domingo, 27 de setembro de 2009

O primeiro dia do resto das nossas vidas

Há 52 anos não havia eleições. Mas existia algo a abalar o território nacional. A irupção dos Capelinhos não deixava margem para se pensar que, meio século após, seríamos detentores do vulcânico poder de decidir sobre a "morfologia territorial" que advirá destas Legislativas. Escrevo isto porque, a poucos momentos de me dirigir à Junta de Freguesia, ainda não descortinei a posição do PI (Partido dos Indecisos) no boletim de voto. Se há meio século havia fenómenos da tectónica, há 41 anos tinha renascido um pouco da chama da esperança, a partir do momento em que Marcelo Caetano tomou as rédeas do monolitismo que caracterizava a cena política portuguesa. Soou, segundo as crónicas, a ventos de mudança... A verdade é que (e peço desculpa pelo abuso linguístico), revelou-se um "não é merda, mas cagou-a o gato"... Essa é a sensação com a qual parto para a missão de colocar um cruz num papel. E não é por medo de ser atingido pelo H1N1 depositado em qualquer caneta pública... O estado a que vi chegar este país faz-me suspeitar que, com ou sem mudanças, haverá mais do mesmo. Particularmente no que à minha região diz respeito. Trás-os-Montes não sofrerá nenhuma metamorfose... Será, talvez, mais abandonado... Ou mais esquecido... Haja, ou não, A4, IP2 e IC5... Apanágio dos tempos e da história... Deve ser por isso que me sinto estranhamente deprimido. Porque, mais logo, seja qual for o resultado, não terei razões para festejar. Como dizem na minha terra adoptiva, um diz "mata!", outro "esfola!" e vem um terceiro a dizer "atirem-no ao mar!". Quanto a Trás-os-Montes, não se pode matar o que morto está... Mas pode ressuscitar-se! Assim queiram as gentes...

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