quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Legislativas 2009 - Curiosidades macedenses - Freguesias Centro-Leste

A travessia do mapa eleitoral concelhio prossegue com uma incursão a Nascente, região onde pontuam os dois rios com alguma expressão na parca rede hidrográfica macedense: o Azibo e o Sabor. Um território marcado pela existência de freguesias com uma dimensão territorial que se afasta da média do restante concelho. E marcado ainda pela interioridade e pelos efeitos trazidos pela influência do vale do Sabor, com um clima tendencialmente mais quente e mais seco. Vale da Porca, Olmos, Chacim, Salselas, Vinhas, Morais, Lombo, Peredo, Bagueixe, Talhinhas, Talhas, Lagoa… O já mencionado fenómeno de “esquerdização” à medida que, no concelho, se caminha de norte para sul, acentua-se quando se procede a um desvio em direcção a Castela. Todavia, o mapa partidário por freguesias mantém a tónica “laranja”, contrastado apenas, e de forma tangencial, pelas vitórias “rosadas” em Chacim e Peredo. Se retomarmos os valores atribuíveis à “direita” e à “esquerda” apresentados anteriormente, a primeira passa de 63,18% a norte, a 56,63% no centro-sul para, no centro-leste, se “quedar” pelos 53,95%. Já a segunda segue percurso inverso, com 31,93% a norte, 38,44% no centro-sul e 39,5% no centro-leste. Ilações semelhantes à anterior observação se podem retirar desta evolução em “L”: á medida que se caminha para sul e para leste tendem a atenuar-se as eventuais marcas ideológicas que conduzem aos valores de carácter conservador. Efeito da “interioridade”? Talvez… Especialmente por, das 3 “micro-regiões” analisadas, esta última ser a que apresenta a maior percentagem de contribuição para o total de eleitores inscritos no concelho: 27,12%. É, também, a que mais participa para o total de votos: 24,5%. Porém, é aqui que se verifica a maior contribuição para a abstenção concelhia: 54,56%. Para este número muito contribui a recordista da abstenção, Morais, com 68,89%! Não se pense que terminam por aqui os dados salientes. É desta área leste do concelho que provém a maior fatia percentual de votos em branco, com uma participação de 28,68% para o total concelhio, bem como a que diz respeito aos votos nulos, com 32,43% dos votos “anormais” registados no concelho. Se à elevada taxa de abstenção, acrescermos os votos em branco e nulos, é lícito associar-se esta postura democrática como um alheamento em relação ao quadro político tradicional. Indução que poderá ser comprovada por outros dados interessantes. É desta região que provêm as mais altas taxas de votos no grupo dos chamados partidos pequenos. Quase metade do total de votos concelhios no PPM e no PNR saem do conjunto destas 12 freguesias. Daqui são originários, de igual forma, 1/3 do total de votos no PND, no MPT e no MMS. Da associação destes dados, pode inferir-se uma menor identificação com a classe política dirigente do país que se apresentou a votos, com o consequente protesto em forma de abstenção, votos em branco e nulos e o desvio de votos para os partidos sem assento parlamentar. Dissecando a “coisa”… Há “proletários trabalhadores portugueses” em 7 freguesias, sendo as recordistas, Olmos e Vinhas, com um trio cada. Já o PND só não consegue votos em Vale da Porca e Talhinhas. Se Morais é a recordista das abstenções, é também onde a “monarquia” está mais implantada, pois daí provém ¼ dos votantes concelhios no PPM. Causa que também tem defensores em Salselas, Vinhas, Lombo e Bagueixe. Outras causas, mais extremistas, obtêm adeptos em cerca de 60% das freguesias analisadas, onde o PNR alcança a mais elevada votação concelhia. Há um “ecologista” em cada uma das seguintes freguesias: Chacim, Salselas, Morais, Lombo, Peredo e Talhinhas. O “movimento da esperança” convence eleitores em 5 freguesias, salientando-se a do Lombo, onde 4 votantes depositaram a sua confiança (ou o seu protesto) no MEP. Por seu lado, o MMS chegou a Chacim, Salselas, Morais, Lombo e Peredo. Por último, há um eleitor “pró-vida” em Chacim e 2 em Lagoa. É nesta última freguesia que o PSD alcança o seu score mais significativo, com 48,64% dos votos expressos. No lado oposto encontra-se o Lombo onde, mesmo tendo vencido as eleições, obtém o seu registo mais baixo: 33,64%. Quanto aos socialistas, conseguem obter o seu resultado mais significativo, em termos percentuais, numa freguesia onde não foram os mais votados: Talhinhas, com 42,75%. Em sentido contrário surge Lagoa, que apenas dá 21,36% ao PS. O CDS detém em Morais a sua mais expressiva votação, com 22,18%, surgindo os Olmos como a “ovelha negra” dos centristas, com um irrisório registo de 3,23%. Como já era expectável, os “homens de Louçã” possuem maior notoriedade em Salselas, aproximando-se dos 10%, sendo Chacim a freguesia onde existem menos apoiantes do BE, com 2,53%. Finalmente, a CDU, que não consegue convencer nenhum eleitor de Talhinhas e mantém em Bagueixe, à semelhança de anteriores eleições, o seu bastião no leste concelhio, com 8,06% dos votos. Em jeito de conclusão, esta parte do território macedense apresenta como carácter distintivo, o atenuar das diferenças entre a “direita” e a “esquerda”, não tanto por uma acentuada redução no diferencial de votos entre os partidos maioritários, mas pela dispersão de votos, num aparente protesto, em forças políticas com menor expressão a nível nacional. Fica a faltar a análise à freguesia onde se encontra a sede concelhia… Vem a seguir…

2 comentários:

  1. Bom..... então, e CORUJAS? O meu caro amigo está a desprezar esta encantadora aldeia que vota tão encantadoramente?????

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  2. E lá poderia esquecer uma terra na qual possuo parte da minha ancestralidade? Sobre "encantamentos", não concordando, mas também não discordando, aceito que vote mais encantadoramente que outras. Ou não...

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