Bem Vindo às Cousas

Puri, se tchigou às COUSAS, beio pur'um magosto ou um bilhó, pur'um azedo ou um butelo, ou pur um cibinho d'izco d'adobo. Se calha, tamém hai puri irbanços, tchítcharos, repolgas, um carólo e ua pinga. As COUSAS num le dão c'o colheroto nim c'ua cajata nim cu'as'tanazes. Num alomba ua lostra nim um biqueiro nas gâmbias. Sêmos um tantinho 'stoubados, dàs bezes 'spritados, tchotchos e lapouços. S'aqui bem num fica sim nos arraiolos ou o meringalho. Nim apanha almorródias nim galiqueira. « - Anda'di, Amigo! Trai ua nabalha, assenta-te no motcho e incerta ó pão. Falemus e bubemus um copo até canearmos e nus pintcharmus pró lado! Nas COUSAS num se fica cum larota, nim sede nim couratcho d'ideias» SEJA BEM-VINDO AO MUNDO DAS COUSAS. COUSAS MACEDENSES E TRASMONTANAS, RECORDAÇÕES, UM PEDAÇO DE UM REINO MARAVILHOSO E UMA AMÁLGAMA DE IDEIAS. CONTAMOS COM AS SUAS :







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sábado, 20 de março de 2010

Abril, helicópteros mil

A pausa de uma semana pode trazer o estarrecimento pela complacência do verdugo. Será breve, eu sei, que as vergastadas no depauperado Reino do Esquecimento, vulgo Trás-os-Montes, regressarão com uma rapidez superior ao tempo que as costas aliviam da descida do chicote. Mas, enquanto o dito rasga o ar no sentido ascendente, deleite-se o espírito transmontano com o anormal, quase alienígena, fenómeno de redobrada atenção à agonia porque vai sendo tomada a saúde do moribundo Reino. Contrariando as mais pessimistas (e realistas) expectactivas, Macedo vai ser dotado de uma Clínica Oncológica, ao abrigo de uma parceria entre o CHNE e o IPO. Os maus ventos que anunciavam a catástrofe sofreram uma alteração de rumo... Esta chamada aqui não ocorre pela simples dotação de um serviço de saúde. Ocorre porque não merecemos ter que nos deslocar 200km através de um IP4 mal parido e mal conservado, quando sofremos as agruras de uma visita indesejável. Já basta a malfadada visita... Ainda no universo da saúde, ou no da falta dela... As célebres hélices do INEM reencontraram a trajectória da sua viagem aos confins da galáxia e aterrarão, com um atraso de 2 anos, algures por Macedo, num qualquer próximo mês de Abril. Digo "num qualquer próximo" porque o ano não está especificado... E, gato escaldado de água fria tem medo... E porque de água falei, aguardo, impacientemente, que as ditas hélices não tenham estado expostas à intempérie e não tragam o epíteto de "enferrujadas"...

domingo, 6 de dezembro de 2009

A cor da utopia

Inicialmente, pensei tratar-se de um fenómeno relacionado com a precocidade de uma brincadeira carnavalesca. Depois, à medida que os neurónios iam despertando da sua letargia matinal, apercebi-me, paulatinamente, que os sensores oculares já não transmitiam imagens enevoadas. Indaguei, junto das pessoas mais próximas, se eu aparentava sinais exteriores de algum eventual excesso nas festividades. Levados a cabo todos as despistes de qualquer anormalidade havia, afinal, um real motivo para tamanho alarido, o título de uma notícia: "PODER E OPOSIÇÃO EM ACORDO"... Esfreguei os olhos repetidamente, enquanto, atónito, via surgir sempre a mesma frase. Repeti a dose de cafeína matinal, só para descartar todas as possibilidades... No final, enquanto no exterior, os fenómenos de condensação e gravidade encharcavam os campos com mais umas litradas de água, descobri a cor da utopia. Esta semana, para lá de não haver lugar a verrinadas, consegui descortinar algum pacifismo noticioso. E tudo por causa, veja-se lá, da Feira de S. Pedro. Um evento em relação ao qual, o poder camarário e a respectiva oposição, estão de acordo! Finalmente! Afinal, acho que vou prolongar as festividades...

domingo, 29 de novembro de 2009

Inbernia'ze

Quando a grave canção do vento deixa o meu vizinho arvoredo em êxtase, num bailado que desmorona os castelos de folhas que ainda subsistem de anteriores intempéries, mais não apetece que apreciar o calor que emana do aconchego caseiro. Um rápida incursão ao lado oposto permite vislumbrar, através das bátegas que, enfurecidas, teimam em esvoaçar descontroladamentente, o espectáculo de magia em que os intérpretes são os raios que ziguezagueiam, aleatoriamente, no horizonte escuro onde o dia me diz que deve ficar o Atlântico. Há espectáculo, mas não há neve... Essa, chegou de novo, mais para leste, mais para o local onde andam obras que hão-de ser suspensas pelo temporal gerado por recusas do Tribunal de Contas... Não fossem os efeitos ainda presentes de uma recente aventura de bloqueio no manto branco, cujo epílogo foi uma estadia forçada em Vila Real, a estas horas já teria estado a efectuar novas experiências de disparos fotográficos lá para os lados do Marão. Mas, gato uma vez bloqueado, de neve escorregadia tem medo... Não me impede a restrição de sentir saudades do vento gelado e da face fustigada por alvas pintas esvoaçantes. Especialmente do palco branco onde repousam os bailarinos no período pós-espectáculo. E especialmente, ainda, caso o palco seja naquela terra que aguarda, pacientemente, há dois anos, pelo concretizar de uma promessa adiada. Sejamos justos... Com este temporal, não há helicópteros que obtenham permissão para voar... Nessa mesma terra decorrerá uma próxima Assembleia Municipal com temas quentes (uma forma de poupança de energia, face às temperaturas que vão, gradualmente, baixando), isto a crer naquele semanário em cujo rol de passatempos favoritos cabe o "verrinol" (uma espécie de modalidade em que os adeptos da casa agridem os jogadores da própria equipa, distribuindo "sarrafada a torto e a... torto", isto é, sempre para o mesmo lado). Na pretérita semana, a "sarrafada" foi distribuída à rectificação orçamental que privou algumas freguesias de verbas que lhes estariam atribídas. Nesta semana, a fava coube aos 19 mil euros que a Câmara teve que desembolsar para os Bombeiros de Mirandela e Torre D. Chama, pelo serviço de abastecimento de água às populações na época estival. Diz um anónimo macedense que isso é ilegal. Em matéria de legalidades, neste caso, só conheço uma: a sede e a necessidade imperiosa de água para sobreviver. Caso o anónimo macedense que faz a queixa vivesse em Argana ou Vila Nova da Rainha (só para citar dois exemplos), consideraria ilegal o abastecimento de um bem de primeira necessidade? E estaria importado com o "braço-de-ferro" mantido entre a Autarquia e os Bombeiros de Macedo? Desconheço de que lado está a razão (ou não estará em lado algum), mas sei que estará algures num copo vazio que se enche de água quando temos sede. Não seria hoje o caso, tal a abundância... E lá fora mantém-se a grave canção do vento... Acompanhada pela percussão das gotas que embirraram de vez com as minhas janelas... Vale que, por vezes fazem uma pausa na embirração... E resultam momentos destes...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Roubos, arte e tradição

