que persistem no inigualável sorriso da tradição. E, como não devo ser um mau diabo, continuo a ser presenteado com o "ramo", ainda que o dito, em algumas circunstâncias, não seja em formas florais. Talvez seja um utópico, mas os meus afilhados não são uma qualquer "coisa" que ajudamos a baptizar. Nem são o motivo para mais um mega almoço que, com o decorrer dos anos, se esquece. São, mesmo!, aquilo que deveriam ser: os meus segundos filhos. Por encarar a coisa dessa forma, ganho-lhes a amizade e, com sorte, ainda faço uma equipa de futebol. De andebol, já tenho... Os tempos modernos trouxeram o alheamento. Perdem-se as tradições, ocultamo-nos por detrás de materialistas contingências de vida. Mas há gente que persiste na manutenção de ancestrais formas de ligação. Será por isso que continuo a ter os meus Ramos de Domingo?

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