
Há jantares especiais. Daquelas refeições temperadas com a simplicidade do ser, caras lavradas pela charrua do tempo, gente só e desamparada, gente que vive sem consciência ter que outra gente há que a sua existência desconhece. Talhas... Uma aldeia, das muitas aldeias que constam do rol cujas coordenadas geográficas, para os senhores que se pavoneiam pelos corredores de São Bento, se resumem a "cu do mundo"ºN-"cu do mundo"ºW... Uma aldeia cujo futuro se escreve a letras reumáticas. Uma aldeia, que poderia ser uma qualquer outra, que fez repousar, com as suas cores, com o seu sotaque, os talheres que ajudavam a saciar o estômago. Órgão que, repentinamente, entrou em animada convulsão, enquanto, mais acima, a emoção ia apertando o peito, e os sacos lacrimais se aprestavam para expelir uma tímida gota. Gente votada ao abandono, uma réstia de esperança na cavalgadura que ampare o desajeitado andar, azedos queixumes de quem vê o sombrio pairar do carrasco que o tempo é. E não há luz que ilumine a sombra...

Ou haverá? Neste caso, felizmente, há! Caso isolado, eu sei, mas exemplar, sei-o também. Aquilo a que tive o privilégio de assistir no programa "30 minutos", mais que um médico-autarca que presta um impagável serviço a uma comunidade, é a pureza das emoções de uma aldeia macedense. E, por inerência, caso meu, a raiva por que sinto consumir-me sempre que assisto ao desprezo a que o "meu" mar de pedras é votado. Neste caso, a raiva foi substituída pelo sorriso trazido por gente simples e genuína, do campo nascida, de direitos roubada. Gente que apenas quer alguém que lhe compreenda as dores... Especialmente as que brotam da alma. O Dr. Benjamim parece entender ambas. Sabe-se lá porquê, trouxe-me à memória o secundário personagem de Júlio Dinis... Obrigado...
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