Há coisas caricatas neste país onde cada vez mais me convenço que vale a pena a "ladroagem". A começar pelas altas esferas. Seguindo pelo exemplar comportamento que demonstram ao país, a coberto de processos obscuros que acabam sempre por ilibar as ditas esferas, continuando a rolar as mesmas sem que rolem cabeças (rolam escutas, e já é um pau...). A arraia-miúda vai-lhes seguindo as pegadas. Como faço parte desse complexo mundo cinzento, começo a equacionar seriamente a minha postura de cidadão. Vem isto a propósito de uma declaração proferida pelo proprietário de uma agência de seguros macedense, na sequência da terceira visita dos amigos do alheio. No que a mim diz respeito, não é de pasmar: «Não vou apresentar queixa porque fi-lo da última vez mas nunca se chega a conclusão nenhuma. É uma carga de trabalhos.»... Sem mais comentários... Por referir comentários, já sentia saudades das verrinas. Para desilusão minha, as mesmas foram substituídas pelas suspeitas em forma de "dúvida pública". A crer na notícia que dá origem à "dúvida", o executivo camarário procedeu a uma alteração no Orçamento, retirando às freguesias de Talhas e Macedo de Cavaleiros, respectivamente, 82 e 53 mil euros. Considerando que estas freguesias deram, nas últimas Autárquicas, a vitória ao partido "oposicionista", não deixa de constituir um daqueles aromas que despertam a sensação de cheiro a esturro. Contudo, e porque prefiro, indubitavelmente, os juízos de facto aos equivalentes de valor, gostaria, numa próxima oportunidade, de saber o que aconteceu relativamente às freguesias de Talhinhas, Vilarinho de Agrochão, Lamalonga e Ala. Só por "causa das cócegas"... Por outro lado, como já estou habituado ao facciosismo de quem, a coberto de um periódico flaviense, trata de "cascar" na própria terra (e sempre no mesmo sentido), deixo sempre uma margem de manobra alargada para conclusões precipitadas. Especialmente porque, caso eu fosse o "ministro das aldeias" (tal qual é apelidado o vereador em causa pelo jornal em causa) e tivesse "levado nas trombas" em plena campanha eleitoral, enquanto decorria uma festa lá para os lados do "umbigo do mundo", não duvido sobre qual seria a minha posição em relação à aldeia de onde foi originário o "aquecimento do costado". Ou será que o senhor jornalista dá benesses a quem lhe "acerta o passo"? Adiante, porque da dita aldeia que, pelos vistos foi mesmo prejudicada, sai gente que leva o nome de Macedo ao mundo. Falo de Pedro Pires e da forma como se perdeu um físico para se ganhar um bailarino. Em boa hora há pessoas que possuem a capacidade de perceber que não estão talhados para uma determinada actividade e, contra ventos e marés, aplicam as suas potencialidades em áreas diametralmente opostas. E, depois de tudo isto, o que me apetece mesmo é um café com umas torradinhas (de trigo, porque o centeio já se foi), antes de me entregar ao mundo de Morfeu. A ideia do café levou-me à recordação de umas imagens que vi recentemente no segundo da listagem das "Outras Cousas de Villar de Masaedo". E tenho pena não poder saborear um café daqui saído...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Legalidades

Quando a velhinha N15 entrava na sua agonia de substituição de tráfego pelo IP4, suspirei... De alívio e de nostalgia... Ainda a novidade do novo traçado se encontrava à espera da respectiva inauguração e decidi passar as barreiras legais, cometendo a proeza de circular por onde a ausência do cortar de fitas ainda não permitia. Nesse dia, prometi a mim mesmo que um dia haveria de me despedir decentemente das "Curvas de Murça". Entretanto, a adrenalina foi-se dissipando e a paciência foi-se esvaindo ao sabor do conforto. E nunca mais chegou o dia da despedida... Mas o conforto foi sendo tomado de assalto pelas insuficiências do IP4 e pelo desafio em que se transformou, numa negra e sangrenta pintura de "roleta russa". Até que um dia alguém teve vergonha na cara e decidiu avançar para a reposição de uma elementar justiça (mesmo que os transmontanos residentes sejam cada vez menos). A A4 vinha a caminho, rodeada de duas cerejas: o nascimento do IC5 e a transformação do IP2. Como parecia "fruta" a mais, o Tribunal de Contas decidiu recusar o visto prévio aos contratos das concessões rodoviárias. Legalidades... Ou uma ilegalidade mais cometida sobre "aqueles gajos de lá de cima que nos recebem com posta á mirandesa e bandas de música quando lá vamos em período eleitoral"... Manobras de diversão de legalidades à parte, não há nada que reponha uma vida. Recentemente tinha feito menção, em conversa familiar, às ausências de punição para os gangs que vão proliferando neste país que, dizem, conquistou a liberdade. A maior conquista foi, contudo, a da insegurança... Isto a propósito do João Melo. Já se esfumaram oito anos... E, finalmente, contrariando o meu pessimismo, houve condenação para quem perpretou um hediondo crime, alvejando um jovem que se limitava a cumprir o seu dever. 25 anos não é pena máxima, é pena mínima. Porque não vão ser 25 anos... E porque os anos que vão ser sê-lo-ão, também, à custa da família do João, a qual, com os seus impostos, contribuirá para sustentar quem lhes ceifou um filho. Infelizmente, nada há que o traga de volta. Contudo, discordo da completa privação de liberdade, assim como discordo, na grande maioria dos casos, da aplicação da pena de morte. Não seria muito mais profícuo para a sociedade impor a quem, sabe-se lá se por motivos genéticos, culturais, educacionais ou sociais, se colocou à margem, um regime de trabalho compulsivo, em jeito de compensação a essa mesma sociedade, através de um qualquer serviço comunitário? Não há matas para limpar? Não há estradas para asfaltar? Porque temos que pagar em triplicado?

