E porquê à baila trazer a morta e retorcida Santa Inquisição? Apenas porque, de tempos outros, 480 anos se cumprem sobre o seu primeiro auto-de-fé realizado em Portugal. Uma atrocidade que a Chancelaria da "Coltura" tenta agora reavivar. Nessa fogueira das vaidades, onde afincadamente procura queimar tudo o que se lhe oponha, aí incluídos os seus pares, os seus subordinados e tudo o que se mova contra a sua douta vontade, ignorantes há, nos quais orgulhosamente me incluo, que receio não têm do "strafogueiro" e das "gabelas de guiços". E, da ignorância o atroz conhecimento, desconheço a existência, de vigésimo primeiro o século, de Comissários ou Familiares do Santo Ofício, ainda que pretendentes pareça haver. Poderia até medo ter, de genéticos estudos, por aqui perdido anda um "dezcontchabado" gene judeu que poderia conduzir-me à purificação pelo fogo. E de entusiasmo de não licenciado em História, já ia "botar-me" a fazer uma pequena dissertação sobre haplogrupos, genótipos e fenótipos, e demais barbaridades, mas "albidei-me" que, assumidas posturas da Chanceler, só o poderei fazer perante licenciados na área das Ciências. Humildemente me penitencio pela ousadia...
As atrocidades da Chancelaria da "Coltura" sucedem-se... Mantendo reféns os seus parceiros, de proferidas ameaças de demissão seguindo o exemplo do mentor. E até o interior do aparelho anda em bolandas à custa disso... E tenho pena, porque há pessoas com um incomensurável valor que agrilhoadas permanecem...
Mas, expliquemo-nos, para os mais incautos leitores.
Tudo começa pelas intestinas guerras que fecham museus. Mas os museus, da esquerda o slogan, "são do povo"! E foram pagos pelo erário público, "dinheiro do povo". Não são pertença de uma qualquer elite escudada por detrás de castas, na imensa sabedoria que apenas é apanágio de uma limitada e ultrapassada "esquerdalha salazarista". Sei bem da azia provocada pela Associação Terras Quentes. Uma entidade constituída por nomes incontornáveis da Arqueologia, da História, da História de Arte e que, espantem-se os deuses, até tem ou teve veterinários, filósofos, antropólogos, gestores e bioquímicos na imensa lista de contribuidores para o desenterrar da incomparável História Macedense. Porém, a Chancelaria, ao abrigo de guerras estritamente pessoais, quer ocultar esse legado valioso, oferecendo de bandeja o resultado desse trabalho aos amigalhaços das castas. Por alguns é sabido que, pessoalmente, até teria legitimidade para "desancar" nalgumas posturas da ATQ, mas de parcialidades não vivo, e de reconhecer não deixo o magnífico trabalho que fizeram em prol da História do MEU concelho. Na imensidão do que este não licenciado em História sabe sobre o território, há uma dívida de gratidão enorme aos Carlos Mendes, aos Senna Martinez, às Elsa Luís, aos Hélder Ventura, aos Sanches Baena, aos Manuel Cardoso e a tantos outros que têm o seu nome gravado a letras de ouro nos anais da história macedense. Coisa a que o nome da Chanceler não ficará, certamente, associado...
Depois, vem o resultado da dita imensidão. Sei que o conhecimento provindo das "não castas" incomoda a Chancelaria. Desde o primeiro volume da colecção "Studia Masaedensis", relativo à freguesia de Lamas, que a Santa Inquisição da "Coltura" procurou bloquear o projecto. Uma pausa façamos para os desconhecedores da "cousa". Afinal, o que é a Studia Masaedensis?
Um dia, depois de mais uma palestra que incidiu sobre História Macedense, por parte deste não licenciado em História, a convite de uma "mera" Faculdade de Letras, um excelso Historiador que qualquer Comissão Científica invejaria, lançou o repto. «Caro Rui, não acha que é hora de presentear os seus conterrâneos com esse acumular de conhecimento?». Na humildade de um não licenciado em História, retorqui: «Talvez um dia, mas não posso esquecer-me dos pruridos que isso poderá gerar por não ser essa a minha área de formação». Na sua imensa sabedoria, insistiu: «Já dei muitas aulas, já proferi muitas palestras, e confesso-lhe que é raro ver alguém que tenha um conhecimento tão abrangente, tão sedimentado e tão seguro sobre a História Local. Não queira um dia levar esse conhecimento consigo. Será um desperdício e, até, uma falta de respeito pelos seus conterrâneos». Senti-me, obviamente, lisonjeado e... nasceu a Studia Masaedensis. Um filho nascido de 25 anos de uma paixão por uma terra e um concelho que, diziam, não tinha história. Contudo, ao longo desses 25 anos fui descobrindo que, não apenas tinha história, como a que continha nada ficaria a dever a um autêntico Manual de História de Portugal. E depois veio o primeiro desafio: escrever a História de Lamas. E porque não escrever a história das restantes freguesias?...
