Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Feira da Caça e Turismo - Retornos à essência

Numa época de contenções, vorazes apetites e mordazes recomendações para "troikar" de pátria, semblantes carregados pelo imaterial património do destino, trinam invisíveis guitarras num prenúncio de morte não desejada, verga o costado dos fortes, triste sina esta a de marinheiros de seco mar pétreo... No entanto, rompe-se a inexpugnabilidade de inviolável cerca, da putrefacção se faz inebriante aroma, volatilização do antes, o após antecedendo o agora, contrastes do finar feito vida. A realização da efemeridade quebra até pretensas sagacidades, fumo na ausência de fogo, paciência, "que me botim na culpa de num ser do scontra ou q'ande d'a cabalo dó pa trás, que mai fai, daqui num alquino ou, agora que m'afize ó strafogueiro, à tchitcha tenrinha e ó scano"... Devaneios à parte, tem a vida composições destas, "bota-se-m'o curação pró pé das guelas e as manápulas dão-le bóze", quem sofre as agruras da penitência são as teclas, massacradas num compasso de "screbe e safa", sequência de "tchic-tchic-tchic, bolta pa tráze, tchega pra diante, tchamum-le o dilite ou o béque-speice, ou lá o que caralhitchas me dixo o home dus cumputadores". Mas começou a Feira da Caça e do Turismo 2012!!! E não há cheiro a terra que não me alivie as ânsias, que não amanse as angústias, que não aplaque a ira - mesmo que a ira não passe de uma conjunção de três letras para embelezar a prosa... Enfrenta-se a ameaça que paira da abóbada privada de estrelas, priva-se a descendência do conforto de quatro rodas, conforta-se a dita com a previsibilidade de um nocturno passeio sem a presença de abençoada chuva, ruma-se ao recinto da feira, sorridentes faces desvirginando o silêncio do "Prad'Cabaleiros", repetidas saudações à alva e imóvel Maria, intrépidos seres corruptores da calma da Praça Central, a das Eiras é quase ali, deslumbram-se os sentidos com luminosa fonte, comenta-se a fachada do hotel de passagem, ouvir-se-iam as moscas se tempo fosse delas, adiante, é já ali depois das recordações do escolar edifício que relembra a segregação dos sexos. É o fascínio de um regresso, anunciado há um par de anos, atravessa-se o recinto ornitológico, captam-se desconfiados olhares de rapina, apetece tocar, afagar as penas, acalmar os protestos em forma de estridência. Arregala-se o olhar, segue o trio em procissão de deslumbramento, excitam-se salivares glândulas com o desfilar de sabores a terra, alheiras e outros enchidos em exposição, cheira a queijo, diz a descendência, mas cheira a miscelânea de terra e gente, sente-se a volúpia dos sentidos, apetece desencadear um descontrolado ataque às guloseimas. Por fim, saudações muitas, circunstanciais conversas, troca-se "ua mãozada" aqui, um "tchi" acolá, soltam-se uns beijos "n'uas botchetchas" ali, detêm-se as almas para a degustação de uma ginginha, "dá-s'um cibo à língua", revêm-se velhos conhecidos e amigos, demora um pouco mais o intercâmbio quando surge o "mou Binhó", soberba irmandade desprovida de genética, imobiliza-se o cortejo quando os xísticos glóbulos se amotinam pela presença dos longínquos acordes da voz das raízes, familiar e arrepiante choro da gaita-de-foles. É inexplicável esta música que me petrifica, talvez sejam ancestrais genes a clamarem pela injustiça do ostracismo, talvez seja apenas este indisfarçável orgulho nas pedras que me deram vida. Ou seja o gosto pela essência que me consome a dança dos ponteiros. Amanhã sentirei o mesmo, agitar-se-á a alma neste estranho bailado de quietude, revivescências de um tempo que tempo foi em tempos idos. A verdade reside nas portas da memória que teimam em não se fechar, talvez me tenha esquecido do "carabelho", propositadamente me tenha esquecido, porque pretensão não tenho de "cerrar o cancelo até que me tchame o home da gadanha". Quiçá sofra da demência de uma "macedite" crónica ou, instância última, seja o sofrimento derivado de "trasmontanite" aguda. Ou tenha sido a excessiva exposição à monotonia - essa sim!, monotonia - de telas de betão adulteradas por monóxido de carbono ou, alternativas coloridas, corrompidas a grafitti, inúmeras vezes elo constituinte de automobilístico ofídeo, serpenteante VCI ou Segunda Circular decoradas a sucessão de intermitentes luzes encarnadas... Prefiro a pacatez do virtual abraço da imponência de uma árvore, vastos horizontes ondulantes que castram a noção de tempo. Prefiro as terras da Feira da Caça... Podia ser pior... Plagiando uma certa campanha publicitária: "TERRA DOCE, VENHA CÁ!"...          

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