sábado, 7 de novembro de 2009

2-hidroxi-1,2,3-propanotricarboxílico…

A pátria transmontana é notícia por liderar o ranking de apreensões de ficheiros musicais. Das três, duas… Ou finalmente adquiri a percepção da proveniência do meu gene melómano, ou a Inspecção-Geral das Actividades Culturais não possui delegações nos distritos do litoral, ou a dita IGAC tem que justificar de alguma forma a existência da Inspecção de Espectáculos e Direito de Autor nos distritos transmontanos… A melomania que atacava, de forma vil, as minhas parcas poupanças, constrangia-me a visitas periódicas às grandes superfícies musicais que têm nome de uma ex-marca de ar condicionado… Depois… Bem, depois descobri que a minha ingenuidade monetária poderia descer uns degraus com uma simples visita às feiras dominicais que proliferam neste distrito costeiro onde vim aterrar (que, pelos vistos, não tem IGAC-IEDA). “Atão, déze Cds pur déz’ouros, quando gaztaba mais q‘ua nota só num‘e? Boa jeira!“ E quando a busca se enquadra no elitismo musical, pela módica quantia de “muntos poucos ouros”, há uns sites originários do lado de lá daquele mítico muro que oferecem uma inaudita variedade… Arrisco-me a ser considerado um criminoso, só por se limitar a fugir do crime que sobre ele é cometido através dos exorbitantes preços de um mero CD (ou DVD, que “mai fai”), taxados com um imposto, também ele exorbitante. Dizem por aí que quem tem vícios, sustenta-os… Plenamente de acordo… Todavia, jamais o meu vício musical poderá suportar os vícios alheios. Por mencionar vícios, à minha memória assoma uma notícia mais com estreitas ligações à dita pátria transmontana. É a tal, notícia, porque existe um filho dessa esquecida pátria que, dizem às más línguas, tem uma face oculta. Ou, em última instância, é um dos aparelhos auditivos dessa “benta zcundida”. Até pode ser… Ou não… No país “nim” em que vivemos, seja ou não seja parte integrante do ocultismo, há-de ser apenas um exemplar transmontano a enquadrar-se num alargado grupo onde outros exemplares, dizem de novo as más línguas, “parece” que “comiam meninos ao pequeno-almoço” e a digestão apenas lhes custou a pena de se candidatarem à presidência de algumas autarquias... E como as más línguas se restringem à monotonia da faca e alguidar, não é que outros exemplares há que por lá se enquadram, isto a crer apenas nos testemunhos provindos de terras de Sua Majestade, um tal território sem credibilidade alguma, não só por ser a pátria dos hooligans como também a dos tablóides? Mas também porque chamam “port“ a um porto e porque, sabe-se lá porque carga de água, dizem que, após o 25 de Abril, o povo português ficou “free“ ao invés de se limitarem a livre… Dizem as boas línguas… Conveniências inconvenientes… É ainda a pátria transmontana notícia porque quando a esmola é grande, a pátria pobre deve desconfiar… Andava feliz e contente pelos avanços na A4, no IP2 e no IC5. Confesso que me apeteceu, variadas vezes, beliscar os excessos lipídicos para me conformar com a ideia da futura existência de vias de 120 km/h no único distrito onde, legalmente, não se pode ultrapassar a ultra-sónica barreira dos 90 km/h. Qual apóstolo incrédulo, não deixava, contudo, de me alegrar com a efusividade de um ex-ministro na inauguração da dinamitação do Marão. Até surgir outro ex-ministro com explicações sobre a recusa de visto às concessões rodoviárias que rasgariam o distrito esquecido e o aproximariam do mundo. Nada de que não suspeitasse já… Afinal, o período eleitoral já é passado… Mas diz o Sr. Presidente do Tribunal de Contas que as obras podem continuar. Até quando?… Legalidades à parte, e porque este fim-de-semana decorre um curso micológico, o DN traz a notícia da ameaça que paira sobre o negócio dos cogumelos florestais transmontanos, pela prolongada ausência de chuva. Pluviosidade que parece estar de regresso e a congestionar a segurança do troço da N102 entre o Pontão de Lamas e Macedo. Enquanto os bate-chapas vão arranjando trabalho extra, a Estradas de Portugal afirma que, obras neste acidentado troço, só no segundo trimestre de 2010. E depois ainda há a EDP a querer amansar os depauperados transmontanos com Energy Bus, projectos solidários feitos de migalhas e trocas de lâmpadas… Só não entendo a publicidade feita no site institucional da autarquia… Pode ser que Macedo ganhe alguma coisa com isso… Macedo que se insere na tal pátria transmontana… Dadas as circunstâncias, já não sei se, por ser um filho da pátria, não me sinto cada vez mais tratado como um filho da “pútria”… Ou é apenas o ácido cítrico que deu título a este post a exercer os seus efeitos…

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Água, Incongruências, Boicotes e… Maledicências

Há crimes que se baseiam no silêncio e em lutas intestinas que navegam por águas onde as populações não mergulham. Existem aldeias a noroeste do concelho com deficiências no abastecimento de água. Sem grandes rodeios, isto é um crime! Não tanto pela ausência do bem precioso em si, mas sim pelo que gera a insuficiência. Na minha frontal análise, seja dito. É por demais evidente o conflito existente entre a autarquia e os bombeiros voluntários. O mesmo já foi escalpelizado em diversos órgãos de comunicação social, a propósito da ausência de Macedo na criação das EIP (Equipas de Intervenção Permanente), bem como na pretensa inadequação do novo quartel às actuais realidades, ou ainda na acusação de promiscuidade em relação à eleição dos órgãos sociais da corporação. Não vou tomar o papel de juiz nem me vou imiscuir em assuntos que não me dizem respeito. Tomei como uma das minhas posturas de vida que existem três razões: a tua, a minha e a correcta… O que é relevante são as consequências deste braço-de-ferro em que as vítimas são as que nele não participam. Porque hão-de as populações estar privadas de um bem essencial ou, em última instância, a ser abastecidas de forma insuficiente porque, segundo a informação veiculada, os bombeiros macedenses não têm tido o autotanque disponível para proporcionar a satisfação de uma necessidade primária? Mas não está disponível porquê? Sofrerá da enfermidade de alguma avaria? Tem havido assim tantos incêndios? Se assim é, o vizinho concelho de Mirandela pode considerar-se bafejado pela sorte… Porque é através dos seus autotanques que não surge a contingência de um qualquer regresso ao passado… Ou a uma mudança continental… Ainda que estejamos afectados pela pobreza, persistimos colados ao continente europeu… Ou não?

