
De repente, dei por mim a celebrar a Promessa. «Prometo, pela minha honra e com a graça de Deus, fazer todo o possível por: cumprir os meus deveres para com Deus, a Igreja e a Pátria; auxiliar os meus semelhantes em toda as circunstâncias; obedecer à Lei do Escuta»... As gavetas da memória abriram-se, sem aviso prévio, marcas da nostalgia, talvez. Alerta, sempre Alerta. Ou, Escuteiro por um dia, Escuteiro para toda a vida... Era hora de apadrinhar a promessa do futuro Explorador. Emocionei-me, a sério que me emocionei...
Ficava a voz embargada, quase castrando a repetição do que ao microfone ouvia. Talvez fosse o eterno espírito de Baden Powell a provocar o estremecimento. Ou o incontrolado desejo de revivescência... Senti um orgulho imenso no 602, semelhante àquele que sentia enquanto entoava a "Radiosa Floração" de tempos idos, no indómito grito de "Escuteiros leais, avante, avante!"... Os Chefes Rui, Fátima, Afonso, Manuel Joaquim... A minha Patrulha Lobo, ou a Veado de avanços outros, lá longe, já ao virar da Associação de Socorros Mútuos para o Bairro de São Francisco. De súbito, lembrei-me de umas fotos que vi, algures, pela rede social... Faces que, evoluções celulares, perderam naturalmente a graciosidade de epidermes esticadas pela juventude. Mantêm-se graciosas, de igual forma. Tal como graciosa ficou a minha vontade de regressar... De repetições também se desenha a vida... Escuteiro por um dia, Escuteiro para toda a vida. Não fiz a Promessa... Mas prometi a mim mesmo o regresso, enquanto assistia a um inenarrável e comovente esvoaçar de lenços ao vento...
(Fotos "surripiadas" da autoria de Alexandra Mascarenhas)