domingo, 18 de maio de 2008
Cousas da Serra de Bornes
Observar ao longe o gigante adormecido e não refrear a vontade indómita de lhe penetrar nas entranhas... Não resistir ao apelo do verde que o cobre e de me embrenhar pelos caminhos florestais que lhe rasgam o dorso...
Acompanho o desenho do IP2 sentindo ao mesmo tempo que o gigante cresce no horizonte. Faço o desvio para a estrada que leva a Alfândega e subo, serpenteando por entre veredas e montes, olhando, atrevidamente, para os precipícios que se abrem do lado direito. Estaciono e vagueio ao sabor do anormal vento fresco de Maio, redescobrindo uma paisagem que me é familiar desde criança. Continuo a subida, detendo-me, aqui a ali, sempre que um quadro diferente se pinta aos meus olhos. Decido invadir o estradão de terra que conduz às "antenas". A cada metro da íngreme subida, vencida de forma lenta, que a viatura não é para estas andanças, há pormenores distintos que obrigam a mais um "disparo" da câmara. Desde o local onde se encontram as antenas da RTP, observo um mundo onde não consigo descortinar se lhe assiste um fim, tal a abrangência do horizonte. Acendo um cigarro, mas logo desisto quando me surpreendo com a pureza do ar que posso respirar sem monóxido de carbono. Circulo, vagarosamente, por entre as torres que destoam no ambiente, parecendo que cheguei a um qualquer mundo alienígena. Sou despertado do meu torpor pela interrupção que provoquei num qualquer ritual entre um par de perdizes. Com o vento anormalmente cortante a pentear desmesuradamente a vegetação (e o meu desprotegido par de orelhas), decidi regressar ao conforto do bafo quente de uma lareira que, a esta altura, já deveria estar a aguardar pelos primeiros dias frescos de Outono para o concerto único que gera o crepitar da lenha que lhe dá vida. Ouvi de novo o concerto em época que deveria ser quase estival, olhando ao longe, o gigante protector que espero voltar a visitar proximamente... Até lá...
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