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Cousas raras no éden

Há uns anos fui chamado à atenção por um amigo sociólogo para uma realidade que desconhecia. Havia uma freguesia do concelho de Macedo que, em termos percentuais, era a recordista de crimes violentos num país mais habituado a notícias sobre eventos criminosos nos grandes centros urbanos. Na altura, meio a sério, meio a brincar, argumentei que isso se devia ao sangue fervilhante transmontano, o qual, por meia dúzia de centímetros de afastamento de um marco ou por um breve desvio de águas de rega, poderia degenerar em paulitadas, sachadas ou vidas ceifadas. Ou honra lavada em sangue por outras questiúnculas… De qualquer forma, tratei de explicar, defendendo a minha dama, que a província transmontana, e o concelho de Macedo em particular, eram feitos de gente pacata, nalguns casos com um grande espírito comunitário e com um carácter hospitaleiro anormal. E que a análise numérica que me era apresentada era passível de várias leituras, tal como é comum em todas as análises numéricas. Extrapolar uma avaliação sociológica, efectuada em termos percentuais, para a realidade transmontana era um erro de palmatória. Particularmente porque é quase unânime que todo o interior é, por excelência, uma região mais segura que o litoral. Os últimos tempos têm, no entanto, revelado outros contornos. Talvez pelo fenómeno de desertificação e pela tendência de envelhecimento da população, a região ficou mais vulnerável. Será sempre discutível, mas a penetração na região de gentes de outras paragens poderá, de igual forma, ter dado luz ao incremento da insegurança. Daí ao aproveitamento de um cada vez maior isolamento, foi um pequeno passo. As burlas têm proliferado e os assaltos a residências tornaram-se mais vulgares. Todavia, mesmo sendo sintomático, trata-se de crimes menores, se comparados com a agressividade existente nos assaltos com que, quase diariamente, somos bombardeados nos noticiários. Até Segunda-feira… Causa-me alguma estupefacção a forma como decorreu o assalto nas imediações da aldeia de Peredo. Agredir, pelos vistos de forma violenta, a senhora que apenas pretendia vender os seus galináceos à beira da estrada causa preocupação. Não só pelas sequelas físicas (e psicológicas) com que há-de ficar a infortunada senhora mas também pelo rastilho que pode representar para o rebentamento de outras ocorrências. Será que 3 mil euros valem tanto? Para os dois indivíduos que perpetraram o assalto, devem ter valido… Virão os do costume afirmar que a culpa do assalto se deve atribuir às condições sociais? Está bem que já estamos habituados a ser assaltados, ainda que de forma indirecta, mas, até agora, ainda não levei nenhum arraial de porrada do fisco, nem das inspecções periódicas... E, já agora, o que acontecerá aos coitados dos assaltantes, vítimas das ditas condições sociais, caso sejam identificados e capturados? Deixem-me adivinhar: termo de identidade e residência?… Se lhes aplicassem a mesma pena com que brindaram uma senhora que, de forma honesta, cometia o “crime” de vender galinhas, é que era um bom correctivo. Mas, nesse caso, viriam logo as ONG a ocupar as aberturas dos telejornais com notícias de excesso de violência policial… É o país que merecemos… Um país onde é notícia o notável aumento de candidatas ao poder local no distrito de Bragança. Distrito cujo poder concelhio é dominado por presidentes do sexo masculino. Sou a favor de equidade e contra a descriminação. No entanto, caso fosse do sexo feminino, sentir-me-ia terrivelmente mal com notícias deste quilate. O que impede uma mulher, num país dito democrático, de se candidatar a presidente de câmara? Nada, para além, provavelmente, de questões hormonais e de sensibilidade (e isto é legitimamente discutível)… A sede de poder é, talvez infelizmente nalguns casos, mais vincada nos homens. Serão melhores ou piores a exercer o poder? Nem uma coisa, nem outra! Há excelentes líderes, quer de um lado, quer de outro. Votaria numa mulher? Obviamente que sim, caso lhe reconhecesse capacidades para nela depositar a confiança do meu voto. Votaria num homem? Obviamente que sim, pelos mesmos motivos. Mas jamais votaria num homem por ser homem ou numa mulher por ser mulher. Nunca vi o lado feminino como o “sexo fraco” mas, caso fosse mulher, seria, provavelmente, como me sentiria com notícias deste género… Imagine-se o impacto que teria uma qualquer notícia relativa a um qualquer concelho onde o poder autárquico seja exercido por uma “Sra. Presidente”, dizendo que havia candidatos do sexo masculino… E? Ainda bem… E do sexo feminino, também? De preferência, jeitosas e bem aparelhadas… (com esta, arrisco-me a ser acusado de machista)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

H1N1, AVC e outras siglas

Ocasionalmente, a ocupação do lugar de carro-vassoura não equivale a perda de benefícios. O distrito de Bragança está em último lugar em mais coisas do que as que seriam desejáveis. Todavia, só agora cá chegou o primeiro caso da célebre gripe suína (azar de um raio, tinha que ser num macedense!). Cheguei a acreditar que, tal a forma como repetidamente se esquecem de nós, o mesmo viesse a acontecer com a estirpe com variações na hemaglutinina e na neuraminidase (umas “cousas” raras que servem para a “classe iluminada” dizer que este Influenza tem um H e um N diferente da estirpe aviária…). “Cum catancho, atão bamus ter que dar cabo dos recos? Bem mou finto! Tamém se num matarum as bacas quando nus dixerum que ‘stabam loucas, nim se curtarum as goelas às pitas e ós parrecos pur causa du H cincu’e N um‘e”… Tal o alarmismo reinante, parece que estamos no início do século passado, quando levámos uma vassourada com a gripe pneumónica (aquela que provou que, por vezes, do lado de lá da fronteira, nem bom vento, nem bom casamento, já que também a baptizaram de gripe espanhola). Neste momento, mais conta, menos conta, há, em Portugal, cerca de 0,006% de pessoas infectadas com o dito H1N1. Mesmo que o resultado final possa, nalguns casos, ser mais trágico, o quadro sintomático é em tudo semelhante à banal gripe do conhecimento geral… Mas, dando razão à vetusta expressão de “velhos do Restelo”, estamos na presença de uma pandemia (há que dar escoamento aos stocks de antivirais…)! Prefiro ver as coisas sob outro prisma: há 99,994% de portugueses não infectados! Que a mesma percentagem se aplicasse a outros vectores da sociedade em que vivemos… Por exemplo, imagine-se a existência de 99,994% de portugueses não permeáveis à corrupção, ao tráfico de influências, ao “tachismo” e ao “amiguismo político”? Isto sim, seria uma pandemia (não adversa)! Utopicamente falando… Utopias à parte, vivamos de realidades. E de episódios que as confirmam… Há uns anos, fracturei um dos membros superiores. Nada de especial, só um fracturazinha exposta, acompanhada de umas dorzecas insuportáveis… No tempo em que um macedense não era encaminhado para o CHN-UHB , mas se ficava pela UHMC (que era HDMC), fui presenteado com a benesse de um “sô dotor” que me garantiu que me tinha saído a lotaria. Um analgésico local e uma ligadura resolveria o problema menor… A verdade é que não só ganhei a lotaria, como fui bafejado pela terminação: uma perna superior! No dia seguinte, era difícil distinguir o perímetro do meu braço do equivalente no membro inferior… Resolvida a questão por outras vias, alguém me perguntou, com bastante sarcasmo à mistura: «O que querias tu? Em Macedo cura-se uma gripe, e mal!»… Desconheço se o alguém tinha razão. Mas não deveria ter. Porque, nos dias que correm, o CHN até já é detentor de um plano de contingência para a dita gripe (mesmo que seja afirmado que não há internamentos para os “Influenzas“)… Mas a evolução não termina nos planos de contingência… O CHN-UHMC já está dotado de uma unidade de AVC. Com as respectivas recomendações para os familiares remeterem o doente com AVC para a UHMC nas três horas seguintes aos primeiros sintomas. Pergunto-me eu, na minha ingenuidade: quantos familiares sabem quais são os primeiros sintomas? E, já agora, porque a linguagem utilizada, abusivamente, em certos círculos restritos, é fantasmagoricamente fantasmagórica, como raio se faz trombólise na Argana, em Gralhós, em Vila Nova da Rainha ou em Soutelo Mourisco? Ainda se houvesse aquele veículo munido de hélices há muito prometido… Cá “pra” mim, ou se perderam as hélices, ou a vergonha, ou estamos com eleições à porta… E num amanhã muito breve não terei mais motivos para reclamar da inexistência do veículo voador do INEM… Até lá, este “cu do mundo” (na visão da classe política) ainda é “Um lugar para viver”. Pelo menos foi incluído como tal na nova série da RTP filmada na (moribunda?) Estalagem e no Azibo. Aquele sítio que o DN considerou “um pequeno paraíso escondido no Nordeste Transmontano”… Neste limbo em que nos é prometido o Céu enquanto se (sobre)vive no Inferno, é reconfortante ter o Azibo como um dos poucos paraísos que nos restam… O meu espírito maquiavélico diz-me que a nossa sorte é não lhe poderem fazer o mesmo que pretendem para outro dos paraísos restantes, a Linha do Tua… Ou será que, passe o pleonasmo, ainda arranjam maneira de submergir o Azibo? Sei lá, “cum catancho“!…

