quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Partidas do tempo
"Ele há cousas lubadas da breca"! Então não é que ia, todo satisfeito, de malas aviadas para Macedo e a meteorologia resolveu pregar-me a partida? Cousa rara, nevou a pouco mais de 40 km da terra adoptiva! E as informações que me chegavam do Alvão não eram nada animadoras... Lá terei que me aguentar com as trovoadas, chuvadas e demais adas que por aqui vão abundando, tendo que prescindir dos mimos que a progenitora já tinha à espera... Amanhã há mais... Neve? UM ÓPTIMO 2010 PARA TODOS OS QUE POR AQUI VÃO COUSANDO UNS DEVANEIOS!
Auto da Arca do Inverno, por Vil Dizente
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Quando a genética é substituída pelo coração
Hoje não é, propriamente, um dia de gratas recordações. O tempo é carrasco que rapidamente transforma o ontem num passado longínquo. Há aniversários que deixam um sabor agridoce. Já não choro a perda porque prefiro encher o baú de memórias com imagens de estéreis discussões políticas, sociais, religiosas. É mais salutar sentir o calor da voz, naquele expectável telefonema sempre que o nosso clube ganhava. E ouvir a forma carinhosa como os genros-filhos eram tratados: “Ó Mingas, bebe lá mais um copetcho! Ó Dumas, então vai mais uma pinga?”… Ou a mais carinhosa ainda como os netos, em fins-de-semana ou breves férias, eram a “Pirzeta”, a “Pirulita” e o “Saquenito”. Havia sempre aquele inconfundível brilhozinho no olhar a cada recepção, mesmo que as emoções ficassem escondidas por detrás das agruras da vida. Uma incursão à horta era sempre motivo para um orgulhoso sorriso pela qualidade da terra, pelos produtos únicos que dela brotavam. Sentia-se uma melódica sequência de palavras naquele pedaço de terreno ancestral, legado de gerações, veículo para um renascimento quando a reforma chegou. E havia a pesca, aquela actividade que nunca me cativou, mas na qual participei, mais não fosse para partilhar a merenda devorada debaixo de uma qualquer ponte à beira do Tuela ou do Sabor. E para gerar aquele pinguinho de orgulho ao trio de mosqueteiros que levavam o “puto” atrás. O “puto” não tinha jeito para a pescaria, estava mais virado para sentir a regeneração que se antevia a cada sorriso daqueles três inseparáveis amigos por terem um “jovem” com paciência para ouvir as suas lições sobre canas e minhocas. Sorver um pouco de vinho através de um cantil que o mantinha fresco é memorável. Enquanto se deglutia um naco de pão trigo, acompanhado a um qualquer petisco, olhando o infinito e absorvendo o som da corrente que, mesmo ao lado, mostrava a beleza única de rios selvagens. Hoje sorrio através das memórias… Mas doeu, como nenhuma outra perda tinha feito doer.
Trovas de um ano que finda - Vias de comunicação II
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Trovas de um ano que finda - Vias de comunicação
Há estradas assim, que nos conduzem por serras mágicas até locais de encanto. Outras há, percorridas na loucura própria da juventude, pó levantado pela bicicleta, perdidas entre montes e vales, que, de locais de encanto, nos levam a aldeias quase esquecidas, vestígios de histórias de outros tempos, em que os besteiros eram a elite de arcaicos exércitos. A estrada entre Balsemão e Paradinha já não é a mesma de outros tempos, mas o asfalto é mais confortável. E persiste em obsequiar-nos com imagens desaparecidas dos mapas.
Algo semelhante acontece na descida para a perdida aldeia num vale encaixado da serra de Bornes, resquício provável da passagem das hordas germânicas por estas terras, depois de por cá terem andado as Legiões. Em tempos, a inclinação fazia recear uma qualquer súbita anomalia nos travões e uma mais rápida chegada à Burga. Os receios terão diminuído com as mais que justas protecções laterais. Mais não seja, amparam uma qualquer distracção... Mas nem tudo são rosas... Os espinhos virão... Começando pela agrura da melhor(?) via de acesso ao distrito...domingo, 27 de dezembro de 2009
Imperfeições
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Banalidades natalícias
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
A efemeridade das cousas e a manutenção doutras
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Esperas brancas
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Cousas transmontanamente sentidas
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Supremas ansiedades
Já não irei via Linha do Tua... Também já não me remeterei às agruras da subida do Marão via IP4... Mas já estou a entrar em contagem decrescente para a tão aguardada incursão natalícia a terras macedenses. Começo a entrar numa espécie de transe, sentindo a pelagem a eriçar-se, numa sequência de arrepios hilariantes, transformadores da minha disposição, como se tivesse ingerido alguma espécie de alucinógeno. Sinto uma metamorfose a tomar conta de mim, como se regredisse ao tempo em que me deliciava a devorar as imagens das montras macedenses, enquanto decidia qual a suprema prenda que preencheria a minha ansiedade natalícia. Os tempos mudaram e a ansiedade só começará a desvanecer-se quando vislumbrar os contornos de Bornes. E diluir-se-á no abraço familiar, na recuperação das imagens de tantos anos, no calor da lareira inconfundível, na aspiração do penetrante ar gélido, na reformulação do vestuário. Será insanidade precoce? Estou com saudades do meu gorro... Isto lá é coisa para se ter saudades! Provavelmente, será da ausência por um quase par de meses... Um período tão longo deve afectar-me a clarividência. Por outro lado, deixa-me nesta juvenil euforia extasiante. É ver-me a pular pela casa fora, como se tivessse perdido definitivamente o juízo e a postura. Os "putos" adoram esta faceta, sabe-se lá porquê... E tudo por um regresso a Macedo... PARA UMAS FÉRIAS NATALÍCIAS DE UMA SEMANA!!!!