segunda-feira, 13 de abril de 2009
Resquícios Pascais mais Pascais
Mesmo que a descaracterização de Macedo me influencie negativamente, não resisto a aventurar-me pelo IP4, especialmente em datas marcantes. Afinal, as origens são sempre as origens e é nelas que me revejo sempre que sinto necessidade de repor energias. Não só as que facultam um aliviar das vicissitudes da vida no litoral, mas também as que confortam o estômago com os mimos que só em Trás-os-Montes é possível obter (está bem, isto é um transmontano a "botar faladura")... A começar pela ceia de Quinta-feira, confortavelmente instalado à lareira,
na companhia de um folar quentinho como aperitivo, seguido de um saboroso cabrito grelhado, devidamente regado com uma pomada aconchegante. Por respeito pelas tradições, a Sexta-feira Santa foi dia sem "tchitcha". Ainda assim, o bacalhauzinho assado na brasa pela avó e o arrozinho de marisco fantasticamente elaborado pela cunhada constituiram uma ementa que fez esquecer a "penitência". Para melhor digerir os abusos, nada como rejuvenescer com uma incursão à Serra de Bornes, mesmo que no seu dorso já tenha uma nova plantação de "mega-vegetação branca dotada de apenas três ramos". Quem deve ficar possesso com a proliferação de "ventoinhas gigantes" são os incendiários. Caso a saga continue, pegam fogo a quê?...
Pode quebrar-se um pouco a estética mas o resultado final até não destoa em demasia do ambiente único da serra. Ficaram a ganhar as acessibilidades, pelo melhoramento que tornou o estradão numa pista onde não se sente muito o desconforto de uma via em terra batida. O único óbice foi a repentina queda de neve acompanhada por um vento feroz. Não fosse o diabo tecê-las, o mais prudente foi efectuar uma inversão de marcha e regressar ao local de partida, onde ainda era possível vislumbrar algum sol. Sábado foi dia de reunião familiar e de alterações profundas na rotina de silêncio. Para fugir ao tradicional em época pascal, o jantar teve a surpresa de umas "casulas secas" com butelo, trazidos da raia pelo mais velho do clã. Com os gritos dos mais novos a entrecortar as conversas dos "tios", renovaram-se votos de continuidade da coesão familiar e formularam-se desejos de sucesso e todas aquelas coisas bonitas que trazem as reuniões familiares. Devidamente acompanhados pela novidade da prova de um vinho elaborado no país latino mais a leste. A noite prolongou-se, entre conversas e "mais um copo" até à hora em que os pássaros iniciam o seu concerto matinal. Obviamente, o Domingo de Páscoa teve direito a almoço tardio e a alguma indisposição (coisas da idade e dos fantásticos - enquanto duram - abusos nocturnos). Nada que obstasse a uns reconfortantes nacos de posta na brasa...
Ou a uma posterior merenda em casa do compadre, marcada por umas costelas e um lombo de "adôbo". Recomposta a ressaca, foi hora de repor os níveis de descanso para a viagem de regresso. Descanso esse que se prolongou de tal forma que, este ano, a única recordação da Visita Pascal se resume à audição do sino que anuncia a chegada dos visitantes que vêm recolher o envelope...
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