sábado, 25 de julho de 2009

Fontes, Túneis, Política e Camionagem

Na vida, como na política, as opções revelar-se-ão sempre como fazendo parte do universo do discutível. Agradar a gregos e a troianos entra na esfera da utopia. Como tal... Há uns largos anos, o fabuloso "Jardim" viu-se amputado da magnífica visão de que se usufruía para a também magnífica Serra de Bornes. A esta castração, devida à tirania do betão, seguiu-se uma outra, reveladora de um atentado à amplitude espacial que oferecia o "Jardim". Em resultado de um estilo arquitectónico de gosto duvidoso, atulhou-se o espaço com desníveis, escadarias, fontes, repuxos e uma pérgula cuja finalidade nunca foi bem percebida por ausência de plantas trepadeiras... O saloísmo, bem ao género de algumas importações «nouvelle vague», do tipo "quantos mais adereços colocar na minha «maison» mais bonita ela fica", assassinou a monumentalidade do "Jardim", colocando o mesmo num patamar de irreversibilidade. O "Jardim" jamais voltará a ostentar a grandeza que o notabilizava. Contudo, a eliminação dos factores que o descaracterizaram é, a meu ver, merecedora de um caloroso aplauso. Mesmo que a autarquia alegue o consumo excessivo de água e a oposição se escude por detrás da execução das obras com recurso a fundos comunitários. Ou ainda no facto de os actuais Presidente da Câmara e Vereador do Turismo, na altura na oposição, terem votado favoravelmente a metamorfose do "Jardim". Na vida, como na política, a mudança é sinónimo de inteligência. Utilizar o passado para justificar a manutenção de atentados paisagísticos e históricos é mais que incongruência humana. É irresponsabilidade política... Caso contrário, para quê a construção da A4? Permitia-se a poupança de uns milhões de euros e persistíamos na aventura da "roleta russa" que, cada vez mais, é imagem de marca do IP4. Ainda que com uns anos de atraso, venha de lá o túnel do Marão e a segurança que representará a entrada da auto-estrada no distrito esquecido. Seja isto analisado á luz do eleitoralismo, ou não. Como contribuinte, é-me indiferente quem me governa, sempre e quando o faça ao serviço dos interesses da população. Por mais afinidade que tenha com alguma ideologia política, não voto em partidos, mas sim em pessoas e em ideias. É por isso que voto num sentido na freguesia em que vivo e faço-o noutro no que ao concelho diz respeito. E não deixo de me divertir com a troca de acusações de eleitoralismo, dependendo do lado da barricada partidária em que se está. A adjudicação da A4 não é propaganda eleitoral a pouco tempo de eleições legislativas? A pompa da inauguração das obras do túnel do Marão, com a presença do Sr.Ministro que transformou o sul do país em "deserto", não terá fins eleitorais? Para a oposição da câmara macedense não será. Mas já o é a celebração do contrato-promessa de compra e venda do terreno para a futura central de camionagem! Não seria mais congruente deliciarmo-nos com os avanços tendentes a uma melhor qualidade de vida sem olhar à cor que os promove? Sem dúvida que seria. Mas seria a forma de cometer um homicídio sobre o "tachismo" reinante neste país, onde a recôndita e olvidada pátria transmontana continua a "botar ó mundo" gente mais virada para os interesses da cor do que para os "patrióticos". Deve ser a essa cambada que pertencem os energúmenos que se divertem, ao abrigo da noite, a apedrejar os autocarros que circulam no IP4. "Quem l'infiasse ua lapada no mêo das bentas!"

sábado, 18 de julho de 2009

Redes de Nova Geração


O Sr. Ministro das Obras Públicas e Telecomunicações deve andar equivocado. Seria de estranhar caso não andasse, porque isso parece ser extensível a toda a classe política dirigente deste país que já esteve à beira-mar plantado e que agora anda, qual jangada de pedra "saramaguiana", à deriva. Não me vou aqui deter sobre os "jamais", OTA's e TGV's. Nem sobre Linhas do Tua ou do Corgo. Desta vez, deu-me para a fibra óptica. Não contesto, de forma alguma, o investimento na banda larga. Contudo, não é um bem de primeira necessidade, também não é motivo das reclamações de anos dos transmontanos e, verdade seja dita, há coisas bem mais prementes. Mas o que me causou prurido foi a bombástica e politicamente correcta afirmação do Sr. Ministro, quando refere que não quer o país a duas velocidades. Esta comichão deriva da noção que eu possuo de que, só em Trás-os-Montes há, pelos menos, três velocidades: devagar, devagarinho e parado! A primeira delas é fruto do isolamento, a segunda, da indiferença, e a terceira do desprezo. As três, em conjunto, são fruto do esquecimento (pelo menos, durante o longo período intercalar entre actos eleitorais). Vivo no litoral, é certo. Mas escolhi uma zona parecida com o meu Trás-os-Montes. Não em características topográficas, mas no que respeita à velocidade. A diferença é que aqui só existem mesmo as duas a que o Sr. Ministro fez referência: a do "devagar" e a do "devagarinho". A do "parado" é colmatada pela presença dos turistas do "camping" que invadem o território na época estival. Bem... É verdade que já temos banda larga há "bué da tempo" e não estamos incluídos em nenhum distrito sem auto-estrada (deixa-me ver... A1...A29...A41...A42...A28...A11...A3...A4...A7). Mas não temos saneamento. Quer dizer, temos fossas e umas ligações ilícitas para os rios que a "malta escolar" anda depois a limpar, em programas de reabilitação de dunas... E pagamos uma taxa de saneamento... Deve ser para financiar as obras que estão a decorrer neste momento... Mas já temos as Redes de Nova Geração! O que não temos são agricultores a abandonar os campos, grávidas a terem que percorrer 200kms por falta de equipamentos adequados, vilas ou cidades esquecidas no "cu do mundo". Ah! E os ministros e secretários de estado vêm cá visitar-nos imensas vezes! E já temos Redes de Nova Geração!... (CHATO!!!)...

