sábado, 24 de janeiro de 2009

Outra vez as cousas da Linha do Tua






A nostalgia ataca de novo... Recebi, recentemente, um mail a propósito da "malfadada" Linha do Tua e, particularmente, relativo às potenciais causas do último acidente nela ocorrido no Verão passado. Segundo o relatório dele constante, existe, na realidade, incúria e desleixo. Para os interessados, podem consultar o dito relatório e as fotografias que induzem na existência das graves anomalias que deram a sua contribuição para a ocorrência dos mediáticos acidentes em:

http://static.publico.clix.pt/docs/local/tuareportagem.pdf

Para lá desta triste realidade, jamais esquecerei os tempos que me provocaram tamanha paixão pelo Tua. Apesar de irrepetíveis, a minha memória guarda carinhosamente todos os momentos e sensações que a subida até Macedo proporcionava. De forma muito particular (e curiosamente) a meia-hora, ou talvez mais, que durava a viagem entre Mirandela e Macedo. É verdade que era nesse percurso abandonada a montanha-russa do sinuoso percurso com o rio por companhia. Mas é verdade, também, que esse troço representava o aproximar da "terrinha". Atravessar a cidade de Mirandela, passando por S. Sebastião e Carvalhais, assemelhava-se ao transpor da última fronteira, após uma viagem que já durava há mais de 12 horas (!). Entrava-se, de seguida, numa quase terra de ninguém, passando por Vilar de Ledra e Avantos, atravessando uma paisagem que, apesar de povoada por sobreiros, sempre me fez, estranhamente, lembrar uma cerrada floresta tropical. A adrenalina subia um pouco com a entrada na ponte do Romeu. A uma velocidade ainda mais reduzida que a reduzida velocidade a que já circulávamos, o atravessar da ponte metálica estava sempre associado ao ritual de abrir uma porta e, enquanto se nutriam os alvéolos pulmonares com mais umas baforadas de nicotina, olhava-se para o vazio de alguns metros de altura, acompanhados pelo ranger da dita ponte. Passada a estação do Romeu, o pensamento era assaltado pela ideia fixa do "já falta pouco". Em breves instantes, estar-se-ia no concelho de Macedo, com as boas-vindas a serem dadas pelos Cortiços. Grijó vinha logo de seguida e, com esta derradeira paragem, ultimavam-se os pormenores gerados pela ânsia de chegar.
Retirava-se a mochila do local onde repousava de uma viagem extenuante e fazia-se uma nova incursão à porta, local de onde melhor se podia apreciar o aparecimento das primeiras casas macedenses. Estes breves minutos até à estação de Macedo pareciam nunca mais ter fim. Era uma eternidade até à entrada na recta que lhe dava acesso. Mas, como repetidas vezes acontecia, o momento de saltar da carruagem para receber o abraço do "ourinho sobre azul" chegava, invariavelmente. Sabia bem o percurso a pé até chegar a casa, onde eram repostas as conversas e renovadas as declarações de saudades. Depois... Depois, o fim-de-semana passava de tal forma rápido que já estava a fazer o percurso inverso e a detectar sensações opostas, à medida que ia passando por Grijó, Cortiços, Romeu... E já nem saltava do banco quando o comboio atravessava a ponte...

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