Bem Vindo às Cousas
Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :
domingo, 4 de julho de 2010
Cirroses da alma numa educação corrompida
As regressões temporais, se abusivamente tomadas como recurso, extirpam o valor ao futuro. Contudo, quando, por instantes que não vão além de uma suave brevidade, lhes dou permissão para envolverem a nostalgia num terno abraço, fico despojado das vestes da incerteza com que, sub-repticiamente, nos vão adornando. Como desdenho dos enfeites, desdizendo, no entanto, o ditado, socorro-me do arado em que transformo os signos, chicoteando uns pequenos quadriláteros com as extremidades dos membros superiores, numa tecnológica metáfora que transforme o alfabeto em gritos. Ou, em alternativa, em silenciosos alertas que, paradoxalmente, vejam amplificada a sua sonoridade… Pode ser que alguém se dê ao trabalho de decifrar a lavra… E que mais se juntem à depreciação da teia com que, hipocritamente, nos enredam, numa atroz morfinização, atordoando-nos com carícias emparelhadas com sorrisos que escondem o esmalte da dentada fatal. Como a impavidez me corrói a essência do ser, “num m’amoutcho”!… Por isso, de “bêz’im quando”, inverto os ponteiros, relegando o presente para um mero comparativo com o pretérito. E nem sempre a doçura vem reflectida a mel, fenómeno de avulsas letras onde o “m” convida o “f” a substituí-lo… Porque é de letras que se trata, ou da forma como lhes decifrei as entranhas, sugando-lhes a essência, aglomerando-as numa estranha espécie a que a preceptora dava o nome de abecedário, fazendo-as conviver lado a lado, até ao clímax de as obrigar a gerar perceptíveis vocábulos. Mas isso foi noutros tempos… Tempos em que, esporadicamente, por familiares atributos, retirava a exclusividade de aluno da Primária do Toural e penetrava noutros escolares mundos recheados de putos, lá para as bandas de Sezulfe ou, alternativamente, para os lados de Lamas. Estranhamente, para modernos tempos, sublinhe-se, havia putos, putos que aprendiam, corriam, brincavam, tal como faziam os putos do Toural. E havia professoras, professoras que ensinavam, repreendiam, presenteavam com reguadas, tal como faziam as professoras do Toural. À hora do almoço, os putos faziam uma marcha de 5 ou 10 minutos, numa breve conexão com o seu mundo, o aconchego do lar ali ao lado, paredes meias com o edifício branco onde aprendiam a soletrar e onde tinham um recreio para brincar, pais à espera, tal como faziam os pais dos putos do Toural. No final das tarefas escolares, pastas às costas, infindáveis correrias de infantis energias, a casa à mão de semear, proximidades, ou a segurança do conhecido. Tal como faziam os putos do Toural… Um dia, contingências várias, os putos cresceram, e foram fazer putos para outro lado. Deixou de haver putos, tal como havia na Escola do Toural. E os edifícios brancos foram sendo amputados, paulatinamente, de vida, votados ao esquecimento, premeditadas formas de, o futuro o dirá, manietar a gente, forçando-a ao abandono da terra, para que um dia a terra seja coberta por um qualquer dos muitos lençóis planeados, sustidos a emparedamento de betão, e para que não se afogue a gente, que matar só o passado, crime não é. Criou-se uma nova classe infantil: a dos deportados. Putos que mal largaram ainda a etapa da “teta”, 5 ou 6 anitos, tão só, sonhos quebrados por uma reorganização educativa pensada e planeada por pais que colocam os filhos num qualquer Colégio Alemão ou Francês. Pais, que não sendo de transmontanos putos, desconhecem o sabor da madrugada, nem provam viagens de autocarro por províncias de auto-estradas privadas… Talvez, um dia, a castração crie uma proliferação de novas Banreses, submersas quiçá, ou engolidas por uma vegetação parida em xisto do esquecimento. A arqueologia do vigésimo segundo agradecerá, fortuitos achados de gente que virá em busca da exploração da coutada. Nesta viagem ao futuro, não me surpreenderá que um portador genético exprima a admiração pela pétrea ossatura que testemunhará, silenciosamente, que ali existiu uma qualquer Soutelo Mourisco, ou coisa que o valha. Entretanto, o mutismo e a resignação de todos nós, vai alimentando o Golias que, desmesuradamente, engole xisto e granito e os cospe em forma de betão, ou em forma de irreversível destruição, tentáculos que silenciosamente se movem, absorvendo rasgadas entranhas à sua passagem, sorvendo os poucos que buscam ascender a David. E nós? Nós fugimos, num indescritível individualismo de quem apenas cuida do próprio umbigo, esquecendo-nos de olhar para o costado, golpeado insistentemente sem que esbocemos o mínimo esgar de dor. Calamo-nos, esquecendo, até, a dupla auricular que, de mudos, nos deveria fazer ouvir. Não escutamos a dor, porque nos vendem que a dor não se escuta. E nem a sentimos, porque nos anestesiam com a virtualidade de analgésicos de cavalar dose, escudando-se a governativa medicina por detrás de solidariedades de amargos rebuçados. Um dia, num regional periódico, lê-se o diagnóstico da única pedopsiquiatra de um futuro condenado Centro Hospitalar do Nordeste. Aumentam os casos de putos, iguais aos putos do Toural, de Sezulfe, de Lamas, e de outras aldeias mais, com distúrbios emocionais, incrementam as dificuldades cognitivas, proliferam as queixas de deportados que esperam, madrugada ainda, pela abertura de portões. E, sei lá, conjectura apenas, há putos, iguais aos putos do Toural e do resto que não me apetece repetir, que mergulham, sem volta, num qualquer Tua, que Azibo ou Sabor poderia ser, quem sabe… Será um conluio? Terá Sulpício Galba disseminado os seus genes para lá do aceitável? Ter-se-ão conjugado os ditos com os de Servílio Cepião? Se não é, parece… Ou, contemporaneidades, terá deixado rasto um dos últimos estadistas da potência do mesmo paralelo do lado de lá do Atlântico? Um tal que, como medida de combate aos incêndios que assolavam um dos 50 Estados, afirmava ao Congresso que deveriam abater-se as árvores… Não existiria combustível, nada haveria para arder… A medida terá chegado a este europeu canto. Para não haver desertificação, promove-se, encapotadamente, a dita. Já não restará nada para desertificar… Nem vozes que se levantarão contra o que desertificado está… Um dia, talvez os macedenses putos passem a deslocar-se, A4 concluída, para um qualquer centro escolar, Vila Real, talvez? Utopias de uma escamoteada realidade… Ou a finada luz de um qualquer túnel fechado... Nota: Três magníficas fotos que adornam este post são da autoria de Valter Cavaleiro, ao qual agradeço a sua permissão para as utilizar
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1 comentário:
boas..
podes por se quiseres na tua lista de blogs o blog do clube atlético
http://clubeatleticodemacedodecavaleiros.blogspot.com/
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