terça-feira, 31 de março de 2009

Politiquices e a praia de Adaúfe (?)

Que ligação poderá existir entre uma praia do rio Cávado, situada numa freguesia de Braga, e umas divagações acerca de Macedo de Cavaleiros? Em termos efectivos, pouca ou nenhuma... No entanto, ao efectuar a minha habitual leitura superficial à imprensa regional deparei-me, no Correio do Minho, com uma chamada que fez estremecer (ainda que ligeiramente) o meu orgulho no Azibo. «Adaúfe: praia fluvial entre as melhores na Zona Norte». "E então o 'meu' Azibo?" - questionei-me. Após ter abandonado a leitura na diagonal percebi que a "minha praia de estimação" era, afinal, a rainha das praias fluviais (título este que provém de um recente estudo da DECO). «Melhor do que Adaúfe, só mesmo a Albufeira do Rio Azibo, em Macedo de Cavaleiros — com ‘Muito Bom’ em todas as áreas apreciadas...» "Brinquemus ou quê? Q'isto num stá pra mangações!" Ou estará? Não possuo filiação política, apesar de estar convicto da ideologia com a qual me identifico. Como há muitos anos que ninguém (de forma efectiva) representa a dita em que acredito, estou capaz de, nas próximas eleições, votar no PSP - PARTIDO dos SEM PARTIDO (não confundir com a representante da segurança pública - oficialmente, pelo menos). Persisto na esperança de que algum iluminado (que não serei eu, certamente) tome a iniciativa da criação de semelhante força política. O meu mais profundo receio é que esse eventual líder adopte como lema do partido "Em Roma, sê Romano". Se assim for, não granjeará a minha simpatia, por ausência de originalidade. É que esse lema parece ser extensível aos actuais líderes partidários que fazem parte da mobília política deste país. Macedo de Cavaleiros teve honras de visita da líder (?) da Oposição. Para lá do mediatismo habitual e da curiosidade que me gerou o eventual reconhecimento de algumas caras familiares nas reportagens televisivas, não assisti a mais que um discurso político do "contra", na senda de semelhante feito muito mais à esquerda, e à manifestação diplomática do dito lema "Em Roma, sê Romano". Mas alguém esperaria que, em pleno coração do Nordeste Transmontano, surgisse um político a afirmar-se contra a auto-estrada transmontana? Talvez nas Berlengas isso fosse aceitável e merecedor de aplausos, mas em Trás-os-Montes correria risco semelhante ao da Ministra da Educação na recente visita que fez a Felgueiras... Porque isto de "politiquices" tem que se lhe diga... Não acreditam? Recentemente, num jantar social, um conhecido político da nossa praça, com o intuito de enaltecer as raízes dos presentes, cometeu a gaffe de "cascar" nos transmontanos, deixando entender que os ditos eram muito poucos para serem merecedores de algo que estava, nesse momento, a ser debatido. Como aqui o dito estava presente, sentiu as entranhas a fervilhar, pediu a palavra e retorquiu: "Excelentíssimo Senhor X, não lhe retiro a legitimidade de afirmar que os transmontanos são poucos. Não se esqueça, contudo, que mesmo em reduzido número, estão espalhados por todo o lado. E não se esqueça, também, de não repetir este discurso caso se desloque a essa terra de pouca gente, mas infinitamente boa." Tive direito a um pedido de desculpas e a sair do dito jantar com um sorriso de orgulho transmontano, "d'urêlh'á urêlha"!

domingo, 22 de março de 2009

A filha do Cabra



"O teatro é ... a mais alta tentativa de conseguir que cada um de nós se envolva na verdade que não existe" Eduardo Prado Coelho

Não é todos os dias que se tem o concelho de Macedo no "mapa" da revista Visão. Nesta rara ocasião, tiveram a visão de verificar que, no interior remoto e esquecido, também existe vida para além da solidão. Apetece-me ir de malas aviadas para Morais. Não o faria pela apetência ou incapacidade para o teatro. Fá-lo-ia, sem qualquer margem para dúvidas, pela capacidade que uma aldeia do meu concelho demonstrou ao criar condições para deixar de alimentar o monstro que nasce do isolamento. Dedicaram-se ao teatro? Poderiam ter-se dedicado a outra coisa qualquer? A dedicação foi à causa nobre de criar laços em substituição da sua ausência. Com o nascimento d'"A filha do Cabra" não veio ao mundo apenas uma peça de teatro. A acompanhá-la, veio a prova de que Morais não se limita a ter nas suas imediações o "umbigo do Mundo". Contrariando um pouco Prado Coelho, talvez seja o próprio umbigo da verdade que existe.

quinta-feira, 12 de março de 2009

... A4 - IP4 - N15

A verdade é que o IP4, por muitas críticas que se lhe apontem, passou a ostentar o título de via mais procurada para penetrar no Reino Maravilhoso. Teria sido desejável que se limitasse à unicidade da titulação... Todavia...
Ou...

Mas...

E...

...há coisas que valem a pena... Mesmo que seja "só" para poder apanhar um por-do-sol no Azibo. Percorrendo o IP4... Até 2011 com a A4?...

quarta-feira, 11 de março de 2009

N15 - IP4 - A4 - ...