Mas, não há bela sem senão... Um projecto deste quilate não poderia ser levado a cabo sem o apoio institucional das Juntas de Freguesia e da Câmara Municipal. De amor incondicional pela sua terra, o senhor Presidente da Junta de Freguesia de Lamas informou que, de acordo com os seus pares, a Junta daria o apoio possível. E para colaterais efeitos políticos evitar, recurso fez à Câmara Municipal para apadrinhar a causa. Lembra-se, Senhora Chanceler? Recorda-se da forma como negou apoio à magnífica história de Lamas? Lembra-se da excelsa resposta negativa que foi dada ao seu Presidente de Junta? Lembra-se, Senhora Chanceler? Claramente, foi desde logo percebida a motivação por detrás da negação... Porém, como dos fracos não reza a história, e relembrando as sábias palavras de quem sabe de História como poucos, decidi prosseguir com a empreitada. E a Lamas, seguiram-se Lamalonga, Macedo, Sesulfe, Cortiços, Chacim, Peredo, Bornes e Burga, Grijó, Vale Benfeito, Podence e Santa Combinha, Vale da Porca (e Banreses), Castelãos e Vilar do Monte. Sempre sem o apoio da Câmara Municipal, facto que muito me entristece, por não ver o brasão do MEU município associado aos logotipos das Juntas de Freguesia e de todas as entidades que apoiam logisticamente a edição.
Da persistência a genética, e após algumas recomendações de dignos Macedenses, no início do ano foi contactado o Senhor Vereador, amigo de longa data, no sentido de perceber a sensibilidade da Câmara Municipal para acolher um tão arrojado projecto. Da forma mais louvável, transmitido foi o apoio pessoal ao projecto, tendo sido acrescentado, de forma politicamente responsável, que a decisão acerca de um eventual apoio teria de passar pela senhora Vereadora responsável pelo Pelouro da Cultura. E o contacto, da forma mais respeitosa possível, passou a ser com a pessoa indicada. No entanto...
Senhora Chanceler, lembra-se que, mesmo com a intervenção meritória do seu parceiro de Executivo, o qual dignamente percebeu a importância de um projecto deste calibre, esteve mais de um mês sem responder ao e-mail que lhe enviei? Lembra-se de se ter desculpado através da demissão do anterior Vice-Presidente, culpando-o por lhe ter deixado imenso trabalho em mãos? Lembra-se de não me ter devolvido uma chamada, que prometeu, apresentando a mais esfarrapada de todas as desculpas com que já fui presenteado por um autarca, escrevendo que tinha perdido o meu contacto? Sabe quantas pessoas o têm em Macedo? Caso não se lembre, partilho, textualmente, o e-mail que me enviou:
"Antes de mais, reitero o meu pedido de desculpas pela demora da resposta e aproveito o ensejo para me desculpar, também, pelo facto de lhe responder por esta via, ao contrário do combinado, mas não gravei o seu número e, por isso, não lhe posso telefonar.
No que tange à sua solicitação, lamento informar que, por questões de orçamento, não nos podemos comprometer com um apoio pecuniário à edição da obra."
E por aqui ficou a tentativa de obter algum apoio do MEU município, salientando que nunca mencionei apoios pecuniários, mas sim aquilo que é feito pelas Juntas de Freguesia, as quais adquirem um número acordado de livros a um valor meramente simbólico para os orçamentos públicos. Todavia, como o povo inteligente é, começou o interrogatório acerca da omissão do brasão do município nas contracapas dos livros editados. E, ousadia das mentes, acusado fui de, maquinalmente, estar a bloquear a instituição por motivações politicas. Ora essa! Reitero que o maior prazer que poderia ter era ver o MEU município como uma das entidades constantes nos apoios institucionais! Reiterando, em simultâneo, a gratidão que sinto perante as entidades que, de forma inabalável, têm apoiado as edições, e não negando que o MEU município, não obstante ser convidado para todas as apresentações, se tem recusado a conceder qualquer apoio para as ditas.
