Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Associação Potrica - Lapadas, biqueiros e lostras no iletrismo



O maior mal não é o analfabetismo, é o iletrismo das classes dirigentes (Ricardo Jorge)

Para os mais desprevenidos... Há, reconhecidamente, um dialecto de "Tráze duje Monteje", com as suas especificidades regionais, sublinhe-se. Para os que, humildemente, o desconhecem, talvez tivesse sido mais eficaz ter no título "Pedradas, pontapés e estalos" (e para os que, com sobranceria o renegam, fica, simplesmente, "ua lapada, um biqueiro e ua lostra" para a renegação). Já para os afoitos dos neologismos, talvez a substituição do "iletrismo" por "iliteracia" se revelasse mais conveniente. Contudo, não pretendendo ser mais papista que o Papa, procuro - nem sempre conseguindo, é verdade - elevar a desbaratada Língua Portuguesa a um delicioso purismo, temperando a ousadia com um "cibo" de orgulho nas raízes. Conquanto, nos tempos que correm, lhe veja a pureza desvirginada por "atos de corrução" paridos por quem, numa "ação" de desvirtuar o ditado, aceitou que fosse ensinado o Pai-Nosso ao padre. Andarão o Luís, o Fernando, a Florbela, o Ary e outros mais "práguêjando ná séputura", a aviltar semelhante homicídio? Que pensará El-Rei D. Dinis, tresloucado poeta-lavrador que impôs o bárbaro Português como língua oficial dos diplomas? Que se dane, ainda se desconhecia a existência das terras de Vera Cruz e as traulitadas resumiam-se a ser sanadas por Tratados de Alcanices, e Tordesilhas ainda se anunciava longe... E, reconheça-se o factualmente indesmentível: os polegares apenas detinham desenvoltura para manejar espadas, maças e demais artefactos bélicos medievais para "infiar uas catchouçadas" nos do lado de lá, e para se defender das ditas, também. Hoje, dizem os especialistas em genética, o futuro será sorridente para uns tendencialmente mais extensíveis polegares, muito à custa da massiva utilização de novas tecnologias. Nada de anormal, nada de pecaminoso... O pecado mora ao lado, bem ao lado da correcta utilização de um tal de camoniano idioma, adulterado a "kstões de kem axa k ixo d screver é 1a xpriêxia dkls k tb é 1 xpetakulo" transcendente, mesmo que a transcendência se transforme num vocábulo inentendível. Adiante, que o Sabor ainda corre selvagem e o Tua ainda não inundou a linha... E adiante que, ocasionalmente, vão surgindo motivos para sorrir! Como uma tal de "Associação Potrica" ("Axoxiaxão Potrika" em "Portecladês", cabal demonstração de poliglota!), uma infame organização que, pasme-se, quer revigorar hábitos de leitura. Em cafetarias!!! Mas que "dexk/xideraxão" para quem apenas encara determinados locais como um vínculo à cafeína ou a etílicas formas de arejar a mente! Mas que atentado à liberdade de "xprexão"!!! Mas este rapazola, detentor de uma linguística insanidade de Cavaleiro Andante, aplaude, aplaude, e volta a aplaudir, aplaudindo novamente, numa prolongada ovação a mais esta tentativa de não anuir com a ostracização a que a Língua Portuguesa vai sendo votada através de ignominiosas formas de barata prostituição. Amparem-se os superiores membros, rubicundos que estão de tanto aplauso, limitem-se as suas extremidades a transfigurar os signos de um teclado em vocábulos de louvor a tão impagável iniciativa. Todavia, vou sendo assolado por uma inenarrável tristeza... Macedo estará à distância de um pulo, mas a minha dose de cafeína foi deglutida algures num "tasco" à beira mar plantado onde, em substituição do delicioso silêncio de um livro, ecoava pela atmosfera a aculturação de uma pronúncia que, não desmerecedora de crédito pela sua beleza, se inflitrou em forma de "á-cô-ré-dô" desde que uma Sónia de cravo e canela invadiu o mar português. Foi ontem, lá longe, a preto e branco... E foi hoje, bem perto, a cores... Nesse hoje apenas desejei, temporal arrepio dos sentidos, aspirar uma macedense atmosfera, temperada a Torga ou Junqueiro, condimentada a Pires Cabral ou Trindade Coelho, ou adoçada a monstros outros. Limitei-me à leitura da saqueta de sacarose, reli a saudade e tentei decifrar uma forma de aplaudir uma tal de "Associação Potrica", essa tal que convida para uma "Pausa para a leitura" nos cafés macedenses. Bem-haja! Porque o analfabetismo não reside naqueles que não sabem ler; mas sim naqueles que, sabendo-o, não o fazem... Impavidamente extensível ao iletrismo de certas classes...

1 comentário:

Koky disse...

Vão, ainda e gráceis, surgindo, por entre aqui e ali, algumas, louváveis, ideias em contracorrente ao desgoverno e labéu da "última flor do Lácio".

Ovacionemos com rejúbilo e alor o ensejo de tão egrégia iniciativa.


Ou:


inda s fazem umax cenax nices pelo tuga. alta/