Ainda que se assemelhe a um qualquer conjunto de caracteres ininteligíveis, a anormal sequência que encabeça esta crónica (presunçoso?!...) mais não é que a nomenclatura abreviada das vias que nos ligam ao mundo litoral (para oeste, bem entendido). E que bicho me terá mordido para "estupidificar" através de siglas rodoviárias? "BAMUS TER AUTOSTRADA!!!" "Cum catancho", eu sei que o progresso é necessário (neste caso, até se revela tardio), mas vou ser acossado, de novo, pela nostalgia. A experiência diz-me que, depois da resistência inicial, a pena fica mais leve. Já passei pelas mesmas agruras quando criaram o IP4 e deixei de circular pela bucólica N15. Que se dane!... A verdade é que a N15 ainda existe e nela só circulo nuns míseros quilómetros quando me apetece abastecer de água fresca do Marão. Contudo, como diz um qualquer poeta (que até posso ser eu - presunçoso, de novo...), o tempo passa e os momentos ficam. E são momentos da minha infância que marcam o compasso das minhas recordações da velhinha N15, sejam eles a bordo da (também) velhinha Peugeot ou das "Cabanelas" com bancos castanhos desconfortáveis, serpenteando Marão abaixo. Mais não seja, percebi o conceito de eternidade. Era esse o tempo que tardava o aparecimento do mar de Leça. Não sem, inúmeras vezes, sentir que as entranhas se vingavam, tentando fugir da curva e contracurva pelas goelas... Depois, apareceu o IP4...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Modas de escárnio e bem dizer...

Quando Macedo é notícia, o meu "arrepiómetro" acusa altos valores de corrente eléctrica. Quando as ditas até são favoráveis ao fervor macedense, surge aquele desfilar de sensações agradáveis que vão percorrendo o escalpe, prolongando-se ao longo da "espinha", algo semelhante a condutividade que faz eriçar até a mais insensível pelagem. Vem isto a propósito da atribuição de um subsídio de quase 3 milhões de euros, através do Programa Operacional Regional do Norte, com o objectivo de recuperação dos "centros históricos, frentes ribeirinhas e parques urbanos". Numa abordagem muito superficial, o meu parque, não o urbano, mas o neuronal, entra numa enorme ebulição provocada por interrogações de âmbito histórico-geográfico.
Mas Macedo tem centro histórico? Caso a resposta seja afirmativa, não sei que localização lhe atribuir. Será o Prado de Cavaleiros, com as suas construções em estilo "Fosforeira Portuguesa" alternando com outras de estilo "Banrezes"? Serão as artérias fronteiras à Igreja Matriz de S. Pedro, num estilo em tudo semelhante, com a agravante da proliferação de centros comerciais em estilo "bacoco"? Será o Jardim, que já foi de um ditador e passou a ser do trabalhador? Conclusão simplista: acho que não temos centro histórico...
E Macedo tem frente ribeirinha? Se a tem, a dita ficou desprovida de sentido há imensos anos, pelo construção do já referido jardim. Ou talvez ainda se considere como frente ribeirinha as traseiras da Santa Casa da Misericórdia e da Cortinha do Moinho... Ou, em última instância, sempre teremos a frente ribeirinha do Azibo... Re-conclusão simplista: acho que não temos frente ribeirinha...
Já no que respeita aos parques urbanos, outro galo canta. E daqueles para quem o nascer do sol se prolonga desde a meia-noite até ao propriamente dito... Reconheço que será mais um daqueles meus acessos de utopia crónica, mas o que o parque urbano macedense precisava era que os ditos 3 milhões de euros se transformassem numa "abéspera" ou num "alacraio" e "botassem" uma ferroada nos mastodontes "macro-fosforeira" que atulharam as vistas "ó" fundo do Jardim. E que, depois, em jeito de substituição ecológica, espetassem no "ground zero" uns "sardeiros" ou umas oliveiras. No tempo das cerejas ou da azeitona, sempre forneceriam umas "carabunhas" para arma de arremesso contra os que permitiram o crime que foi o nascimento dos ditos mastodontes. Mas isto são sonhos de um "birolho" que, de quando em vez, "le dá pra rinhir"... Porque sente saudades de estar sentado num banco do jardim com a serra de Bornes no horizonte...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Cousas macedenses

Não é difícil adivinhar o meu orgulho em ser macedense. Contudo, o dito (orgulho) sofre, amiúde, os seus reveses. Vem isto a propósito de uns gritos estridentes dos meus pirralhos alertando-me para o facto de uma notícia sobre Macedo num programa de final de tarde, o "Nós por cá". Suspeitando que pudesse não ser coisa boa, não resisti a abandonar a tarefa que, entretanto, tinha em mãos. Dirigi-me para o local onde estava a TV ligada, na expectativa de acender um sorriso por ver a minha terra noticiada. No meio da confusão de "Macedos" gerada por umas obras inacabadas, lá fiquei a perceber que ainda bem que sou do "de Cavaleiros" em vez de ser do "do Mato". Caso contrário, arriscava-me, atendendo à querela existente entre as Câmaras de Bragança e Macedo a propósito da repavimentação de um troço de estrada, a ter que recorrer a algum veículo semelhante ao da foto (curiosamente, com origem em Macedo do Mato).

Desentendimentos camarários à parte, parece que o crime chegou a Macedo para ficar. Se não são notícias acerca de assaltos a residências, são-no por assaltos noutros concelhos por gente "com origem no concelho de Macedo de Cavaleiros" sic. Ora isto dá que pensar... Se lhe juntarmos que o concelho também é notícia, juntamente com outros, pelas burlas a idosos e pelas tentativas "abrasileiradas" de passagem de notas falsas... Que ao crime não suceda o mesmo que ao Inverno, pois parece que o mesmo veio para ficar... Confusões à parte, parece que um dos interesses da edilidade se centra numa cada vez maior valorização da área envolvente do Azibo. Parece-me uma aposta de louvar, conquanto não lhe esteja destinado o abandono como, aliás, vai parecendo norma ritual em tudo o que represente a valorização (ou tentativas...) na região da albufeira. A criação de um Eco-Parque Biológico, com uma considerável área de 28 mil hectares será obra de monta. A associação de um campo de golfe (um daqueles projectos eternamente adiados) e a criação de novas áreas de lazer deveria ser um chamariz ao sector privado. Talvez falte a dinâmica que já atingiu a Feira da Caça, atentando nos 20.000 visitantes do último certame... Finalmente, parece que vem mesmo o helicóptero há muito prometido. A novidade é que, talvez para desviar atenções, a Sra. Ministra da Saúde aponta, agora, baterias para a "desorganização hospitalar por parte dos administradores". São desorganizados? Substitua-os... Não vá um dia destes algum deles substituir o desamparado tendeiro que, inavertidamente, furou uma conduta de gás de abastecimento à cidade... Distracções, todos têm... Desorganização é que não é recomendável naqueles que administram a saúde de todos nós...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Rabanadas, Filhós e Cousas


