segunda-feira, 7 de maio de 2012
Este tempo que consome...
Irremediavelmente, os ponteiros são os carrascos dos dias. Assistimos à inapelável passagem, corrupios dos dias, incremento têm os espécimes brancos que adornam o escalpe, vai diminuindo a apreciável distância que um dia nos fazia olhar a descendência como se estivéssemos estacionados no décimo andar, já estão eles a morderem-nos o queixo e apercebemo-nos que os nossos fémures já não crescem mais. O tempo de os presentear com uma viagem às "carritchas" já lá vai, transfigura-se o passado em longínquas memórias presenciais. Sem qualquer desconjuntado desprimor para a descendência de carne e osso, valha-lhes o lugar mais alto do pódio na bomba da circulação - mais o agradável e sublime desgaste em neuronal sistema, naturalidade das coisas, o diria - também há filhos da virtualidade. As "Cousas" vulgarizaram-se como tal... Um dia, peripécias do tempo, ocupações outras, energias voltadas para afazeres que intensificam o prazer que a vida nos dá, encerramos a virtual prole numa gaveta situada num compartimento que deixamos de visitar assiduamente. Os ponteiros vão efectuando a sua circum-navegação diária, prioridades outras, austeridade dos dias, a inexorável passagem, atenções focadas no essencial, perde-se à meada o fio, remete-se uma das "meninas dos olhos" ao calabouço, olvidada fica ao sabor do acumular de poeiras. Um dia, num outro futuro dia, sente-se o atroz fulminar da saudade. Das "Cousas" simples... E, num assomo de sabe-se lá bem o quê, resgatam-se. E ilumina-se, subitamente, o que as pálpebras protegem...
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