Gratidão que é extensível ao Senhor Presidente da Câmara Municipal, o qual, tendo percebido a importância do projecto, ja marcou presença em três das apresentações públicas, tendo, após uma delas, amavelmente solicitado uma reunião para debater um eventual apoio. Reunião essa à qual, responsavelmente, acedi em marcar presença. No entanto, por outros compromissos, informado fui que a mesma decorreria sem a sua presença, tendo sido delegada a condução da dita reunião na Senhora Vice-Presidente e no Senhor Vereador. Novamente acedi, acrescentando que esperaria que os mesmos estivessem devidamente mandatdos para tal.
No entanto... Lembra-se de me dizer, nessa mesma reunião que, amavelmente o repito, o Senhor Presidente solicitou, que o mesmo apenas a tinha avisado no próprio dia para a dita reunião, colocando com isso em causa o próprio líder da Autarquia? Lembra-se de me dizer que seria capaz de ponderar um apoio à edição acerca da História das nossas, que não suas, freguesias, apenas e só se a mesma fosse submetida a uma Comissão Científica? Constituída por quem? Pelos que escrevem o Boletim Municipal, onde a História e o Património surgem permanentemente adulterados? Pelos que aprovaram a aquisição, para a Biblioteca Municipal, de 4 meros exemplares de duas das freguesias já editadas? Tem a certeza de que não os quer retirar do catálogo? Não vão os mesmos conspurcar com desconhecimento as mentes dos utilizadores que corram o risco de ler as barbaridades por lá escritas... Já agora, porque não submete à sua douta Comissão Científica os 13 volumes já editados? Instância última, não voltarão a cometer as atrocidades que vêm escritas no Boletim Municipal ou noutras publicações. Provavelmente, não voltarão a adulterar a História da Real Fábrica de Sedas, não insistirão em colocar a Necrópole do Sobreirinho em Edroso, não recorrerão mais à Wikipédia para uns "copy-paste" sobre Bornes, numa quase interminável lista que contraria o respeito pelos habitantes e descendentes do concelho.
Chamemos os bois pelos nomes... O apoio só não existe porque o autor não faz parte do círculo "esquerdalho-salazarista" que a suporta. Aquele mesmo que afirmou que "para aquele gajo, nem um euro da Câmara". Mas não se preocupe. Daqui por uns anos ninguém se lembrará de si, nem dos mentores da Chancelaria. De mim também não, com toda a probabilidade. Mas as centenas de livros que já foram colocados em circulação permanecerão, e toda a gente, tal como agora, se questionará porque não surge por lá, por culpa de um narcísico paradoxo, o brasão do Município... E por lá subsistirão os nomes das Juntas de Freguesia e outras entidades que não acolitaram a tacanhez...
Por mencionar outras entidades... Uma das que apoiou a edição do livro sobre a freguesia de Lamalonga, diz-me o mindinho dedo, recebeu "ordem de expulsão" das suas instalações? Eu sei que o Rio Tejo por lá não corre, passa-lhe ao lado o magnífico Tuela. Não bastava já à Chancelaria ter assassinado um dos eventos de referência no Noroeste concelhio, a Feira Romana? Agora a APOLA, Associação por Lamalonga, também entrou nos cadernos de perseguidos pela Santa Inquisição?... Perante isto, os meus mais recônditos fantasmas do medo inquisitorial fazem-me temer pela segurança das Juntas de Freguesia e das restantes entidades que apoio deram aos restantes volumes. Haverá mais algum decreto de expulsão?... Ou resumir-se-á a habitual prática do ostracismo?...
Ah! E existencial dúvida... Para lá da "Coltura", também a Educação faz parte da Chancelaria, certo? Em relação à qual me disse, em plena reunião onde tentou humilhar-me, que era a sua prioridade. Mas então, atentando na última reunião pública de Câmara, foi de férias quando começou o novo ano lectivo?... Se trata assim as prioridades, entendo porque é a Cultura assim tratada...
E, de instituídos medos, vão os conterrâneos apelando à intrepidez, mesmo que, confessor não sendo, confidenciados são os receios das represálias, «só não ponho um "Gosto" porque ainda sofro as consequências, sabes como é». Mas "atão", regressámos ao Reino do Medo? Oh Torga, ressuscita lá o Reino Maravilhoso! E, deferências tantas, explica lá, "se faxabor", o conceito a uns iluminados de moçárabe influência que tanto o deturpam.