Quase já me tinha esquecido da minha existência... Hoje acordei de uma certa letargia que o mês de Novembro me oferece a cada ano que passa. Afinal, acabámos de entrar no verdadeiro mês em que parece que anda toda a gente feliz, cheia de dinheiro dos subsídios e em que já é aceitável assistir a toda a panóplia de enfeites televisivos associados à quadra natalícia. Posso parecer retrógrado, mas no tempo em que ainda não havia Pai Natal e era o Menino Jesus que nos deixava as prendas no sapatinho, as montras só apareciam decoradas uma semana antes do Natal. Agora, tenho que "gramar" com os "compre mais barato neste Natal" a partir de meados de Novembro! Não me espantará se, num futuro próximo, me entrar um "Oh, oh, oh" pela "barraca" de praia, em pleno mês de Julho ou Agosto... Irra!!!
O inverso vai acontecendo neste país: em vez de nos adiantarmos, regredimos. Ou são as hélices do helicóptero que enferrujam, adiando - ainda mais - promessas adiadas, ou é um campo de golfe que era para ser mas já não se sabe muito bem se algum dia será. Ou são os grandes que ficam cada vez maiores, deixando os pequenos cada vez mais à míngua. Basta olhar para o PIDDAC 2009. Ou os concelhos maiores - em riqueza - e, por tal, melhor apetrechados, são mais "guichos", ou somos uns "tadinhos" que não saímos da cepa torta. Macedo ficou fora do dito PIDDAC. Bragança e Mirandela não... Palavras para quê? O que é importante é sermos ecológicos e fazermos parte de uma tal de Ecocitras. Gostaria de ver os retornos desta rede de cidades ecológicas... Publicamente... Assim como quem não quer a coisa e assobia para o ar, será que os assaltos perpretados no decorrer da semana do caloiro assumirão assim tanta gravidade? O que são esse pequenos distúrbios de uma juventude irrequieta se comparados com os roubos devidamente (ou será que não?) fiscalizados pelo Banco de Portugal? Não acredito que vivo no país do BPN... Nem do BPP... Nem da Casa Pia... Ou do Apito Dourado... Ou sei lá mais de quê... O importante é que se condenou um jovem por fazer downloads ilegais da internet. Mas, afinal, o que é ilegal? Alguém me explica?

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Cousas do Carril Dourado

Caso existisse uma palavra que condensasse a ideia de "medo a Portugal", esse vocábulo passaria a fazer parte do meu dia-a-dia. Se quem tem medo de estar fechado, tem direito a sofrer de claustrofobia... Se quem receia aranhas, pode sofrer de aracnofobia... E assim por diante, porque não há-de existir um qualquer erudito a inventar uma qualquer "lusofobia" ou "calefobia", ou coisa parecida? Podia aproveitar-se um tal de acordo ortográfico, acrescido da anedota que representamos para os brasileiros e inundar o novo dicionário com neologismos designativos dos portugueses. No meu caso particular, bastar-me-ia a invenção vocabular de "tugafóbico". Podem os mais nacionalistas questionar-me, legitimamente, porque continuo por cá. Eu respondo: porque ainda não tive oportunidade para sair!!!
Vem tudo isto a propósito do "carril dourado". Ignorância minha, que só conhecia o congénere "apito". E ingenuidade, minha também, pensando que a chico-espertice tinha sido irradiada - na versão de alguns jornalistas que querem colocar os árbitros a "botar" luz - e erradicada, na minha humilde versão. Estava mesmo convencido, "combencidinho" - convenha-se - que as travessas e carris que faltavam nalguns troços da defunta linha do Tua, entre Mirandela e Bragança, teriam sido retirados pela REFER. Então não é que foi uma empresa de Ovar (de Ovar?) a cometer tal feito? Não compro mais pão-de-ló e amanteigados da dita terra! Ainda me sai a fava de alguma lasca de madeira ou de algum "cibo" enferrujado... Assim, como que passando por ignóbil, só "num me chaldra" a ´stória da dita REFER reclamar 480.000 Euros de prejuízo. Assim como que, mais "tusto menos tusto", "nubent'i seis mil contos"??? Então, se aquilo que roubaram valia tanto "pastel", porque não tomou a REFER a iniciativa de o retirar antecipadamente? Iam deixá-lo apodrecer até quando? Não é por nada, mas parece-me que começo a entender como os "chico-espertalhões" enriquecem à custa dos "chico-espertinhos"... Dá para perceber a minha "tugofobia"?

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Culturando...

Um pequeno regresso ao "umbigo do mundo"... O futuro Parque Geo-biológico de Morais vai ter um Centro de Informação. Se a criação do mesmo, ao abrigo da Rede Natura, já é de aplaudir, ainda mais o é a iniciativa do reaproveitamento de uma das antigas casas florestais para o efeito. Todavia, a predisposição da minha má-língua não me permite limitar-me a aquecer as mãos com uns aplausos (dos sinceros...). Há uns anos, com a devida pompa e circunstância, foi inaugurado o Centro de Interpretação de Santa Combinha, associado à Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo. Nos dias de hoje, ao que contam as congéneres más-línguas, o dito encontra-se apenas a emoldurar um magnífico (magnífico porque já por lá andei diversas vezes) miradouro e a abrir as suas portas quando o artesão, ao qual foi cedido o espaço, tem disponibilidade (ou disposição)para tal. Mas, como nem só de cousas más se vai fazendo a rotação do mundo, o mesmo destino não foi dado às infraestruturas que serviriam de Centro de Recuperação de Aves. Neste caso, transformou-se - e bem! - em "Centro de Recuperação" dos achados arqueológicos do concelho. A quem ainda não teve a oportunidade de visitar o Museu Arqueológico, deixo aqui o conselho para o fazer numa próxima oportunidade. Vale pelo passeio, pela simpatia de quem serve de guia e porque não toma muito tempo a volta ao dito museu. Como seria de esperar, o espólio é reduzido, mas está devidamente organizado e rotulado. Pulando, de novo, para Morais, certo, certo, é que a existir uma futura inauguração do Centro de Informação já não deverá ser feita pela mesma pessoa. Como algumas línguas afiadas disseram que deixou o país de tanga, passou a dedicar-se a causas mais humanitárias que aturar este país doente que até já a tanga perdeu...
Culturando noutro sentido... Outubro celebrou o Mês Internacional da Biblioteca Escolar. Ou ando desinformado ou, pertencendo a duas associações de pais, o mês passou-me ao lado... Ou, como ainda estamos no último dia do mês... Nunca se sabe... Perdoem-me os que assobiam para o ar de contentamento pelos retornos do investimento n'"A Outra", mas somos, cada vez mais, um país de letrados em novelas. Ainda que as mesmas representem autênticas obras-primas de carácter não-ficcional, ao género de "O Processo (não o de Kafka) Interminável da Casa Pia". A triste realidade é que, mesmo com "Novas Oportunidades", "Choques Tecnológicos" e "Magalhães" pelo meio, somos, cada vez mais um país de analfabetos. Porque, verdade, verdade, não é analfabeto que não sabe ler. É analfabeto todo aquele que sabendo, não o faz... E porque esta triste realidade se passa no país do Sócrates, lembrei-me de Platão: "o pouco que sei, devo-o à minha ignorância"...