sexta-feira, 10 de julho de 2009

Cousas nostálgicas


Para lá das polémicas entre a ala "laranja" e a homóloga "rosada" acerca da ausência de representantes da ala "filosófica", dita "socrática", na inauguração da Feira de S. Pedro, o dito certame despertou-me para uma dura realidade... Ao vaguear pelos corredores exteriores, observando atentamente os expositores de alguns dos resistentes dos puros valores transmontanos, deparei-me com imagens que me fizeram retroceder aos longínquos tempos da infância e da adolescência... E dei por mim confrontado com a realidade da evolução dos tempos, ainda que a mesma possa, discutivelmente, representar um retrocesso em certos valores... Hoje há chats, messengers, mails, sms, mms, jogos online... E há "putos" a crescer no isolamento de disputas contra um écran ou em conversas com seres virtuais (ou com a virtualidade do ser). Não há muitos anos (que só agora estou prestes a integrar o pelotão dos "entas"), as disputas eram feitas com seres reais, fosse através de umas "lapadas" que poderiam "abrir a cabeça ò berde" ou de um "bamos jugar ós cobóis?" que terminava, quase invariavelmente, ao estalo porque "ou matei-te primeroe!"... E as conversas eram tidas em tempo real, cara a cara, "fuça na fuça". Ou, quando tal não era possível, recorria-se aos CTT, adquirindo um selo e ficando com a língua com um sabor arrepiante a cola. E não se passavam horas colado a um teclado e a um écran, transformando os nossos ideais em Lara Crofts ou Harry Potters. Sem nos apercebermos disso, existia o culto do "bou lá pra fora"... "Pra donde?"... "Pró pé dos outros!"... Os "outros" eram os seres reais que, qual código secreto pré-combinado, sabiam que, ainda que se vissem isolados no meio da rua, seriam o primeiro de muitos. Os muitos que haveriam de "jogar à bola". Ou "ó pião", "ó prego", "ó rou-rou", "à macaca", "ó arranca cebada", "à estátua silenciosa", "às corridas de caricas"... Ou a fazer "pintcha-carneiras" na relva... Quais heróis no papel de Heidis, Marcos, Vikies, Maias, Panteras, Cocas ou Miss Piggies. E Tarzans, Pequenos Vagabundos, Flechas Negras, Bonanzas, Sandokans... Hoje temos "mons", sejam eles na versão "Poke" ou "Dorae". E também temos "mens", sejam eles na versão de ministros "neo-cobóis" que fazem sinaléticas de gado aos "neo-apaches", ou "neo-índios" que reclamam a presença de um representante dos "neo-Buffalo Bills" numa festa em que os "peles-laranja" não querem um "corta-fitas" com papel secundário no elenco "filosófico"... "Bem feita, caté me dá a risa!"...

Sem comentários:

Enviar um comentário