Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







sábado, 2 de julho de 2011

Um Museu do Azeite e outras cousas de Cortiços

Era uma vez uma paixão por Zoelas, seduções inentendíveis para aqueles que não perscrutam a ancestralidade como um dinâmico legado que decifra a ponte para o futuro. Não é História, são "cibos" de rude raça; não é Arqueologia, são pedras que falam; não é Antropologia, é um "tantinho" de genética do espírito. São estranhas palpitações a cada rebusco, corpos acossados por tórrido sol, extensões auriculares processadas pelos protestos de insectos que vêem o seu reino invadido. Sente-se um arrepio nas vértebras, doce e profundo arrepio, e o entusiasmo cresce a cada partilha de comuns interesses, descendência em deslumbramento por um pedaço de "tegulae" mais. Ocasionalmente, muito ocasionalmente porém, o destino, ou - quem sabe - o livre arbítrio, coloca-nos defronte de gente que partilha e entende, gente que sente as pedras com distinto sentir, gente que não se importa de expor esta rudimentar atracção pelo legado que, como Torga dizia, nos faz ter "hemoglobina que nunca se descora". E nada tem de afinidades com ácidos fólicos, vitaminas B12, ferros, ferritinas ou transferrinas. Como se a anemia não afectasse os descendentes das pedras... Analíticos conceitos arrumados a um canto, uma singela partilha do universo Zoela conduziu ao desafio de confrontação com similitudes de apresentados cultos solares. E abriu-se, escancarada, a porta para desafios outros. Desmazelo dos dias, há anos não me aventurava pela freguesia de Cortiços, terra de Fidalgos, extinta sede concelhia por reformas de finais de XIX. Por lá permanecem testemunhos de glórias outras, o tempo não lhes apaga o rasto ou, adulterando-o, transforma vestígios do passado em esqueleto de muros. Histórias outras... Depois, a obra de visionários, gente que culto presta às vozes que voz lhe deram. Entrar no Museu do Azeite é abdicar do tormento de pensar que o abandono da génese é geral. Ainda há resistência à perda de identidade! É como se penetrássemos num inexpugnável castelo, feito de pedras como elevadas eram muralhas, permissão dando aos sentidos para invadidos serem a cada estocada de idos tempos.
Permaneceu o voraz apetite de um regresso, mais calmo, menos efémero. Em cada canto do espaço sente-se o pulsar de cada fenómeno nele retratado, como se por ali permanecessem os homens e mulheres que vida lhe deram. O cicerone, privado conhecedor de cada pedaço do recheio, contagia-nos com a simplicidade do seu entusiasmo, elevando cada peça a um patamar de quase idolatria pela história que nela repousa. E sentimo-nos escoltados por resistentes da Monarquia, ou por Zoelas que do Cramanchão fizeram habitat, ou por gente simples que afagava azeitonas tranformando-as em ouro líquido. Depois, não resisti ao desafio de observar de perto plágios de "rodas de raios curvos" esculpidas em santo lugar, ou exemplar outro lá para o abandono de uma casa na Cernadela. De permeio, a escalada a um muro, por lá se encontra incrustado pedaço de pedra que de mó manual serviu e, altaneira, a que a tampa de sepultura medieval se assemelha, gravados caracteres para futura decifração. É um estranho apelo este... Alicerçado num não menos estranho sentir. Cousas... Cousas que impelem a um desvio ao Cramanchão, riqueza guardada por espessa vegetação, num silêncio quebrado pela azáfama de vizinha pedreira. Eram os Zoelas, romanizados Zoelas, aculturações do desfilar do tempo, algures perdidas por entre rebentamentos da modernidade. É um arrepio da alma... Hei-de regressar a "Vallis de Cortisis"...

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