
Um pequeno regresso ao "umbigo do mundo"... O futuro Parque Geo-biológico de Morais vai ter um Centro de Informação. Se a criação do mesmo, ao abrigo da Rede Natura, já é de aplaudir, ainda mais o é a iniciativa do reaproveitamento de uma das antigas casas florestais para o efeito. Todavia, a predisposição da minha má-língua não me permite limitar-me a aquecer as mãos com uns aplausos (dos sinceros...). Há uns anos, com a devida pompa e circunstância, foi inaugurado o Centro de Interpretação de Santa Combinha, associado à Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo. Nos dias de hoje, ao que contam as congéneres más-línguas, o dito encontra-se apenas a emoldurar um magnífico (magnífico porque já por lá andei diversas vezes) miradouro e a abrir as suas portas quando o artesão, ao qual foi cedido o espaço, tem disponibilidade (ou disposição)para tal. Mas, como nem só de cousas más se vai fazendo a rotação do mundo, o mesmo destino não foi dado às infraestruturas que serviriam de Centro de Recuperação de Aves. Neste caso, transformou-se - e bem! - em "Centro de Recuperação" dos achados arqueológicos do concelho. A quem ainda não teve a oportunidade de visitar o Museu Arqueológico, deixo aqui o conselho para o fazer numa próxima oportunidade. Vale pelo passeio, pela simpatia de quem serve de guia e porque não toma muito tempo a volta ao dito museu. Como seria de esperar, o espólio é reduzido, mas está devidamente organizado e rotulado. Pulando, de novo, para Morais, certo, certo, é que a existir uma futura inauguração do Centro de Informação já não deverá ser feita pela mesma pessoa. Como algumas línguas afiadas disseram que deixou o país de tanga, passou a dedicar-se a causas mais humanitárias que aturar este país doente que até já a tanga perdeu...

Culturando noutro sentido... Outubro celebrou o Mês Internacional da Biblioteca Escolar. Ou ando desinformado ou, pertencendo a duas associações de pais, o mês passou-me ao lado... Ou, como ainda estamos no último dia do mês... Nunca se sabe... Perdoem-me os que assobiam para o ar de contentamento pelos retornos do investimento n'"A Outra", mas somos, cada vez mais, um país de letrados em novelas. Ainda que as mesmas representem autênticas obras-primas de carácter não-ficcional, ao género de "O Processo (não o de Kafka) Interminável da Casa Pia". A triste realidade é que, mesmo com "Novas Oportunidades", "Choques Tecnológicos" e "Magalhães" pelo meio, somos, cada vez mais um país de analfabetos. Porque, verdade, verdade, não é analfabeto que não sabe ler. É analfabeto todo aquele que sabendo, não o faz... E porque esta triste realidade se passa no país do Sócrates, lembrei-me de Platão: "o pouco que sei, devo-o à minha ignorância"...