Bem Vindo às Cousas
Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :
domingo, 13 de novembro de 2011
Fermento da essência
Estranhos pesadelos estes, profecias do tempo, sinopses do futuro, talvez a soberania ganhe características aladas e se evapore, voe para lá das cordilheiras e aterre por terras outrora de Francos e Germanos. Hoje, artificiais evoluções da espécie, lembram-me os coloridos atlas onde pontificavam Checoslováquias, Jugoslávias e URSS, apanágio de dissensões por quedas de muro contrariadas, estranho continente retalhado este, sinto a invasão de hordas de Francozis e Germerquelanos, fórmulas neotribais em silenciosas cavalgadas. É um sonho apenas, fruto de ficcionais convulsões, prossegue a fuga metamorfoseado em insecto, nuvens de entomófagas plantas em perseguição. Empunham apelativos cartazes, impunes sorrisos, arregalo o olhar em desmesurada angústia ao conseguir vislumbrar um gordo "WIR SPRECHEN DEUTSCH", acompanhado a letras miúdas com um "NOUS PARLERONS FRANÇAIS"... Procuro desenfreadamente algo lavrado em "aborto" ortográfico, e nem um signo sequer, soa-me a travessia do Rio Lethes, o Lima do esquecimento. Não fossem as quase imperceptíveis aglutinações francófonas, sentir-me-ia amputado do cordão que me ligava à herança latina. Quase a despenhar-me no abismo, sou despertado pelos genes de xisto, alvoroçados com o prenúncio. Acordo do torpor, verifico que ainda consigo articular fonemas em Português, tento vestir a linguagem a traje pátrio, vermífugo para intelectuais disenterias, orgulhoso da persistência em "faCtos", numa "reCta" que me "direCciona" a pirâmides da essência, muito para cá do "EgiPto"... Ufa!!!... Afinal, tudo não terá passado de efémera insónia de um dos hemisférios cerebrais... Regressado a este pedaço à beira-mar, parte da Callaecia de idos tempos, o vento a fustigar arbóreas franças, dia de alerta laranja em contrastes de céu a cinza pintado, nesta penumbra de sarcófago do planeta quase claustrofóbica. Mas sabe bem compensar a aparente melancolia com o ruído do troar exterior em contraponto ao sossego de uns cavacos a crepitar, melomania adornada a gosto pessoal, prazeres estomacais aconchegados a assado de forno emoldurado a "castanea sativa", regados a vínico néctar dos deuses, prazenteira companhia dos que fazem de paredes macedenses refúgio... Macedo, dos Cavaleiros o foi, terra maldita de contestatárias vozes - alicerçadas razões por vezes - terra bendita para quem o tutano lhe suga a cada tentativa de amputação da distância. Neste desvario de aromas a Atlântico com desejos de homónimos do Azibo, apaziguados ânimos de fugaz incursão a vales e montes, apetece-me enaltecer a essência, vangloriar os feitos, ainda que os feitos se resumam à obliteração de inacabados túneis por tribos dos conquistados de Olisipo. Talvez sejam efeitos de propalada supremacia étnico-cultural de Túrdulos em migração... Que seja, deturpe-se o ditado, que para lá do Marão deveria mandar a unicidade dos que lá estão, acrescido mandamento aos que "proa" sentem pelo desprezo da aculturação. Será tempo de desmistificar, enalteça-se o que enaltecimento parece não ter - ou fantasiosas crenças nos vendilhões do templo. Em verdade vos digo, sinto-me tão europeu como um turco. Nesta finisterra ocidental, excêntrico extremo de estranha gente de acoplados genes de invasões muitas, não fossem celtas reminiscências de exacerbados contactos, ou vestigiais aspectos no fenótipo de presumível ascendência em suevos súbditos de Teodomiro ou visigodos partidários de Vitiza, julgar-me-ia num oceânico enclave infinitamente omitido de ocidentais cartografias, extravagâncias de ilhéu nunca descoberto. Apenas porque sou de Trás-os-Montes Oriental, terra de encantos muitos, Nordeste o dizem, lá para os lados de inacessíveis terras de "trás-do-sol-posto". E, objectivamente, que se danem lusitanistas teses paridas no desconhecimento de clássicos autores, viva a Lusitânia, mas Lusitano não sou. E viva a Callaecia também, mas de Calaico apenas terei a afinidade de ocidentais fronteiras. Viva ainda a Asturia onde incluída foi esta nordestina terra encravada nas fronteiras do esquecimento por reordenamentos do povo do Lácio. Mas, acima de tudo, viva a diferenciação de diferente ser, filhos de encavalitadas pedras, netos de montes e vales, bisnetos de direitas margens do "Durius" e de Tua e Sabor afluentes. E vivam históricas falácias de renascentistas epopeias, esqueça-se a forma como incluídos fomos no reino, exacerbem-se artificiais fronteiras de séculos muitos. Contas feitas, serei tão europeu como lusitano serei, à lusa pátria do Douro para baixo não renego, que isto de Português ser tem que se lhe diga, mas... De separatista longe estou - venham acusações muitas - num resumo à moral genética de enaltecimento da diferença. Partidário sou da existência de muitos "Amadeu Ferreira", inexpugnáveis cavaleiros da luta pela identidade. Que me perdoem os infanções da globalização, mas continuarei a dar preferência à genuinidade de "ua ráineta ou ua brabo d'smolfe" em vez de um bastante apelativo "apfelstrudel". Não regatearei encómios a um "bô butelo com casulas secas", dispensando o "saucisson d'Auvergne". Não prescindirei de um "bô trontcho de penca" relegando o "chucrute" a mero acessório ocasional... E jamais presentearei gustativas papilas com alheira recheada a galinha e pato, substituinda-a por aquela em que ancestral saber manuseia "intchedeiras co a massa de pão imbuligada em cibos de tchitcha gorda e couro, pita e parreco". Prefiro indubitavelmente "ua selada de tchítcharos" à equivalente de feijão-frade. O bacalhau sabe incomparavelmente melhor com "erbanços" do que com grão-de-bico. E hei-de persistir nesta insana forma de ter apreço por "sbarar no carambelo" ou fazer "pintcha-carneiras", ficar fascinado sempre que vejo "alustrar" enquanto cai uma "scarabanada", comer um "carólo de bola sobada" com um "cibo de lambisco"... E alegrar-me com a aparência de rugas tristes e cansadas, de gente simples que me dá um mundo distinto sempre que a visito... « - Ó carbalho que ma racontracosa, atão o lapardeiro stá infastiado? Bota cá um copo pra buber ua pinga, bai ó pipo si'u queres. E trai o presunto que stá imbarrado ó pé dos galelos. Qués a carotcha ou um carólo de cabo a rabo? Bá, abonda di o catcho do toco do picheperne que já o amandemos pró carbalhtchas. E num qués um tantinho de caldo? Olha q'é de casulas secas, q'ou bem no sei que t'im augas todo por ele»... Há, realmente, coisas fantásticas e distintas nas raízes, "or sim"?...
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