Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Umas hélices como simbologia

Por vezes, o burro cansa-se de vergastadas. O verdugo que maneja o chicote, habituado à mansidão do jumento, vai imprimindo ascendentes movimentos, logo seguidos dos contrários descendentes, silvo a irromper na pacatez e, zás!, sem que conste dos manuais do despotismo a desfaçatez da indignação, soltam-se amarras e voam uns cascos que atordoam o abutre. Logo virão outros, crentes na efemeridade do processo de levantamento de ferraduras... A não ser que a persistência dos indómitos resista à afronta... Mas já o dizia o grande Torga nos seus Diários, lá por tempos de passado século: «É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão. Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados.» De quando em vez, agitam-se as águas, muito de quando em vez... Cumprida a revolta, hão-de suceder-se as pastas da Saúde (ou doutro qualquer Ministério), numa prolongada odisseia que, Homero por cá andasse, azo daria a mais uns quantos volumes. Vão os cleptómanos acicatando a soberba, apenas pela inevitabilidade de, fenómenos da geomorfologia, ter ficado um Reino Maravilhoso empoleirado no alto de Portugal. Episodicamente, serve o dito Reino para completar os manuais de estatística ou, eleitorais alternativas, cumpra-se ufana obrigação, alheiras e demais acepipes à disposição, caravanas de promessas do não esquecimento. Depois, apresse-se a retirada de medalhas e retorne-se ao oficial Reino do Olvido. Após o desmembramento das linhas estreitas, estreite-se ainda mais a gente, ampute-se o Reino de básicos serviços, definhe-se a saúde, a educação também, esvazie-se a alma que, de alma desprovido, o povo, essa cambada de anónimos energúmenos, povo deixa de ser. Até um dia... Os Filipes também por cá andaram 60 anos... Talvez precisemos de uma nova Restauração, à traulitada não diria... Mas é premente restaurar a crença, o orgulho, a pertença, esta estranha forma distinta de estar, exuberantemente retratada por Torga: «Onde estiver um Trasmontano está qualquer coisa de específico, de irredutível... Corre-lhe nas veias a força que recebeu dos penhascos, hemoglobina que nunca se descora». Prometeram-nos um helicóptero em troca do desassossego, querem retirar-nos o dito para incrementar o mesmo desassossego. Podem roubar-me a comida, mas jamais me roubarão a fome... Por isso, a 15 de Setembro, lá estarei num fraternal abraço ao veículo das hélices. Ainda que seja simbólico... Porque do pouco se faz muito e muitos não farão, seguramente, pouco.         

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